Ibovespa dispara 22% e bate recordes em 2023, entenda

Principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo terminou o ano no patamar recorde dos 134 mil pontos

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Publicado em 29/12/2023 às 08:58h - Atualizado 4 meses atrás Publicado em 29/12/2023 às 08:58h Atualizado 4 meses atrás por Marina Barbosa
Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 (Divulgação)
Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 (Divulgação)

O Ibovespa terminou o ano de 2023 batendo recordes. O principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou o último pregão do ano acima dos 134 mil pontos, com uma valorização acumulada de 22,28% no ano.

📈 A alta anual de 22,28% foi a maior desde 2019, quando o Ibovespa avançou 31,58%. Também foi o suficiente para que o Ibovespa superasse o avanço anual da inflação e de indicadores como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

O desempenho do Ibovespa em 2023 também ficou acima das expectativas iniciais do mercado. Analistas e investidores começaram o ano desconfiados, por causa do início do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, voltaram a apostar na Bolsa ao longo do ano, à medida que a inflação desacelerava, os juros caíam e o governo tentava endereçar a agenda fiscal.

📊 Veja o desempenho do Ibovespa nos últimos 10 anos:

  • 2014: -2,91%;
  • 2015: -13,31%;
  • 2016: 38,93%;
  • 2017: 26,86%;
  • 2018: 15,03%;
  • 2019: 31,58%;
  • 2020: 2,92%;
  • 2021: -11,93%;
  • 2022: 4,69%;
  • 2023: 22,28%.

Altas e baixas

Devido à desconfiança comum a um início de governo, o Ibovespa começou o ano entre altas e baixas. Em janeiro, subiu 3,37%; mas depois despencou 7,49% em fevereiro e caiu mais 2,91% em março.

O primeiro trimestre do ano foi marcado pelas dúvidas sobre as novas regras fiscais que guiariam os gastos públicos, bem como pelas críticas do presidente Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foi nesta época, por sinal, que o Ibovespa atingiu a mínima do ano: 97.926 pontos, no fechamento de 23 de março.

A apresentação e o avanço do novo marco fiscal, por sua vez, ajudaram a conter as dúvidas do mercado sobre as contas públicas brasileiras. Por isso, a Bolsa voltou a subir em abril e manteve a alta nos meses seguintes, influenciada também pela desaceleração da inflação e pela perspectiva de queda dos juros. Só em junho, avançou 9%, a maior valorização mensal desde 2020.

Apesar do início do ciclo de corte da Selic, o Ibovespa voltou ao terreno negativo em agosto, inclusive batendo outro recorde: 13 pregões consecutivos no vermelho. O mal humor do mercado foi um reflexo do cenário externo, sobretudo por causa da percepção de que os juros nos Estados Unidos não iriam cair nem tão cedo e, na verdade, ainda poderiam subir. O temor de uma crise na China também pesou.

📊 Veja o desempenho da Bolsa em 2023, mês a mês:

  • Janeiro: 3,37%;
  • Fevereiro: -7,49%;
  • Março: -2,91%;
  • Abril: 2,50%;
  • Maio: 3,74%;
  • Junho: 9,00%;
  • Julho: 3,27%;
  • Agosto: -5,09%;
  • Setembro: 0,71%;
  • Outubro: -2,94%;
  • Novembro: 12,54%;
  • Dezembro: 5,38%.

As incertezas sobre o cenário externo continuaram pressionando o mercado de ações nos meses seguintes, até que em novembro os analistas voltaram a enxergar sinais positivos para a Bolsa. As expectativas para os juros dos Estados Unidos voltaram a cair e o cenário doméstico também apontava sinais de estabilidade. Por isso, a Bolsa disparou 12,54% em novembro, muito por causa da retomada dos aportes de estrangeiros.

Em dezembro, o Ibovespa subiu mais 5,38% e bateu recorde atrás de recorde, impulsionado por fatores como a aprovação da reforma tributária, a elevação da nota de risco do Brasil pela S&P e a percepção de que os juros americanos enfim começarão a cair. Com isso, o Ibovespa chegou ao patamar recorde de 134.392 pontos na máxima do pregão de quinta-feira (29).

O principal índice da B3 terminou o dia (e o ano) ainda na cada dos 134 mil pontos, mais precisamente aos 134.185 pontos. O resultado ajuda a impulsionar as expectativas para o mercado acionário brasileiro em 2024. A perspectiva do mercado é que o Ibovespa continue em alta no início do próximo ano, devido à perspectiva de juros menores.

Melhores e piores do ano

Ações dos setores de construção e varejo figuram entre os melhores e os piores desempenhos da Bolsa brasileira em 2023.

De um lado, essas ações foram favorecidas pela perspectiva de queda dos juros e da retomada do Minha Casa, Minha Vida. Tenda (TEND3) e C&A (CEAB3), por exemplo, chegaram a subir mais de 200% e, por isso, garantiram as maiores altas da B3 em 2023.

Por outro lado, o longo período de juros altos também afetou negativamente o consumo das famílias. Além disso, empresas que pediram recuperação judicial, como Americanas (AMER3) e Oi (OIBR3), acabaram amargando quedas relevantes na Bolsa.

📈 Veja as maiores altas da Bolsa em 2023, segundo a B3:

📉 Veja as maiores quedas da Bolsa em 2023, segundo a B3:

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