IPOs podem voltar em 2024, após dois anos de jejum na B3
Com clima mais favorável, mercado vê janela de oportunidade para empresas estrearem na Bolsa brasileira
A B3 não é palco para um IPO (Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial) há mais de dois anos. O jejum é o maior desde 2004, o início da série histórica da Bolsa. Mas, na avaliação de analistas, pode chegar ao fim neste ano de 2024.
Por meio do IPO, as empresas emitem ações e passam a ter papeis negociados em Bolsa. É uma forma de captar recursos que foi amplamente utilizada pelas empresas brasileiras em 2020 e 2021, mas caiu em desuso desde então.
Jejum recorde após boom
Só em 2021, 46 empresas estrearam na Bolsa brasileira. Foi o segundo maior número da série histórica da B3, atrás apenas dos 64 IPOs registrados em 2007. Naquele ano, empresas como CSN Mineração (CMIN3), Raizen (RAIZ4), GetNinjas (NINJ3), PetroReconcavo (RECV3), Cruzeiro do Sul (CSED3) e Smart Fit (SMFT3) entraram na B3. O último IPO foi o da Nubank (ROXO34), em dezembro de 2021.
Depois desse boom de IPOs, no entanto, mais nenhuma empresa estreou na Bolsa de Valores de São Paulo. O jejum já dura pouco mais de dois anos. É o maior desde 2004, o início da série histórica de ofertas públicas divulgada pela B3. Até então, o maior intervalo havia sido de 1 ano e 4 meses, entre junho de 2015 e outubro de 2016.
Retomada em 2024
Especialistas, no entanto, acreditam que a B3 deve voltar a receber IPOs neste ano de 2024, provavelmente a partir do segundo trimestre. Afinal, o cenário mudou e o bom humor parece ter voltado ao mercado. O Ibovespa fechou o ano de 2023 em patamar recorde e a expectativa do mercado é de que a Bolsa brasileira continue em alta em 2024.
De acordo com analistas, foram muitos os motivos que levaram as empresas a adiar a abertura de capital nos últimos dois anos. Entre eles, os juros altos e as incertezas sobre a economia brasileira e internacional. Afinal, juros altos reduzem a atratividade da renda variável e dúvidas sobre o cenário macroeconômico deixam os investidores cautelosos. Neste cenário, portanto, a tendência era de que os investidores não se sentissem confortáveis para entrar em investimentos de maior risco.
Agora, contudo, a perspectiva é diferente. Os juros já começaram a cair e devem seguir em queda no Brasil. Além disso, muitas das dúvidas que rondavam a economia brasileira por causa do início de um novo governo foram dissipadas com a aprovação de medidas como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária e a elevação da nota de crédito do Brasil.
Leia também: Ibovespa em 2024: Mercado espera novos recordes da Bolsa, veja projeções
Lá fora, a economia americana tem dado sinais de força e a expectativa é de que os juros comecem a cair nos Estados Unidos em 2024. A perspectiva de corte de juros, inclusive, já tem trazido capital estrangeiro para a B3 e esse é mais um dos indicadores que podem favorecer os IPOs, pois os estrangeiros costumam representar uma parcela importante dos recursos levantados em aberturas de capital.
"Todos esses fatores geram atratividade para a Bolsa. A perspectiva de queda dos juros nos Estados Unidos já trouxe fluxo de capital externo para o Brasil e o cenário doméstico também é favorável, o que gera confiança nos investidores. Então, 2024 promete ser um ano ainda melhor para a Bolsa. É uma janela de oportunidade para as empresas colocarem os seus IPOs no mercado", comentou o gestor da BlueMetrix Asset, Renan Silva.
"O mercado espera que as transações retornem o mais brevemente possível. Existem sinais no mercado internacional e no próprio Brasil de retomada nas operações. Imaginamos que o cenário está mais perto da reabertura", acrescentou o sócio e especialista em IPO da EY, Rafael Santos.
Em preparação
O processo de preparação para um IPO, contudo, é longo. As empresas precisam pedir autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e depois apresentar a oferta ao mercado para precificar a ação e enfim estrear na Bolsa. Por isso, a expectativa é de que esse processo possa ser iniciado em breve, mas que os IPOs voltem a ocorrer na B3 especialmente a partir do segundo trimestre de 2024.
"Deve haver uma preparação no primeiro trimestre para que, uma vez confirmado o corte de juros nos Estados Unidos, os IPOs voltem", comentou Renan Silva.
“A preparação de uma empresa para se tornar uma empresa de capital aberto é um processo longo e multidisciplinar. É importante que uma empresa que realiza um IPO esteja com aspectos do negócio e estratégia bem definidos, assim como processos e controles internos adequados às exigências e expectativas do mercado de capitais”, comentou Rafael Santos.
Ele disse, por sua vez, que as empresas que se prepararem para a próxima janela de mercado devem ser bem-sucedidas. O sócio da EY notou um interesse especial dos investidores nos setores de saneamento e energia. Silva acrescenta que setores sensíveis aos juros também podem se beneficiar, como o setor imobiliário e alguns segmentos do varejo.
Na lista das empresas que já manifestaram a intenção de estrear na Bolsa, mas ainda não executaram a operação, estão companhias como CSN Cimentos, Nadir Figueiredo e Kallas Incorporações. O mercado também especula a possível abertura de capital da Cimed. Outras empresas, no entanto, haviam pensado em abrir capital, adiaram o IPO e agora já não sabem se seguirão com o plano. A Madero, por exemplo, indicou recentemente que este não é mais a sua prioridade.
21 ações que pagarão mais dividendos em 2025, segundo BTG Pactual
Veja a lista de companhias brasileiras que podem garantir uma boa renda passiva
Renda fixa isenta de IR: FS Bio recompra CRAs pagando IPCA+ 11% ao ano
Crise no crédito de empresas do agronegócio faz taxas dispararem e preços dos títulos caírem na marcação a mercado
Renda fixa isenta de IR está entre as captações favoritas das empresas em 2024
Emissão de debêntures e mercado secundário de renda fixa batem recordes entre janeiro e setembro, diz Anbima
Agora é a renda fixa que fará B3 (B3SA3) pagar mais dividendos
Genial Investimentos aponta avenidas de crescimento e preço-alvo da dona da bolsa de valores brasileira
Selic a 10,75%: Quanto rende o seu dinheiro em LCA e LCI
Saiba como está a rentabilidade da renda fixa bancária isenta de imposto de renda
Petroleira paga taxa equivalente a IPCA+ 9,50% ao ano em debêntures isentas
BTG Pactual vê oportunidade em renda fixa isenta de imposto emitida por empresa que acaba de se fundir na bolsa brasileira
Quais tipos de renda fixa ganham e perdem com a eleição de Trump?
Renda fixa em dólar pode ganhar mais fôlego com juros futuros em alta. Aqui no Brasil, a preferência é por títulos pós-fixados
Tesouro Direto sobe mais de 1% em apenas 1 dia com agito das eleições nos EUA
Juros compostos caem e preços dos títulos saltam na marcação a mercado aqui no Brasil, com ligeira vantagem de Kamala Harris contra Donald Trump