Chuvas no Rio Grande do Sul: Veja as empresas afetadas pela tragédia

Mais de 20 companhias listadas na B3 tiveram suas atividades impactadas pelas enchentes.

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Publicado em 06/05/2024 às 19:30h - Atualizado 4 meses atrás Publicado em 06/05/2024 às 19:30h Atualizado 4 meses atrás por Marina Barbosa
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Além de mortes e muita destruição, as chuvas no Rio Grande do Sul têm causado prejuízo para as comunidades e os negócios que operam no estado. Mais de dez empresas listadas na B3 já tiveram que suspender parte das operações por causa da tragédia.

Gerdau (GGBR4), Braskem (BRKM5) e Lojas Renner (LREN3) estão entre as companhias que paralisaram parcialmente as operações no Rio Grande do Sul. Além disso, dez indústrias de carnes foram afetadas pelas enchentes, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

⛈️ Ao apresentar o impacto das chuvas nos negócios, as empresas citaram sobretudo alagamentos, dificuldades de acesso e escoamento dos produtos. A Minupar (MNPR3), por exemplo, disse que todos os pavimentos da fábrica de embutidos de uma controlada, a Companhia Minuano de Alimentos, ficaram submersos.

O aeroporto de Porto Alegre também mantém os pousos e decolagens suspensos desde sexta-feira (3) em razão das fortes chuvas. Segundo a concessionária Fraport Brasil, não há previsão de retomada das operações.

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Doações

Apesar das dificuldades, muitas companhias estão ajudando os colaboradores e arrecadando ou fornecendo doações para as comunidades afetadas pelas chuvas. As lojas da Três Tentos (TTEN3) e da Quero-Quero (LJQQ3), por exemplo, estão recebendo donativos, além dos shoppings da Multiplan (MULT3) e da Iguatemi (IGTI11).

💲 O governo do Rio Grande do Sul também recebe doações, por meio de um Pix fornecido pelo Banrisul (BRSR6). Os recursos serão usados em ajuda humanitária e reconstrução das cidades, segundo o governo. Para doar, a chave é o CNPJ 92.958.800/0001-38 e a conta é a SOS Rio Grande do Sul.

De acordo com o governo, as chuvas já deixaram ao menor 83 mortos, 111 desaparecidos, 276 feridos e 121,9 mil desalojados até esta segunda-feira (6).

Veja as companhias afetadas pelas chuvas:

Gerdau

A Gerdau (GGBR4) paralisou as operações no Rio Grande do Sul, até que possa retomar as atividades com segurança. A companhia disse ainda que tem oferecido apoio aos colaboradores, feito doações às comunidades próximas e mobilizado helicópteros para ajudar na logística dessas regiões.

Braskem

A Braskem (BRKM5) suspendeu as unidades produtivas do Polo Petroquímico de Triunfo na sexta-feira (3). Segundo a petroquímica, é uma medida preventiva, pois o complexo não tem pontos de alagamento, mas encontra-se com limitação de acesso.

"O retorno da produção se dará quando forem restabelecidas as condições seguras", disse a companhia, citando o "desafio das vias de acesso para restabelecimento do transporte de integrantes e fornecimento de insumos".

A Braskem disse ainda que segue monitorando o polo petroquímico, que responde por cerca de 30% da sua capacidade de produção de eteno no Brasil, além de apoiando os colaboradores e organizando doações para a sociedade gaúcha.

Dimed

As enchentes também comprometeram o acesso à sede e ao centro de distribuição da Dimed (PNVL3) na cidade de Eldorado do Sul. A companhia disse que, apesar do isolamento, as instalações não ficaram alagadas.

Ainda assim, a Dimed segue operando por meio do centro de distribuição de São José dos Pinhais, "mantendo a operação da maior parte de nossas lojas, exceto aquelas afetadas mais fortemente pelos alagamentos e pelas dificuldades logísticas de acesso".

A distribuidora tem convocado parceiros e fornecedores para doar produtos, medicamentos, alimentos e equipamentos para os atingidos pelas chuvas. "No momento nossos esforços estão concentrados em salvar vidas e auxiliar da melhor maneira possível as comunidades onde estamos inseridos", afirmou.

Lojas Quero-Quero

Das 552 lojas da Quero-Quero (LJQQ3), 12 foram impactadas diretamente pelas enchentes e 29 apresentam operações parciais, sobretudo por causa de problemas de telecomunicação, fornecimento de energia elétrica e deslocamento de colaboradores. Já os três Centros de Distribuição seguem funcionando.

A Quero-Quero disse que continua a "operar na medida do possível", de forma a priorizar o bem-estar e a segurança dos colaboradores e das comunidades afetadas. Além disso, ressaltou que suas lojas estão servindo como postos de coletas de doações para as vítimas das chuvas.

Rumo

A Operação Sul da Rumo (RAIL3) foi parcialmente afetada. "A circulação de trens neste momento está parcialmente interrompida na região e os danos aos ativos ainda estão sendo devidamente mensurados", afirmou a companhia.

Ainda assim, a Rumo disse que, "com base em uma avaliação inicial, não se espera desvios materiais dos resultados estimados para o ano de 2024". A companhia projeta um Ebitda de R$ 7,2 bilhões a R$ 7,7 bilhões para este ano.

CCR

A CCR (CCRO3) administra 473,4 quilômetros de rodovias no Rio Grande do Sul por meio da CCR ViaSul e vem sendo impactada pelos bloqueios causados pelas enchentes.

"Desde o início do evento, a Concessionária está mobilizada e atuando para restabelecer o fluxo, principalmente nas pontes", afirmou a CCR, que trabalha na limpeza e sinalização das rodovias, mas também já avalia "ações a serem implementadas na recuperação das pontes e viadutos e na desobstrução das vias atingidas".

Além disso, a CCR ViaSul suspendeu temporariamente as cobranças de pedágio desde o domingo (5), "como forma de apoiar no escoamento e transporte de ajuda e suprimentos para as regiões afetadas". A concessionária possui seguro para cobertura de danos e perdas de receitas e já o acionou.

Três Tentos

A Três Tentos (TTEN3) registrou acúmulo de água em apenas duas unidades comerciais e sem o comprometimento de estruturas ou estoque.

"As regiões do Norte e Noroeste do RS, regiões de maior contribuição de grãos para a Companhia não sofreram impactos relevantes com as inundações. As regiões mais afetadas foram no Sul e Campanha", explicou.

Com isso, a companhia mantém operando as outras 53 unidades comerciais e as duas fábricas mantidas no Rio Grande do Sul. Essas unidades, por sinal, estão recebendo doações de roupas e alimentos para os atingidos pelas enchentes.

Lojas Renner

Segundo a Lojas Renner (LREN3), 4% das suas unidades estão temporariamente fechadas em razão das chuvas no Rio Grande do Sul. A varejista destacou, por outro lado, que não tem centros de distribuição no estado e que "o impacto de fornecimento de produtos vindos da rede de parceiros é imaterial".

A companhia disse ainda que tem apoiado os colaboradores locais, além de feito doações, por meio do Instituto Lojas Renner, para as comunidades atingidas.

Recrusul

As instalações industriais da Recrusul (RCSL3) na cidade de Sapucaia do Sul não foram afetadas pelas enchentes. Contudo, a companhia disse que "algumas atividades operacionais podem ser prejudicadas e, ainda, podem não apresentar regularidades nos próximos dias".

"A dificuldade em escoar matérias-primas nas rodovias do Estado do Rio Grande do Sul, bem como o acesso dos funcionários e clientes às instalações da Recrusul S/A, em Sapucaia do Sul, dependem da redução do acúmulo de água nas vias de acesso à unidade industrial", explicou.

Minupar

A Minupar (MNPR3) informou na quinta-feira (2) que as unidades produtivas de uma controlada, a Companhia Minuano de Alimentos, foram impactadas pelas enchentes. A produção de embutidos, o abate de aves e a fábrica de rações foram paralisados.

"Após a normalização do cenário climático, será possível avaliar a previsão de retomada nas unidades de abatedouro e fabrica de rações, bem como, iniciar os reparos na fábrica de embutidos, que teve todos os seus pavimentos submersos pela enchente", comunicou.

Taurus

A Taurus (TASA4) suspendeu as operações presenciais da unidade fabril localizada na cidade de São Leopoldo nesta segunda-feira (6). A companhia disse que não foi afetada pelos alagamentos, mas decidiu pela paralisação "em solidariedade com a população gaúcha e com os colaboradores".

A expectativa é que a operação seja retomada na próxima segunda-feira (13), mas a situação será reavaliada nesta data. Até lá, os setores administrativos e de apoio seguirão trabalhando presencialmente e remotamente.

"A interrupção não afetará nossas vendas, pois no mercado americano operamos com um estoque estratégico de segurança de 60 dias na nossa unidade de Bainbridge Georgia", destacou.

Iguatemi

O Shopping Praia de Bela, mantido pela Iguatemi (IGTI11) em Porto Alegre, está fechado desde sexta-feira (3).

Já os outros dois shoppings da companhia no estado, O Iguatemi Porto Alegre e o I Fashion Outlet Novo Hamburgo, "seguem funcionando, com as lojas operando em caráter flexível", e tornaram-se ponto de coleta de doações.

A Iguatemi ressaltou que não foram registrados danos materiais às propriedades. Por isso, manteve o seu guidance, que prevê um crescimento da receita líquida dos shoppings de 4% a 8% em 2024.

Multiplan

A Multiplan (MULT3) suspendeu parcialmente a operação do ParkShopping Canoas, mantendo apenas a operação de supermercado para atender às necessidades básicas da população. Já os outros dois shoppings da companhia no estado (Barra ShoppingSul e Golden Lake) seguem operando.

Segundo a Multiplan, os empreendimentos não foram diretamente alcançados pelas chuvas e "permanecem abertos, funcionando como ponto de apoio à população e coleta de doações". Porém, a companhia prevê redução no fluxo de visitantes e suspensão temporária das obras de construção do Golden Lake.

BRF

As fábricas da BRF (BRFS3) no estado também foram atingidas, mas a maior parte das operações já voltou a funcionar.

Junto com a Marfrig (MRFG3), já doou mais de 50 toneladas de alimentos para as comunidades atingidas. Além disso, as companhias se comprometeram a doar R$ 1 cada para cada R$ 1 doado para o Fundo de Ajuda Humanitária do Instituto BRF com foco no Rio Grande do Sul.

Marcopolo

As três fábricas da Marcopolo (POMO4) foram paralisadas na quinta (2) e na sexta-feira (3) da semana passada, mas voltaram a operar de maneira parcial na segunda-feira (6) quando era possível o acesso dos colaboradores.

Já as áreas administrativas estão trabalhando de maneira parcial, de forma a garantir a segurança e bem-estar de todos, segundo a empresa. A Marcopolo emprega cerca de 9,5 mil pessoas na região de Caxias do Sul.

Weg

A Weg (WEGE3) tem duas fábricas na área afetada pelas enchentes (uma em Gravataí e outra em Bento Gonçalves), mas disse que as unidades não foram diretamente impactadas pelos alagamentos. Segundo a companhia, as fábricas estão apenas com o acesso temporariamente limitado e continuam operando.

Grazziotin

A Grazziotin (CGRA3) já contabiliza 20 lojas diretamente afetadas pelas enchentes. Essas lojas estão fechadas em processo de avaliação dos danos. Além disso, outras 40 lojas estão com as operações reduzidas, por causa de problemas relacionados a telecomunicação, energia elétrica e dificuldade de acesso.

Já o centro de distribuição da companhia opera normalmente. "Apesar das dificuldades, estamos empenhados em manter nossas operações da melhor forma possível e em prestar auxílio às áreas mais atingidas", afirmou.

Randoncorp e Frasle

A Randoncorp (RAPT4) e a Frasle Mobility (FRAS3) suspenderam as operações presenciais em algumas de suas unidades fabris no Rio Grande do Sul na quinta-feira (2), mas afirmaram que a maioria delas voltou a operar nesta segunda-feira (6).

As companhias haviam mapeado interrupções logísticas relativas ao transporte de pessoas e de cargas, mas disseram estar "tomando todas as medidas necessárias para adequar suas operações ao cenário atual, priorizando antes de tudo a segurança das pessoas".

Banrisul

O Banrisul (BRSR6) disse que trabalha "para reativação da estrutura de atendimento presencial nas localidades mais duramente atingidas, bem como na adoção de ações e medidas de apoio aos clientes da instituição que foram afetados".

O banco disse, por sua vez, que "o evento climático não ocasionou impactos patrimoniais (ativos imobilizados) relevantes". Além disso, afirmou que mantém-se "completamente operacional e com plena disponibilidade nos seus diversos canais de relacionamento com cliente, seja no digital quanto via rede de agências e correspondentes bancários".

Tegma

A Tegma Gestão Logística (TGMA3) suspendeu parcialmente as entregas no estado. Contudo, disse que a tragédia "não afetou de maneira significativa suas principais instalações, nem a mais importante rota de escoamento de veículos de sua principal base no estado para o restante do país".

Unifique Telecomunicações

Cerca de 23 mil clientes da Unifique Telecomunicações (FIQE3) estavam sem conexão ao serviço de internet fibra ótica nesta segunda-feira (6). Segundo a empresa, o problema atinge sobretudo na região metropolitana de Porto Alegre, pois o serviço já foi restabelecido no Vale do Taquari.

"Estes clientes representam 3% do total de acessos da Companhia e 15% dos acessos que a Companhia possui no estado do Rio Grande do Sul", afirmou.

Outras empresas

A Amazon (AMZO34) também teria paralisado a operação de um centro de distribuição no Rio Grande do Sul. Vale lembrar ainda que a barragem da Usina 14 de Julho, que teve um rompimento parcial na última quinta-feira (2), pertence à Ceran (Companhia Energética Rio das Antas). A companhia é controlada pela CPFL Energia (CPFE3), que disse estar monitorando as outras duas barragens do complexo energético Rio das Antas.