Bets ameaçam 5 setores da B3: Veja ações mais sensíveis, segundo o Santander

Com aumento dos gastos com bets, brasileiros tendem a reduzir consumo e acumular dívidas, lembra o banco.

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Publicado em 26/10/2024 às 15:56h - Atualizado 25 dias atrás Publicado em 26/10/2024 às 15:56h Atualizado 25 dias atrás por Marina Barbosa
Brasileiros devem gastar até R$ 239,4 bilhões com bets em 2024, estima o Santander (Imagem: Shutterstock)
Brasileiros devem gastar até R$ 239,4 bilhões com bets em 2024, estima o Santander (Imagem: Shutterstock)

A explosão dos gastos com bets e apostas on-line ameaça os hábitos de consumo e a saúde financeira de milhões de brasileiros. Por isso, também pode afetar o desempenho de cinco setores da B3, segundo o Santander.

💰 Em relatório sobre o impacto das bets na economia e na bolsa brasileira, o Santander explica que os brasileiros devem gastar até R$ 239,4 bilhões com apostas on-line neste ano. É o equivalente a 2,1% do PIB (Produto Interno Bruto) e a 3,3% do consumo das famílias brasileiras.

Por causa isso, as apostas on-line já levaram 1,3 milhão de brasileiros à inadimplência e afetam as vendas de comércio e serviços, como mostrou a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

🛍️ "Em termos de decisões de consumo, as pesquisas mostram que os jogadores estão abrindo mão do consumo para jogar, especialmente quando se trata de comprar acessórios, vestuário, lazer, alimentação (supermercados e fora de casa), produtos de beleza, itens de higiene e medicamentos, e pagar contas de internet e serviços públicos", acrescentou o Santander.

O banco alerta, então, que as bets podem afetar o desempenho das empresas listadas nos seguintes setores da B3: varejo e bens de consumo, instituições financeiras, educação, saúde e shoppings. O Santander ainda identificou as ações mais sensíveis. Veja os detalhes abaixo:

Varejo e bens de consumo

O setor de varejo, que já vem sofrendo com desafios como os juros altos e o aumento da concorrência, deve ser um dos mais impactados pelo avanço dos gastos com bets. Afinal, com menos recursos disponíveis para o consumo, os brasileiros tendem a abrir mão de bens e serviços discricionários como vestuário, calçados, acessórios, lazer e entretenimento.

O Santander acrescentou que os impactos devem ser sentidos sobretudo pelas empresas cujos consumidores estão entre o público masculino e a população de baixa renda, pois são nesses segmentos que estão a maior parte dos apostadores brasileiros, segundo o banco.

Consequentemente, não são esperados impactos relevantes nas companhias que focam na classe alta e no público feminino, como Vivara (VIVA3), Azzas 2154 (AZZA3), Natura (NTCO3), RD Saúde (RADL3), GPA (PCAR3) e SmartFit (SMFT3).

Por outro lado, o banco projeta um alto impacto para os negócios da CVC (CVCB3), Arcos Dorados (ARCO), Vulcabras (VULC3) e Grupo SBF (SBFG3). Um impacto médio é projetado para C&A (CEAB3), Guararapes (GUAR3), Renner (LREN3), Assaí (ASAI3), Carrefour (CRFB3) e Grupo Mateus (GMAT3). Já a Pague Menos (PGMN3) deve ter um baixo impacto, segundo as estimativas do banco.

Instituições financeiras

Como as bets têm levado muitos brasileiros à inadimplência, também são esperados impactos no setor financeiro, sobretudo no Nubank (ROXO34) e na PagSeguro (PAGS34).

O Santander explica que, com o uso dos cartões de crédito proibido nos sites de bets, o Pix consolidou-se como um dos principais meios de pagamento das apostas on-line e lembrou que o Nubank era a instituição financeira com o maior número de contas Pix no primeiro semestre.

Já a PagSeguro é mencionada no relatório porque a regulação das bets coloca em risco o volume financeiro ligado a apostas on-line que era processado por empresas de pagamento, como os volumes transfronteiriços da companhia. Nesse sentido, o Santander ainda projeta um baixo impacto para a Stone (STOC31).

Educação

Pesquisa da Educa Insights revelou que entrevistou 10,8 mil pessoas sobre o impacto das bets na educação descobriu que 35% desses brasileiros gostariam de ter entrado na universidade no primeiro semestre deste ano, mas não conseguiram por causa dos gastos com bets.

Esse fenômeno foi observado, sobretudo, entre brasileiros de baixa renda e da região Norte. O Santander avalia ainda que cursos mais baratos, como os de ensino a distância, devem ser os mais afetados por esse adiamento dos estudos. 

Por isso, o banco vê a Vitru (VTRU3) e a Cogna (COGN3) potencialmente expostas a um alto impacto proveniente das bets. Já a Yduqs (YDUQ3) teria um impacto médio e a Ser Educacional (SEER3), um baixo impacto.

Saúde

No segmento de saúde, o Santander acredita que o maior impacto recairá sobre o sistema público, já que a maior parte da população brasileira não tem plano de saúde. Contudo, diz que empresas privadas também podem ser afetadas, à medida que as pessoas buscam terapia para vício em jogos de azar e problemas relacionados à depressão.

Nesse sentido, o banco vê apenas uma das companhias de saúde listadas na bolsa podendo ser afetadas e com um baixo afetado: a Hapvida (HAPV3). Isso porque parte significativa dos clientes da companhia estão nas classes de renda mais baixa e esse público poderia, na avaliação do Santander, cancelar seus planos ou procurar por mais serviços de terapia diante do aumento dos gastos com bets.

Shoppings

Embora as bets coloquem em risco os hábitos de consumo dos brasileiros, o Santander acredita que o setor de shopping centers está menos exposto ao problema, já que mira sobretudo as classes de renda mais alta. 

Ainda assim, olhando para as empresas listadas na B3, o banco projeta um baixo impacto para Allos (ALOS3), Iguatemi (IGTI1) e Multiplan (MULT3).