Alta da Selic 2021: Você sabe o significado da alta da Selic para o mundo dos investimentos?

Se você assiste jornais ou gosta de se informar sobre finanças e investimentos, provavelmente já ouviu acerca da taxa Selic.

Em 2020, a taxa Selic atingiu sua baixa histórica em 2020 – 2% ao ano. Aliás, as quedas da Selic começaram a ser intensificadas a partir de maio de 2019, quando, até então, a taxa era de 6,5% a.a.

Como muitos investimentos são afetados diretamente pela taxa de juros do país, muito se pergunta sobre o que acontecerá com esse aumento repentino.

Pensando nisso, elaboramos esse artigo de modo a analisarmos a alta da Selic e conferirmos a condição dos investimentos com essa alta. Confira a seguir!

Qual a definição da Selic?

Em resumo, a Selic é comumente denominada de taxa básica de juros.

Mas, o que isso significa?

Selic é a sigla para “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”. Esse termo foi apresentado pela primeira vez em 1999 pelo Banco Central do Brasil na Circular n° 2 900. 

Um dos objetivos principais da criação da Selic era aumentar a transparência e a segurança de negociações dos títulos públicos. Nesse sentido, a Selic constitui um sistema eletrônico em que, diariamente, dados sobre as instituições financeiras são divulgados. 

Porém, não seria exagero dizer que esse objetivo da Selic acabou sendo deixado em segundo plano.

Hoje, a taxa Selic é muito mais conhecida como a principal ferramenta de identificação dos juros.

Exatamente por isso ela é chamada de “taxa básica”, pois, o valor correspondente a taxa Selic interfere diretamente em toda a economia do país.

A Selic é uma forma que o Banco Central possui para direcionar a economia brasileira.
A Selic é uma forma que o Banco Central possui para direcionar a economia brasileira. Foto por Freepik.

 

Banco Central – quais os objetivos com a alta ou baixa da Selic?

Como podemos perceber, a taxa Selic é um regulador da nossa economia. 

Nessa perspectiva, há uma relação direta entre a Selic e a inflação. Assim, podemos definir dois cenários desejados pelo Banco Central:

Alta da Selic

Com o aumento da taxa, os valores dos juros cobrados em empréstimos e financiamentos, por exemplo, ficam mais elevados. Como resultado, isso acaba reduzindo o acesso da população ao dinheiro, restringindo que o consumidor faça grandes gastos.

Essa estratégia é muito usada para controlar a inflação, diminuindo a demanda dos consumidores e, na contramão, deixando a oferta de produtos mais barata.

Resumindo: a longo prazo, a alta da Selic promove a queda nos preços dos produtos. 

Baixa da Selic

Aqui, ocorre o oposto, já que a diminuição da taxa promove a redução nos valores dos juros cobrados em empréstimos e financiamentos.

Com os juros menores, o acesso da população ao dinheiro é elevado, aumentando a inflação.  

Resumindo: a longo prazo, a baixa da Selic promove o aumento nos preços dos produtos.

Como é controlada e como a Selic interfere nos investimentos?

O valor referente a taxa Selic é definido pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). 

Esse Comitê se reúne a cada 45 dias e, nessa reunião, fazem uma avaliação da economia brasileira. Por consequência, definem a taxa caso queiram controlar ou subir a inflação.

Através da taxa Selic, as instituições financeiras definem os juros que serão cobrados pelos empréstimos.

Na mesma linha de raciocínio, é fundamental salientar que a taxa Selic também é determinante para os investimentos. Ações, fundos imobiliários, fundos de investimentos são todos influenciados por ela. 

A depender do valor em que se encontra a taxa, isso traz consequências diretas sobre esses ativos. 

Em momentos de alta da Selic (exatamente o cenário que vivenciamos agora), é fundamental ficar atento aos chamados investimentos pós-fixados.

Já em períodos de baixa da taxa, vale se atentar para investimentos cujas parcelas sejam pré-fixadas.

E claro, não poderíamos nos esquecer do Tesouro Selic. Nele, o indivíduo emprestará dinheiro ao governo e, posteriormente, irá recebê-lo de volta acrescido de juros.

Em suma, o Tesouro Selic é bastante indicado para investidores iniciantes que buscam uma alternativa simples, prática e segura.

Muitos dos investimentos possuem forte influência da Taxa Selic em seus rendimentos.
Muitos dos investimentos possuem forte influência da Taxa Selic em seus rendimentos. Foto por Freepik.

Confira as principais notícias sobre as altas da Selic 

Em meio a pandemia, uma das principais preocupações é saber se a Selic alta é bom para os consumidores. Afinal, como a Selic interfere diretamente em toda economia, isso inclui o poder de compra da população.

O BC busca maneiras de controlar a inflação, diminuindo os preços. A princípio, o Banco Central busca desesperadamente alternativas para reduzir o preço dos alimentos.

Desde 2015 o Copom não elevava a taxa Selic. Mas, diante o atual cenário, não haveria outra saída.

Ademais, tem sido muito discutido os impactos da Selic sobre as contas públicas.

Existem dados sugerindo que, a cada 0,75% de elevação da taxa, implica em 25 bilhões de reais a mais na dívida pública.

