Selic divide mercado e decisão pode chacoalhar os investimentos; o que esperar?
Bancos e gestores se dividem entre Selic estável em 14,75% ou em uma possível alta de 0,25 p.p., chegando a 15% ao ano.

🚨 A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para esta quarta-feira (18) promete ser um dos encontros mais relevantes do Banco Central em 2025.
O mercado está dividido entre duas principais apostas: uma manutenção da taxa Selic em 14,75% ou uma elevação residual de 0,25 ponto percentual, levando a taxa a 15% ao ano.
A decisão ocorre em um ambiente de inflação acima da meta, atividade econômica moderando e expectativas ainda desancoradas.
Para o BTG Pactual (BPAC11), o momento exige ação. A economista Iana Ferrão defende uma elevação de 0,25 p.p. na taxa básica de juros, levando a Selic a 15%.
A justificativa está na combinação de inflação de serviços ainda elevada, resiliência da atividade econômica e expectativas desancoradas — fatores que, segundo o banco, demandam um ajuste residual para consolidar o processo de desinflação.
Além do componente técnico, há também uma leitura institucional: o Copom teria, nesta decisão, a oportunidade de reafirmar sua credibilidade e seu compromisso com a convergência da inflação à meta.
“A interrupção prematura do ciclo, sem maior evidência de transmissão eficaz da política monetária, pode comprometer a trajetória inflacionária”, alerta Ferrão.
Apesar da recomendação de alta nesta reunião, o BTG acredita que esse movimento deve marcar o fim do atual ciclo de aperto monetário.
Com os efeitos defasados da Selic em patamar elevado começando a aparecer no segundo semestre, o banco projeta que os cortes na taxa de juros só devem ter início em 2026 — caso não haja expansão fiscal relevante que comprometa o cenário.
Itaú aposta em estabilidade e tom cauteloso
Na outra ponta, o Itaú (ITUB4) acredita que a Selic será mantida em 14,75% ao ano. Para o economista-chefe Mario Mesquita, o estágio avançado do ciclo de aperto, combinado com sinais “ambíguos” da economia e a defasagem dos efeitos da política monetária, justificam uma postura de espera.
O banco reforça que o Copom deve manter o tom contracionista e sinalizar que está pronto para reagir a uma piora no cenário inflacionário, mas sem tomar decisões precipitadas.
A avaliação é de que o atual patamar de juros já é suficientemente restritivo para conter a inflação — desde que se evite ruídos fiscais.
O relatório também destaca a estabilidade das expectativas inflacionárias no Boletim Focus e a recente surpresa positiva nos índices de preços, que não apontaram deterioração adicional.
Com isso, o Itaú acredita que o Copom continuará adotando uma comunicação firme, porém flexível, reforçando a dependência dos próximos dados.
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XP: mercado dividido entre manutenção e alta
Pesquisa da XP (XPBR31) com 27 gestores de fundos macro revela um verdadeiro empate técnico: metade acredita na manutenção da Selic em 14,75%, enquanto os outros 50% projetam elevação para 15%.
A dúvida reflete a complexidade do cenário, no qual os dados não apontam de forma clara para uma única direção.
A média das projeções para o fim de 2025 foi ajustada para 14,83%, levemente acima da pesquisa anterior, que indicava 14,77%. Isso mostra que, mesmo em caso de manutenção agora, o mercado considera possível a necessidade de mais aperto adiante.
Em relação à inflação, a expectativa dos gestores foi de 5,35%, abaixo da projeção de 5,44% registrada no Focus.
O câmbio, que vinha pressionando os preços, perdeu força como fator de risco — o que reforça o tom de cautela adotado nas projeções.
A pesquisa ainda apontou um movimento de neutralidade nas posições de juros, tanto nominais quanto reais, sugerindo que os gestores já consideram o ciclo de aperto próximo do fim.
No entanto, o temor por um cenário fiscal expansionista ou por choques externos permanece no radar.
Ambiente externo e fiscal também influenciam
📊 O levantamento da XP destaca ainda uma mudança no sentimento global. A percepção negativa sobre a economia mundial caiu de 68% para 41%, com aumento das visões neutra e positiva.
Isso, combinado com o alívio das tensões comerciais e a tese de desdolarização, levou gestores a reduzirem a exposição ao dólar e aumentarem apostas em euro e ativos brasileiros.
No cenário local, a melhora das perspectivas também é visível, com mais gestores adotando posições positivas ou neutras sobre a economia.
Ainda assim, há consenso sobre a necessidade de disciplina fiscal para evitar que o atual patamar de juros se prolongue por mais tempo.
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O que esperar do Copom?
Com a economia brasileira em um ponto de inflexão, o Copom tem a difícil tarefa de equilibrar os riscos inflacionários com a desaceleração da atividade.
A decisão entre manter a Selic em 14,75% ou elevá-la a 15% terá repercussões diretas nos mercados e pode moldar as expectativas para 2026.
📈 Independentemente do desfecho desta reunião, o consenso é que o Banco Central precisa manter o discurso firme, reforçando seu compromisso com a meta de inflação e com a responsabilidade monetária — sobretudo em um ano marcado por volatilidade política e incertezas fiscais.

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