Ibovespa recua pelo 4º pregão consecutivo puxado por Petrobras (PETR4)

Enquanto a queda de mais de 7% no preço do petróleo ajudou os índices de Nova York, no Brasil o movimento teve o efeito oposto.

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Publicado em 23/06/2025 às 17:59h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 23/06/2025 às 17:59h Atualizado 9 horas atrás por Matheus Silva
A desvalorização da commodity pegou em cheio as ações da Petrobras (Imagem: Shutterstock)
A desvalorização da commodity pegou em cheio as ações da Petrobras (Imagem: Shutterstock)

🚨 O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (23) com queda de 0,41%, aos 136.550 pontos, acumulando o quarto pregão consecutivo no vermelho.

Apesar da retração de 565 pontos, o principal índice da B3 chegou a operar em baixa mais intensa, tocando os 135.800 pontos em sua mínima intradiária.

A pressão veio, principalmente, da forte desvalorização da Petrobras (PETR4) e do desempenho negativo dos grandes bancos, enquanto a alta das ações da Vale (VALE3) ajudou a conter perdas maiores.

Petróleo inverte lógica e penaliza o Brasil

Enquanto a queda de mais de 7% no preço do petróleo ajudou os índices de Nova York, no Brasil o movimento teve o efeito oposto.

A desvalorização da commodity pegou em cheio as ações da Petrobras, que recuaram 2,50%, refletindo a sensibilidade da estatal aos preços internacionais do barril.

A retração do petróleo ocorreu após ataques do Irã a bases americanas no Catar não resultarem em um conflito regional mais amplo, como o mercado temia.

O recuo da commodity também penalizou outras petroleiras brasileiras, como a PRIO (PRIO3), que caiu 0,71% mesmo após anunciar expectativa de dobrar sua produção até 2026.

O clima de aversão a risco foi alimentado por sinais de instabilidade no Oriente Médio, com evacuações de campos petrolíferos no Iraque e alertas em Bahrein, embora o Irã tenha avisado previamente o Catar sobre seus ataques.

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Juros e inflação no radar global

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve mantém o mercado em compasso de espera. Apesar da guerra e do temor inflacionário, declarações do presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, trouxeram alívio.

Segundo ele, os efeitos das tarifas sobre a economia americana foram menores do que o esperado, o que abre espaço para cortes de juros no futuro. Ainda assim, a inflação continua no radar.

Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, alertou que a economia da zona do euro pode desacelerar caso haja uma escalada das tensões comerciais e geopolíticas. Esse alerta também ecoou no Brasil.

O economista Caio Megale, da XP, lembrou que o petróleo é um dos principais vetores inflacionários globais. Já o Ministério da Fazenda vê com bons olhos medidas como a política de preços da Petrobras como forma de contenção.

Mesmo assim, o Boletim Focus trouxe algum alento com nova queda nas projeções de inflação, e o dólar comercial fechou em baixa de 0,40%, cotado a R$ 5,503.

Vale sobe, bancos caem e B3 decepciona

📈 Na bolsa, os bancos foram novamente os vilões. Bradesco (BBDC4) cedeu 0,78%, Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 0,22%, Santander (SANB11) caiu 1,19% e o Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 1,22%.

No caso do BB, pesaram as revisões de preço-alvo por analistas, preocupados com a deterioração da carteira rural.

A B3 (B3SA3), por sua vez, caiu 1,62% mesmo com um grande banco estrangeiro melhorando sua recomendação para o Brasil.

Por outro lado, a Vale teve desempenho positivo com alta de 1,26%, impulsionada pela valorização do minério de ferro.

No varejo, Magazine Luiza (MGLU3) subiu 0,68% e Petz (PETZ3) avançou 0,75%, mesmo com a fusão com a Cobasi sendo analisada pelo Cade.

Entre os maiores destaques do dia estiveram Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3), que saltaram 4,76% e 4,29%, respectivamente, após a confirmação de que a assembleia que discutirá a fusão entre as duas será retomada em julho.

Fora do índice, Méliuz (CASH3) caiu 1,14% após ampliar significativamente sua posição em Bitcoin.

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Expectativa para a Ata do Copom e tensões geopolíticas

O foco do mercado nesta terça-feira será a divulgação da Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic para 15% ao ano.

A expectativa é entender os próximos passos da política monetária em um ambiente global cada vez mais incerto, especialmente diante da escalada no Oriente Médio.