Certamente, esse dado é especulativo. Porém, o que se pode afirmar é que a alta da Selic irá impactar diversos segmetnos, com maior ou menor intensidade dependendo da sua necessidade de captação de recursos.

Quais as expectativas para o futuro? 

Além de saber se a Selic alta é bom para os nossos bolsos, precisamos pensar nos efeitos dessa alta a longo prazo. Uma das maiores expectativas é que o BC continue aumentando a taxa.

Como dito anteriormente, a alta da Selic poderá trazer impactos muito graves para a dívida pública. 

Embora essa burocracia governamental pareça não ter relação conosco, a realidade é bem diferente. 

Ecônomos apontam que, continuando nesse ritmo, é esperado que ao longo de 2022 a taxa ultrapasse os 6% novamente.

Alguns ecônomos destacam ainda o papel futuro da Selic para a política.

É o que diz Alexandre Espirito Santo, ecônomo-chefe da Órama Investimentos: “… essa decisão, ao nosso ver, pode, eventualmente, ajudar a amornar a elevada temperatura política…”

Além disso, o Banco Central espera poder controlar a inflação, alcançando os 3,5% em 2022. Os últimos dados divulgados sobre a inflação apontaram que a onda inflacionária está em 6,76%.

Ainda, há expectativa de alta no valor do dólar para o ano de 2022.

Com relação ao PIB (Produto Interno Bruto) encontramos alguns dados interessantes.

O relatório de Mercado – Focus (divulgado pelo Banco Central do Brasil) do dia 14 de maio aponta para uma taxa de crescimento 3,45% do PIB. Para 2022, a taxa é de 2,38%, enquanto para os anos de 2023 e 2024, a expectativa é de 2,5%.

Como a alta da Selic em 2021 afeta seus investimentos

Veja como a alta da Selic vai impactar seus investimentos em 2021.
Veja como a alta da Selic vai impactar seus investimentos em 2021. Foto por Freepik.

Reserva de emergência

A poupança, usada como reserva de emergência por milhões de brasileiros, apresenta uma distinção importante. O valor da poupança está definido por lei. 

Assim: 

  • Se a Selic está acima de 8,5% ao ano: é pago a TR (taxa referencial) + 0,5% ao mês;
  • Se a Selic for igual ou inferior a 8,5% ao ano: é pago a TR (taxa referencial) + 70% da Selic.

Dessa forma, a poupança continua como péssimo investimento. Porém, com essa alta da Selic 2021, Tesouro Selic e outros ativos atrelados à Selic (como o CDBs e rendimento de contas de pagamento) ficam mais atrativos.

Renda fixa

Diferente da variável, a renda fixa é influenciada diretamente pela taxa Selic. Assim, os investimentos atrelados à Selic calculam a remuneração e os dividendos tendo como base essa taxa.

Logo, é válido dizer que, quanto maior for a alta da Selic, maiores serão os juros repassados aos investidores. 

Em poucas palavras, a alta da Selic é ótima para investidores de renda fixa.

Renda variável

Aqui, a relação não ocorre de maneira direta.

Quando a Selic está em baixa, o objetivo do Banco Central é movimentar a economia, elevando os preços e a inflação. Para empresas, pode significar a valorização nos valores de seus papéis.

Já a alta da Selic, com a intenção de moderar a inflação, pode levar à desvalorização de ações.

Então, quais ações que se beneficiam com a alta de juros?

Podemos destacar as ações de bancos e as seguradoras, como também empresas importadoras.

Por outro lado, empresas do ramo da elétrica, varejo e locação de veículos costumam ser afetadas negativamente. 

A alta da selic também possui impactos nos seus investimentos imobiliários
A alta da Selic também possui impactos nos seus investimentos imobiliários. Foto por Freepik

Fundos imobiliários

Das ações que se beneficiam com a alta de juros, infelizmente os fundos imobiliários não fazem parte desse conjunto. A medida a taxa Selic sobe, a rentabilidade dos FIIs cai.

Há uma explicação que, apesar de não ser a única, pode exemplificar bem a situação.

Quanto maior é a taxa da Selic, maiores serão os juros do mercado. Em contrapartida, o fluxo no mercado imobiliário também sofre quedas, puxando esses investimentos para baixo. 

Apesar que, em 2021, vemos um cenário particular. Ecônomos explicam que, desde que o aumento na taxa ocorra gradualmente e não chegue a dois dígitos (acima de 10%), os FIIs poderão sobreviver e ser uma boa alternativa para investidores que pensam a longo prazo. 

Criptomoedas

Na prática, especialistas identificam um cenário semelhante ao dos FIIs para as criptomoedas.

Ainda temos aqueles que acreditam que, como o mercado das criptomoedas é global, o Brasil sozinho não tem condições de afetá-lo drasticamente. 

Mesmo com algumas oscilações, não será a Selic que afetará as criptomoedas significativamente.

Enfim, como podemos perceber, a alta da Selic vem acompanhada de interferências diretas no cotidiano do brasileiro, desde os investimentos relacionados até o nosso poder de compra enquanto consumidores. 

Por isso, esteja atento a suas aplicações e as novas oportunidades que aparecem quando a taxa básica de juros do país é alterada.