Saiba quem é Daniel Kahneman o israelense ganhador do Prêmio Nobel de economia

Daniel Kahneman: quem foi, trajetória e nobel de economia

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Publicado em 15/08/2024 às 17:10h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 15/08/2024 às 17:10h Atualizado 1 mês atrás por Carlos Filadelpho

Quem foi Daniel Kahneman?

Daniel Kahneman foi um renomado psicólogo e economista israelense-americano, conhecido por suas pesquisas pioneiras sobre a psicologia do julgamento e da tomada de decisões, bem como por seus estudos sobre a economia comportamental.

Nascido em 1934, em Tel Aviv, Kahneman recebeu o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 2002, em conjunto com Vernon L. Smith, por sua contribuição para a integração da psicologia à economia, especialmente em relação à análise da tomada de decisões em condições de incerteza.

Kahneman obteve seu diploma de bacharel em psicologia pela Universidade Hebraica de Jerusalémem 1954 e, posteriormente, um Ph.D. em psicologia pela Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1961. Ao longo de sua carreira, Kahneman lecionou em várias universidades de prestígio, incluindo Princeton e Harvard.

Principais contribuições:

Teoria da Perspectiva (Prospect Theory): Em colaboração com Amos Tversky, Kahneman desenvolveu a Teoria da Perspectiva, publicada em 1979.

Esta teoria descreve como as pessoas realmente tomam decisões em situações de risco e incerteza, desafiando o modelo tradicional da teoria da utilidade esperada.

Eles descobriram que as pessoas tendem a ser avessas ao risco quando se trata de ganhos, mas buscam riscos quando enfrentam perdas.

A Teoria da Perspectiva mostrou que as decisões não são sempre racionais, como proposto pela economia clássica, mas são frequentemente influenciadas por vieses cognitivos e emoções.

Vieses cognitivos: Kahneman e Tversky identificaram uma série de vieses cognitivos que afetam a tomada de decisões, como o "viés de confirmação" (a tendência de procurar informações que confirmem crenças preexistentes) e o "viés de ancoragem" (a influência de uma referência inicial em julgamentos subsequentes).

Na prática, esses vieses conseguem demonstrar como os julgamentos humanos podem ser sistematicamente desviados da racionalidade.

Economia Comportamental: Kahneman é amplamente reconhecido como um dos fundadores da economia comportamental, que explora como os fatores psicológicos afetam as decisões econômicas.

Seu trabalho revelou que as pessoas muitas vezes agem de maneiras que contrariam as expectativas racionais da teoria econômica tradicional, como exagerar a importância de eventos recentes ou raros.

Suas ideias sobre como as pessoas tomam decisões têm sido aplicadas em campos tão diversos quanto marketing, finanças e formulação de políticas governamentais.

Trajetória e biografia de Daniel Kahneman

Daniel Kahneman nasceu em 1934 em Tel Aviv, no então Mandato Britânico da Palestina (atual Israel). No entanto, ele passou parte de sua infância na França, onde sua família vivia quando a Segunda Guerra Mundial começou.

Infância na guerra

Durante a ocupação nazista, a família de Kahneman, de origem judaica, enfrentou graves perseguições, e seu pai chegou a ser preso pelos alemães.

Kahneman descreveu essa época como uma experiência profundamente formativa, que influenciou sua visão de mundo e seu interesse pelo comportamento humano sob condições de estresse e incerteza.

Juventude em Israel

Após a guerra, em 1948, Daniel Kahneman e sua família emigraram para Israel, onde ele completou seus estudos secundários. Ele se interessou por psicologia e obteve seu bacharelado em psicologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém em 1954.

Durante seu serviço militar obrigatório nas Forças de Defesa de Israel, Kahneman trabalhou na unidade de psicologia, onde conduziu pesquisas sobre entrevistas e avaliações psicológicas.

Essa experiência no exército reforçou seu interesse por como as pessoas tomam decisões, especialmente em situações de pressão.

Parceria com Amos Tversky

Nos anos 1970, Kahneman formou uma parceria colaborativa com Amos Tversky, um psicólogo israelense igualmente brilhante. Juntos, eles realizaram uma série de estudos que mudaram radicalmente a compreensão da tomada de decisões e do raciocínio humano.

A colaboração de Kahneman e Tversky levou à criação da Teoria da Perspectiva (Prospect Theory) em 1979, que explicava como as pessoas avaliam perdas e ganhos sob condições de incerteza.

