Após ata do Copom, mercado vê "longo caminho" até o 1º corte da Selic

Copom voltou a dizer que os juros devem seguir altos "por período bastante prolongado".

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Publicado em 24/06/2025 às 10:31h - Atualizado 18 horas atrás Publicado em 24/06/2025 às 10:31h Atualizado 18 horas atrás por Marina Barbosa
Copom elevou os juros para 15% na última 4ª feira (Imagem: Shutterstock)
Copom elevou os juros para 15% na última 4ª feira (Imagem: Shutterstock)

O Copom (Comitê de Política Monetária) indicou que vai esperar para ver os efeitos da Selic em 15%, reforçando o entendimento do mercado de que os juros devem continuar neste patamar até pelo menos o início do próximo ano.

🏦 Em ata publicada nesta terça-feira (24), o Copom disse que grande parte dos impactos da elevação dos juros "ainda está por vir". Por isso, indicou que vai pausar o ciclo de alta da Selic para analisar os seus desdobramentos.

"O Comitê avalia que, após um ciclo rápido e firme de elevação de juros, antecipa-se, como estratégia de condução de política monetária, interromper o ciclo de alta e observar os efeitos do ciclo empreendido para, então, avaliar se a taxa de juros corrente é apropriada para assegurar a convergência da inflação à meta", disse.

O Copom, no entanto, avisou que ainda pode voltar a subir os juros, se entender que novos ajustes são necessários para levar a inflação de volta à meta.

"O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado", disse.

💲 Além disso, reforçou o recado de que os juros devem seguir em um patamar elevado "por período bastante prolongado devido às expectativas desancoradas".

O Copom persegue uma meta de inflação de 3% ao ano, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%. Contudo, acredita que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) deve subir 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026.

O que pensa o mercado?

Na avaliação do Itaú BBA, a ata do Copom sugere que "os cortes de juros não devem estar na mesa por algum tempo".

Além disso, deixa poucas chances de uma nova alta dos juros, ao avisar que os efeitos do aperto monetário ainda não se concretizaram.

🗓️ O Itaú BBA avalia, então, que a Selic deve ficar nos atuais 15% até o fim do ano, começando a cair apenas em 2026. Para o banco, o caminho até o primeiro corte dos juros será longo.

Da mesma forma, a Ativa Investimentos disse que o BC adotou um tom duro, que reforça a perspectiva de que a Selic permanecerá em 15,0% por "um longo período". Para a casa, os juros só devem começar a cair em meados do ano que vem.

Segundo o último Boletim Focus, o mercado espera que a Selic termine este ano em 15%, mas caia para 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10,00% em 2028.

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Por que o Copom elevou os juros na semana passada?

Na ata, o Copom também explicou por que decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual na última quarta-feira (18), para 15%.

Segundo o comitê, a alta era apropriada porque "a economia ainda apresenta resiliência, o que dificulta a convergência da inflação à meta e requer maior aperto monetário".

Uma desaceleração na atividade econômica, no entanto, é esperada para os próximos meses, devido ao efeito da alta dos juros.

Para o Copom, "o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta".