Hoje, quando alguém pergunta como investir em empresas, você provavelmente responde: Através das ações na bolsa de valores.

Está certo, mas nem tanto. A pegadinha aqui está no seguinte: nem todas as empresas são listadas na bolsa. Aliás, existem companhias que não querem entrar na bolsa ou não estão preparadas, mas há formas de investir nas mesmas; dá para investir por meio de fundos de Private Equity.

Você sabe o que é Private Equity, ou como investir? Então leia o nosso artigo e conheça mais sobre essa forma de investimento!

O que é o Private Equity?

Como o próprio nome já diz, o Private Equity significa “capital privado”, ou investimento privado. O Private Equity é quando alguém ou alguma empresa faz o investimento de forma direta em outra companhia.

A forma mais simples de se investir em uma empresa é por meio do mercado de ações. Você vai lá em sua corretora, abre o Home Broker e compra as suas ações.

Porém, o Private Equity já não é assim. Todo o processo de investimento é direto entre as partes, sendo que a possibilidade de sair do investimento é condicionado entre as partes. Assim, não há liquidez como existe na bolsa e nem uma precificação diária como o mercado de ações faz, por exemplo.

É claro que existem regras entre as partes com relação ao investimento e eventual venda da participação, mas não é a mesma coisa que a simples venda de ações no mercado de ações na bolsa de valores.

Private Equity
Homens de terno olhando para o notebook – Foto: Freepik.

Tipos de investimentos diretos

Ao optar por investir diretamente em uma empresa, comprando uma parte da sociedade, você pode fazer isso das seguintes formas:

Seed Capital

O Seed Capital é quando você está investindo em uma empresa que está iniciando sua vida, ou seja, o seu dinheiro vai ser aquela “semente” que vai começar a crescer e, quem sabe um dia, dará frutos.

Por se tratar de companhias que ainda estão em fase de início, sem estar gerando resultados e lucros, o Seed Capital é visto como uma das formas de investimento mais arriscado.

É claro que se você conseguir investir em uma companhia que vai dar muito sucesso no futuro, o Seed Capital pode ser extremamente lucrativo.

Venture Capital 

O Venture Capital também é um investimento em empresas em fase de crescimento, mas o estágio da companhia não é tão novo comparado ao Seed Capital.

Aqui nós estamos tratando de uma Startup que está ganhando mercado e crescendo. Como a companhia já está mais estruturada do que a Seed capital, então o risco é relativamente menor.

Private Equity

A Private Equity é a empresa que já está há mais tempo no mercado e possui uma boa estrutura. Estamos tratando de empresas que podem até estar consolidadas em seus respectivos mercados.

O dinheiro que entra por meio do Private Equity pode servir para aumentar o capital de giro, estabelecer o crescimento da empresa ou ampliar suas operações.

Inclusive, algumas empresas e pessoas que fazem o Private Equity também se envolvem com a administração e gestão da companhia.

Em alguns casos, aquele que faz o investimento em uma empresa tem por objetivo lucrar com o aporte através de uma futura abertura de capital da empresa na bolsa. Portanto, é um investimento de longíssimo prazo e com alto potencial de crescimento.

Então o investidor compra uma participação na empresa e no futuro, quando a companhia contar com uma estrutura mais consolidada, a mesma faz a abertura de capital e o investidor com as ações em mãos pode realizar a venda e o seu “desinvestimento” — embolsando seus lucros.

Vantagens do Private Equity

A grande vantagem de se utilizar do Private Equity está relacionado aos ganhos que você pode conquistar.

Como estamos tratando de empresas que não possuem ações negociadas em bolsa e companhias que podem estar em fase de expansão e crescimento, os ganhos são consideráveis (quando tudo dá certo).

Os riscos são elevados, mas ao realizar um investimento bem disciplinado com uma quantidade limitada de recursos, os prejuízos são controlados e os ganhos podem ser “infinitos”.

Além da possibilidade de lucro, dentro do Private Equity ainda existe a possibilidade de você conseguir entrar na gestão da companhia.

Existem situações onde o investidor que compra parte da empresa ou da sociedade consegue também entrar na área de tomada de decisão.

Assim você pode influenciar na melhora do desempenho da companhia trazendo mais experiência para a gestão. 

Por isso muitas empresas ganham mais credibilidade quando recebem aporte de um fundo de Private Equity. Isso levanta expectativas que o fundo trará mais experiência para a gestão e irá melhorar a operação da empresa.

Assim, quando você encontra uma empresa que quer fazer um IPO e possui um fundo como Blackrock no quadro societário você consegue pensar que é uma empresa muito mais preparada.