Eles identificaram vieses cognitivos que influenciam o julgamento humano, desafiando a noção de que os seres humanos são sempre racionais nas suas escolhas.

A parceria de Kahneman e Tversky é considerada uma das mais importantes na história da psicologia e economia.

Economia comportamental

A pesquisa de Kahneman e Tversky deu origem a um novo campo de estudo chamado economia comportamental. Este campo explora as influências psicológicas e emocionais nas decisões econômicas e se afasta do modelo tradicional de "homo economicus", que assume que as pessoas são perfeitamente racionais e sempre agem em seu próprio interesse econômico.

Kahneman e Tversky mostraram que, na realidade, os seres humanos muitas vezes tomam decisões irracionais devido a vieses cognitivos, heurísticas e outras influências psicológicas.

Seu trabalho teve um impacto profundo em como os economistas e formuladores de políticas públicas pensam sobre decisões financeiras, previdência, consumo e investimento.

Prêmio Nobel de Economia

Em 2002, Daniel Kahneman foi agraciado com o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas, compartilhado com Vernon L. Smith, em reconhecimento por sua contribuição à economia comportamental.

O comitê do Nobel destacou a Teoria da Perspectiva como uma das realizações mais notáveis de Kahneman, elogiando a forma como ele integrou insights da psicologia à análise econômica.

Amos Tversky, que havia falecido em 1996, não foi premiado, uma vez que o Prêmio Nobel não é concedido postumamente. Kahneman dedicou grande parte de seu discurso de aceitação à memória de Tversky, reconhecendo a colaboração indispensável entre eles.

O Nobel solidificou o legado de Kahneman como um dos pensadores mais influentes do século XX, cujas ideias continuam a moldar o estudo do comportamento humano em várias disciplinas.

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Polêmicas envolvendo Daniel Kahneman

Daniel Kahneman, apesar de ser amplamente respeitado por suas contribuições à psicologia e economia comportamental, também teve seu nome associado a algumas polêmicas.

Na prática, isso aconteceu principalmente devido à natureza disruptiva de suas ideias, que desafiam conceitos profundamente enraizados na teoria econômica tradicional.

Uma das principais polêmicas envolve a rejeição do modelo tradicional de racionalidade econômica, que supõe que os seres humanos são agentes racionais que sempre tomam decisões otimizadas para maximizar seu benefício.

Kahneman, por meio de seus estudos, argumentou que as decisões humanas são frequentemente influenciadas por vieses cognitivos e emoções, o que vai contra a ideia de que as decisões econômicas são puramente racionais e calculadas.

Essa posição gerou resistência, especialmente entre economistas tradicionais, que baseiam suas teorias em modelos matemáticos de comportamento racional.

A controvérsia reside no fato de que, ao desafiar essas suposições, Kahneman questiona a validade de muitos modelos econômicos utilizados para entender e prever o comportamento dos mercados.

Outra polêmica diz respeito às implicações de suas teorias para o mercado financeiro. Kahneman destacou que os investidores têm uma aversão à perda muito maior do que o prazer de ganhar, o que pode levar a decisões subótimas, como a manutenção de investimentos ruins por medo de realizar uma perda.

Na prática, essa ideia contrária à visão otimista de que os mercados são eficientes e que os investidores agem de maneira totalmente racional.

Essa crítica à racionalidade dos mercados e a introdução de fatores psicológicos na análise financeira geraram debates acalorados, especialmente entre os defensores do mercado eficiente.

Alguns críticos argumentam que a introdução de fatores psicológicos torna a economia menos previsível e mais difícil de modelar.

Livros de Daniel Kahneman

Daniel Kahneman é um renomado psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, conhecido por suas contribuições ao entendimento da psicologia do julgamento e da tomada de decisões.

Sendo assim, seus livros oferecem insights profundos sobre como pensamos e tomamos decisões, muitas vezes desafiando suposições tradicionais sobre a racionalidade humana.

Rápido e devagar: duas formas de pensar

Capa do livro Rápido e devagar: duas formas de pensar - Foto: Reprodução.

Este livro é uma obra-prima que explora as duas formas de pensar que orientam nossas decisões: o Sistema 1, que é rápido, intuitivo e emocional; e o Sistema 2, que é mais lento, deliberativo e lógico.

Kahneman explica que o Sistema 1é responsável por grande parte de nossos julgamentos automáticos e ações cotidianas, enquanto o Sistema 2 é acionado quando nos deparamos com tarefas mais complexas que exigem análise e reflexão.

