Copom pretende manter ritmo de corte da Selic no início de 2024

Copom indicou novos cortes de 0,5 p.p., depois do mercado considerar uma aceleração do ritmo de redução dos juros

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Publicado em 13/12/2023 às 20:07h - Atualizado 5 meses atrás Publicado em 13/12/2023 às 20:07h Atualizado 5 meses atrás por Marina Barbosa
Sede do Banco Central, em Brasília (Divulgação)
Sede do Banco Central, em Brasília (Divulgação)

Além de cortar a Selic para 11,75% ao ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) indicou nesta quarta-feira (13) que não pretende acelerar o ritmo de redução dos juros. O Comitê antevê novos cortes de 0,5 ponto percentual em 2024.

🗣️ "Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", diz o comunicado do Copom.

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Com isso, o Copom põe fim à dúvida do mercado sobre o ritmo de corte da Selic em 2024. Analistas acreditavam que o Comitê poderia acelerar a redução dos juros no próximo ano, com um corte de 0,75 ponto percentual, por causa da melhora nos dados de inflação. O Copom, por sua vez, preferiu manter a cautela.

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária", afirma o comunicado do Copom.

Copom cauteloso

"Desde a última reunião, a gente teve uma série de indicadores positivos e a expectativa do mercado era se a diretoria ia considerar isso para uma eventual menção de aceleração do ritmo de 50 pontos. E não, o Banco Central não fez isso. Continuou sendo bem conservador", comentou o diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia.

"Ficou claro que o Copom pretende manter essa mesma magnitude de 50 pontos nas próximas reuniões", acrescentou a economista chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Ela destacou também que o Copom usou o plural ao falar das próximas reuniões, já que também havia analistas considerando que o corte de 0,75 ponto poderia vir a partir da segunda reunião de 2024.

"É um Copom bem cauteloso e moderado no seu discurso em relação à condução da política monetária", acrescentou a economista chefe da Veedha Investimentos.

Até onde vai a Selic?

No comunicado desta quarta-feira (13), o Copom também destacou que a extensão do ciclo de corte dos juros dependerá da dinâmica inflacionária, bem como das expectativas da inflação.

"O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", afirmou.

📉 O mercado, portanto, ainda diverge sobre até onde vai o corte da Selic. Segundo o Boletim Focus, o consenso atual é de uma Selic de 9,25% ao final de 2024. Economistas como Camila Abdelmalack, por exemplo, falam em juros de 10%. Já o economista chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, projeta uma taxa de 10,5% ao final deste ciclo.

"Seguimos projetando que a autoridade irá encerrar o ciclo baixista de juro a 10,50%, patamar atingido na reunião de 9 de maio, após dois cortes adicionais de 50bps e um terminal de 25bps", afirmou Sanchez. Para ele, a reancoragem das expectativas de inflação "segue sendo entrave para afrouxamento mais extremo da taxa de juros".

De olho no fiscal

Camila Abdelmalack ainda apontou como uma possível barreira para o corte mais profundo dos juros o impasse fiscal. Afinal, embora o Ministério da Fazenda defenda um déficit zero em 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não descarta novas dívidas públicas para financiar projetos de desenvolvimento.

No comunicado desta quarta-feira (13), o Copom enfatizou a "importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária".

Com 2023 quase no fim, o BC (Banco Central) olha agora para os próximos anos. A meta de inflação é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, em 2024 e 2025. O BC, contudo, projeta uma inflação de 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025. O mercado projeta taxas de 3,9% e 3,5%, respectivamente.

Selic a 11,75%

O Copom reduziu a Selic de 12,25% para 11,75% nesta quarta-feira (13). Foi o quarto corte consecutivo de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros da economia brasileira. Para o Comitê, a decisão é "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025".