Investimento em Private Equity também podem ser feitos através de fundos
Homem mexendo no tablet – Foto: Freepik.

Fundos de investimento em Private Equity

Uma forma de investir em Private Equity é através dos fundos de investimento. Dentre todas as alternativas, os fundos são aquelas mais acessíveis.

Porém, hoje, para ter acesso a um fundo de investimento em Private Equity você precisa ser um investidor qualificado — ou seja, ter mais de R$ 1 milhão investidos — e ter grandes quantias disponíveis. Isso acontece porque dentro do Private Equity nós estamos lidando com montantes financeiros e riscos elevados.

O investimento em si não é algo pulverizado como as ações em bolsa. Geralmente, o Private Equity se trata de poucos investidores, algo mais concentrado.

É claro que no futuro esse tipo de investimento pode ficar mais acessível para investidores menores. Atualmente nós temos como exemplo da “democratização dos investimentos” são os BDRs — que permitem investir em empresas estrangeiras pela bolsa brasileira. 

O BDR era há pouco tempo uma alternativa de investimento exclusiva daqueles que tinham um grande patrimônio. Hoje, qualquer pessoa consegue comprar cotas de um BDR.

Além disso, os fundos de Private Equity são pouco divulgados. Assim, apenas pessoas com grande portfólios de investimentos sabem e tem acesso a esses fundos. 

Como fundos de Private Equity são para investidores qualificados, acontece que suas informações (como regulamento e lâminas) são divulgados apenas para as pessoas abordadas pelos gestores. Ou seja, é um clube fechado para gente com muita grana.

FIP (fundo de investimento em participação)

O FIP não é um Private Equity, mas se assemelha. Se através do Private Equity você tem acesso a empresas e pode até ajudar na gestão (dependendo dos acordos e do aporte realizado), no FIP é possível fazer algo semelhante.

O interessante do FIP é a acessibilidade. Hoje existe FIP com valor de cota abaixo dos R$ 100,00. Um exemplo assim é o FIP da XP Investimentos, o FIP Infraestrutura XP Infra II.

Fundo XP de participação que se assemelha ao Private Equity
Foto de rentabilidade patrimonial

Importante: esse conteúdo não é recomendação de investimento. Os exemplos são meramente para fins educativos. Em caso de dúvidas sobre qualquer ativo financeiro contate seu assessor de investimentos. 

Como dá para ver na imagem, o fundo possui investimentos em 5 diferentes negócios, mas de um mesmo segmento (energia). Vale destacar que cada um dos investimentos segue uma estratégia diferente, inclusive com desenhos societários bem diferentes.

Por exemplo, o investimento em Sol Maior II conta com participação societária do fundo, fato que se assemelha bastante ao desenho de Private Equity.

Já a Holding Arteon o negócio é diferente. Isto é, o fundo comprou debêntures que são conversíveis em participação societária. Assim, a posição do fundo “garante” a possibilidade de “abocanhar” até 20% de participação direta na Holding.

De forma similar, os outros investimentos possuem suas “peculiaridades”. Vale destacar que segundo o relatório gerencial de XPIE11 de setembro de 2020, o fundo detinha um valor patrimonial na casa dos R$ 97,00 por cota, sendo que atualmente a cota está sendo negociada na bolsa a R$ 93,00.

A expectativa de retorno do fundo também é bem interessante. Para 2020 a expectativa de distribuições girava em R$ 7,5 por cota e para 2021 a expectativa é de R$ 8,2. Considerando o valor da cota em R$ 93,00, estamos tratando de rentabilidades na casa dos 8% ao ano e 8,8% ao ano. Claro que esse rendimento também é acompanhado de vários riscos que precisam ser levados em conta.

Outro fundo que nós temos na bolsa de valores e de fácil acesso é o VIGT11. O mesmo está valendo pouco mais de R$ 100,00 a cota e também possui investimentos em empresas na área de energia e transmissão. Além disso, as distribuições de VIGT11 têm a tendência de acontecerem de forma trimestral.

Fundo de participação que se assemelha ao Private Equity e é acessível.

Importante: esse conteúdo não é recomendação de investimento. Os exemplos são meramente para fins educativos. 

Desvantagens do Private Equity

A grande desvantagem do investimento em Private Equity é o valor. Não dá para achar fundos de Private Equity que oferecem oportunidade de investimento mínimo de R$ 100,00, por exemplo.

Assim, grandes fundos de Private Equity podem ser na casa 25 milhões de dólares. Mesmo os fundos mais “acessíveis” possuem mínimos de 250 mil dólares. No Brasil, esse tipo de investimento ainda é mais difícil e de pouco acesso.

Tecnicamente, a grande desvantagem está no valor. A partir do momento que você precisa aportar uma grande quantidade de dinheiro, o negócio fica mais complexo.

Outro detalhe: se você ver os fundos de investimento em participações como uma alternativa similar ao Private Equity, então você tem uma chance clara de conseguir ter acesso a um produto diferenciado com um valor de investimento relativamente pequeno.

Risco elevado de investir em Private Equity

Comparado às formas mais tradicionais de investimento, o Private Equity é bem arriscado. Estamos falando de empresas que não possuem capital aberto na bolsa ou não possuem condições para tal.

Desse modo, o investidor vem com capital e faz aporte na empresa recebendo uma parte da sociedade. Quando tratamos de participação dentro da companhia e até na decisão da mesma, estamos tratando de valores substanciais que podem fazer a diferença dentro do negócio da companhia.

Por isso, havendo perdas, as coisas podem ser preocupantes. Lembrando que a saída do investidor por meio de uma eventual liquidação da participação pode ser algo bem complexo devido a pouca liquidez.

Diferente do que acontece no mercado de ações, se você não quiser mais determinada ação, dá para você vender a mesma na bolsa. Porém, quando está em um Private Equity, a liquidação e até venda da parte pode demorar ou simplesmente nem acontecer. 

Novamente devo mencionar os fundos de investimento em participação. Devido às semelhanças com o Private Equity, o FIP pode ser uma solução interessante. Os riscos estão presentes, mas, como dá para investir menos, os perigos são limitados.

Private Equity: o que é e como investir?
Riscos elevados e baixa liquidez são desvantagens do Private Equity. Foto por Freepik.

Liquidez limitada

Não quer mais ser sócio do negócio, ou achou um novo investimento? É, dificilmente você conseguirá liquidar sua posição rapidamente.

O investimento em Private Equity ou em fundos do tipo FIP deve ser feito com valores que podem ser “arriscados” ou dados como perdidos.

É preciso considerar os riscos envolvidos e até qual tipo de “imersão” que você terá no negócio. Mas, devido a todas as dificuldades, o investimento em si é bem arriscado e a liquidez é limitada. O “jogo” aqui é quase de 8 ou 80. Ou você vai ganhar muito dinheiro ou pode perder tudo.

Com relação aos fundos de investimento em participação, o negócio é um pouco melhor. Como já mencionamos e mostramos, há dois fundos que possuem boa liquidez na bolsa e inclusive distribuem rendimentos periodicamente.

Investir em Private Equity é uma boa ou não?

Sim, é uma opção bem interessante de investimento. Diferente das ações ou de outras formas de investir, por meio do Private Equity você pode exercer uma atividade e até presença maior dentro da companhia.

Já pensou ser sócio de uma firma grande e consolidada em um determinado segmento? Por meio do Private Equity dá para fazer isso.

Porém existem seus riscos e o valor de entrada. Fundos de investimento em Private Equity até existem no Brasil, mas tais fundos são limitados e o valor de entrada é bem elevado.

Sendo que só investidores considerados qualificados podem entrar no “jogo”.  Observando esses empecilhos e a falta de alternativa para os investidores menores, nós temos os FIP que comentamos.

Você não se tornará sócio diretamente de uma companhia, mas o fundo vai. Olhando na bolsa de valores, nós não encontramos muita variedade de fundos, mas existem opções.

Sendo que as alternativas possuem liquidez (ou seja, há negociações) e o valor de entrada é baixo. Estamos falando de FIP com cotas sendo negociadas na casa dos R$ 100,00, ou até menos do que isso. Sem falar que esses fundos vêm até distribuindo ganhos aos seus cotistas. Assim, o investimento parece ser bem interessante.

Para aqueles que estão interessados em Private Equity, o negócio é aguardar a oportunidade de fundos diferenciados aparecerem no mercado com valores mais competitivos para iniciar os investimentos.

Fora isso, nós temos plataformas de investimento que oferecem oportunidades em Seed Capital ou Venture Capital. 

Um exemplo de plataforma assim é a Kria. Através da plataforma você pode investir em empresas que estão iniciando os seus negócios no mercado. De qualquer forma, o investimento, se for feito, precisa ser bem avaliado. Havendo riscos, invista pouco e controle sua posição. Assim você dificilmente será pego desprevenido.

Enfim, para qualquer investimento em empresas que você for fazer é fundamental que você entenda das demonstrações financeiras. Para começar a aprender entender esses documentos confira nosso artigo sobre Balanço Patrimonial e entenda sua função para nós investidores.