No entanto, Daniel revela que, embora o Sistema 1 seja eficiente, ele também é suscetível a vieses e erros sistemáticos, que podem nos levar a tomar decisões falhas.

Por outro lado, o Sistema 2, embora mais preciso, pode ser preguiçoso e não ser ativado em situações onde seria necessário.

O livro nos leva a questionar nossas próprias suposições e a perceber as limitações inerentes à nossa cognição.

Ruído: uma falha no julgamento humano

Capa do livro Ruído: uma falha no julgamento humano - Foto: Reprodução.

Co-escrito por Kahneman com Olivier Sibony e Cass R. Sunstein, "Ruído: uma falha no julgamento humano" aborda um problema menos conhecido, mas igualmente impactante na tomada de decisões: o ruído.

Diferente dos vieses, que são erros sistemáticos que afetam nossos julgamentos de forma consistente, o ruído refere-se à variabilidade indesejada e aleatória nas decisões.

O livro examina como essa variabilidade pode ocorrer em diversos contextos, desde decisões judiciais até avaliações médicas e contratações empresariais.

Kahneman e seus co-autores discutem as consequências do ruído, que pode levar a grandes disparidades em decisões que deveriam ser consistentes.

Além disso, eles oferecem estratégias para reduzir o ruído, promovendo maior precisão e justiça nos julgamentos humanos.

6 lições de Daniel Kahneman para investir melhor

Com base em uma vida de estudos sobre o comportamento humano com relação ao uso do dinheiro e a realização de investimentos, Daniel Kahneman nos deixou algumas lições para investir melhor.

1.Reconheça e controle seus vieses cognitivos

Kahneman destaca que todos nós somos influenciados por vieses cognitivos, padrões sistemáticos de pensamento que podem distorcer nosso julgamento.

No contexto de investimentos, isso pode levar a decisões irracionais, como seguir a manada ou reagir impulsivamente a oscilações de mercado. Reconhecer esses vieses é o primeiro passo para mitigá-los e tomar decisões mais equilibradas.

2.Não confie demais em sua intuição

Embora a intuição seja valiosa em algumas situações, Kahneman alerta para os perigos de confiar excessivamente nela, especialmente em contextos complexos como o mercado financeiro.

Investimentos bem-sucedidos geralmente requerem análise e raciocínio cuidadosos, em vez de decisões baseadas apenas em "sentimentos". Investidores devem balancear a intuição com uma análise mais racional e deliberada.

3.Evite a ilusão de controle

Muitos investidores acreditam que podem prever ou controlar os resultados do mercado através de suas ações, uma crença que Kahneman descreve como a ilusão de controle.

No entanto, os mercados são altamente imprevisíveis e influenciados por uma miríade de fatores fora do controle de qualquer indivíduo. Reconhecer essa limitação pode ajudar a evitar comportamentos arriscados e excessivamente confiantes.

4.Entenda o impacto do excesso de confiança

O excesso de confiança é um dos vieses mais comuns e prejudiciais para os investidores. Kahneman aponta que a autoconfiança excessiva pode levar à subestimação dos riscos e à superestimação das habilidades pessoais.

Na prática, isso pode resultar em decisões de investimento precipitadas e perdas significativas. Um enfoque mais modesto e cauteloso pode promover decisões de investimento mais sólidas.

5.Considere as perdas de forma racional

Kahneman é conhecido por sua teoria da perspectiva, que explica como as pessoas percebem ganhos e perdas de maneira assimétrica.

Para muitos, as perdas têm um impacto emocional muito maior do que os ganhos equivalentes, levando a comportamentos avessos ao risco. Investidores devem aprender a avaliar as perdas de maneira mais objetiva, evitando reações emocionais que possam prejudicar o desempenho a longo prazo.

6.Adote uma abordagem sistemática e deliberada

Por fim, Kahneman sugere que, em vez de confiar em julgamentos rápidos ou reativos, os investidores devem adotar uma abordagem sistemática e deliberada.

Na prática, isso significa seguir estratégias bem definidas, baseadas em dados e análises rigorosas, e resistir à tentação de tomar decisões impulsivas. Esse método pode ajudar a minimizar erros e melhorar o desempenho de investimentos a longo prazo.

Essas lições de Kahneman podem servir como guias valiosos para qualquer investidor que deseja tomar decisões mais racionais e fundamentadas, evitando armadilhas cognitivas que podem comprometer o sucesso financeiro.

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