Investidores estrangeiros entram com R$ 44,9 bilhões na B3 em 2023

Resultado foi o segundo maior da série histórica, mas caiu 55,5% em relação a 2022

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Publicado em 03/01/2024 às 16:03h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 03/01/2024 às 16:03h Atualizado 1 mês atrás por Marina Barbosa
B3 é a operadora da Bolsa de Valores de São Paulo (Divulgação)
B3 é a operadora da Bolsa de Valores de São Paulo (Divulgação)

Os investidores estrangeiros ingressaram com cerca de R$ 44,9 bilhões na B3 em 2023. O saldo de capital externo foi o segundo maior da série histórica da Bolsa brasileira, apesar de ter caído mais da metade em relação a 2022, quando atingiu o patamar recorde de R$ 100 bilhões.

💲 O fluxo de capital estrangeiro foi influenciado sobretudo pelas dúvidas em relação ao rumo dos juros nos Estados Unidos. Afinal, juros altos nos Estados Unidos elevam a atratividade dos ativos americanos, retirando recursos de países emergentes como o Brasil. Por isso, o fluxo de investimentos estrangeiros apresentou altas e baixas na B3 ao longo de 2023.

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Nos últimos dois meses do ano, no entanto, os investidores estrangeiros voltaram com força para a Bolsa brasileira, por causa de sinais mais claros sobre os próximos passos do Fed (Federal Reserve). A percepção foi de que os juros americanos não iriam mais subir e, na verdade, devem começar a cair em 2024. A mudança no tom da política monetária americana elevou o apetite de risco dos investidores e, consequentemente, os aportes no Brasil.

💰 O mês de maior captação de capital externo foi novembro, quando os estrangeiros aportaram R$ 21 bilhões na Bolsa brasileira. Mas dezembro também foi positivo. Dados publicados nesta quarta-feira (3) pela B3 mostram que os estrangeiros ingressaram com quase R$ 17,5 bilhões na B3 no último mês de 2023. Só nesses dois meses, portanto, o ingresso de capital estrangeiro somou R$ 38,5 bilhões. Isto é, cerca de 85% do ingresso registrado em todo o ano.

Veja o saldo do investimento estrangeiro na B3 em 2023, mês a mês:

  • Janeiro: R$ 12,55 bilhões;
  • Fevereiro: R$ -1,68 bilhão;
  • Março: R$ -2,37 bilhões;
  • Abril: R$ 2,66 bilhões;
  • Maio: R$ -4,27 bilhões;
  • Junho: R$ 10,13 bilhões;
  • Julho: R$ 7,10 bilhões;
  • Agosto: R$ -13,20 bilhões;
  • Setembro: R$ -1,68 bilhão;
  • Outubro: R$ -2,86 bilhões;
  • Novembro: R$ 21,02 bilhões;
  • Dezembro: R$ 17,46 bilhões.

"Copo meio cheio ou meio vazio"

Com esses resultados, o saldo de capital estrangeiro somou R$ 44,9 bilhões em 2023. Os investimentos estrangeiros foram fundamentais para a valorização do Ibovespa no fim de 2023. O principal índice da B3 fechou o ano com alta de 22,28%, no patamar recorde dos 134 mil pontos.

O analista da CM Capital, Alex Carvalho, no entanto, disse que o saldo do capital estrangeiro foi um “copo meio cheio ou meio vazio”. Afinal, é o segundo mais alto da série histórica da B3, iniciada em 2004. No entanto, representa uma queda de 55,5% em relação aos R$ 100 bilhões de 2022.

Perspectiva positiva para 2024

As perspectivas para este ano são mais otimistas. O mercado espera que a B3 atraia mais capital externo e que o Ibovespa siga valorizando em 2024. Afinal, a perspectiva é de que os juros americanos comecem a cair neste ano e, com isso, os investidores devem se voltar a ativos de maior risco, como os ativos de países emergentes como o Brasil.

📈 Segundo analistas, o Brasil é especialmente atrativo dentre os emergentes já que é um grande produtor de commodities e ainda tem juros altos, apesar da queda da Selic. "Em 2024, possivelmente esse fluxo de capital vai procurar mais países emergentes e, dentre os emergentes, o Brasil é o que está melhor posicionado", comentou o economista da Valor Investimentos, Gabriel Meira.

"Em se confirmando o início de queda dos juros nos Estados Unidos, o Brasil deve ser beneficiado. Ainda que esteja em um período de redução dos juros, o país deve atrair esse fluxo porque as empresas estão bem posicionadas e ainda um pouco descontadas. Então, não me surpreenderia se o ano for bem positivo para o fluxo de estrangeiro no mercado acionário brasileiro, até parecido com o de 2022", comentou o head de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno.