Balanceamento de Carteira: saiba o que é e como funciona
Investidores perdem seu capital diariamente por cometerem esse erro: acreditar que o dinheiro trabalhará sozinho após uma aplicação.
De fato, esse pensamento faz sentido. Porém, nenhum investidor deve contar apenas com a sorte para seu investimento render.
Dessa forma, para se obter sucesso como investidor é necessário conhecer alguns conceitos importantes.
Dentre eles, o balanceamento de carteira é um dos principais, pois ajuda a manter o equilíbrio entre as aplicações.
Por isso, confira abaixo o que é esse balanceamento, como funciona e como aplicá-lo em seus investimentos.
O que é balanceamento de carteira?
O balanceamento de carteira significa equilibrar os investimentos.
Através do balanceamento é possível organizar e entender como os ativos estão distribuídos, por exemplo, em baixo ou alto risco.
O balanceamento é executado com relação à liquidez, chamado balanceamento de liquidez, em que a disponibilidade de saque do seu dinheiro possui um prazo pré-determinado.
Caso você precise do dinheiro em uma emergência, é importante manter o patrimônio líquido sempre em equilíbrio.
O balanceamento indexador é para aqueles que possuem investimentos atrelados a indexadores econômicos.
Por exemplo, para quem investe no CDI, a diminuição da taxa de juros pode fazer a carteira render menos.
Entretanto, através do balanceamento é possível minimizar os danos. Por isso é importante possuir equilíbrio entre esses investimentos.
Qual a importância do rebalanceamento?
O rebalanceamento é uma forma de acompanhar o desempenho periódico da carteira de investimentos.
A técnica de rebalanceamento é simples e não é necessário ser um especialista em economia.
Para entender melhor o que é o rebalanceamento vamos utilizar um exemplo.
Um investidor resolveu utilizar uma estratégia onde 37% de sua aplicação vai para renda variável e 63% para renda fixa.
Seguindo essa estratégia de balanceamento de carteira a cada R$1.000 investidos, R$370 vai para a renda variável e R$630 para a renda fixa.
Contudo, na prática, os ganhos podem variar e prejuízos podem acontecer. Logo, os rendimentos não serão sempre iguais.
Nesse caso, é necessário balancear o valor total da carteira, de modo a atender a proposta inicial da estratégia.
A situação poderia ser a seguinte: supondo que a renda fixa rendeu 6% e a renda variável 15%, os novos valores seriam:
Carteira Renda Variável: R$ 370 + 15% = R$ 425,50
Carteira Renda Fixa: R$ 630 + 6% = R$ 667,80
Total da carteira: R$ 1.093,30
Com o rebalanceamento, os valores serão redistribuídos em 37% e 63% de R$1.093,30, ou seja, R$404,52 para a renda variável e R$668,78 para a renda fixa.
O balanceamento funciona sempre por essa mesma lógica.
Assim, em um mês você pode aportar mais em uma classe de ativos do que em outra, buscando sempre manter essa proporção 37/63.
As técnicas de balanceamento
Existem outras cinco formas de avaliar o balanceamento de carteira.
As técnicas de balanceamento irão funcionar como um guia para definir o melhor ativo para aplicar e qual atende as necessidades do momento.
Para escolher o melhor balanceamento é preciso entender quais riscos você está disposto a correr, seus atuais compromissos financeiros e quais são os seus objetivos.
Conheça agora os principais métodos para balancear a carteira de investimentos.
Regra dos 60, de Gustavo Cerbasi
Essa é uma estratégia criada por Gustavo Cerbasi, um dos maiores especialistas em finanças pessoais do Brasil.
A regra é bem simples: o investidor deverá aplicar o valor 60% subtraído de sua idade em uma fonte de renda variável.
O investidor deve aplicar o restante em renda fixa.
De forma prática, um investidor de 22 anos deverá aplicar 38% em renda variável e 62% em renda fixa.
Conforme os anos forem passando o percentual de renda variável vai caindo e o de renda fixa aumentando.
O fundamento utilizado por Gustavo Cerbasi para desenvolver essa estratégia é que quanto mais jovens somos mais propensos a correr riscos.
Conforme o investidor envelhece, deve buscar mais estabilidade e segurança em sua vida financeira.
Isso porque a maioria dos jovens não possui muitos compromissos financeiros.
Portanto, é o momento ideal para realizar investimentos com menos preocupações.
Regra dos 80
A aplicação da regra dos 80 é feita da seguinte maneira: o investidor deve subtrair de número 80 a sua idade, o resultado será o percentual a ser investido em uma renda variável.
Por exemplo, um jovem de 27 anos deverá aplicar 53% e conforme for envelhecendo esse percentual cai; logo a mesma pessoa aos 45 anos aplicaria 35%.
Essa regra foi baseada em quatro fatores que validaram sua eficácia, confira:
- Tempo de vida: os jovens possuem mais tempo para capitalizar sobre as flutuações do mercado;
- Propensão ao risco: a princípio, os mais jovens tendem a lidarem melhor com situações de alto risco;
- Recursos: geralmente os jovens possuem menos recursos a serem aplicados. Logo, em uma situação de queda suas perdas não seriam extremamente significativas;
- Equilíbrio permanente: de acordo com a regra, a cada ano 1% do valor investido em renda variável passa para a renda fixa, o que proporciona equilíbrio à estratégia.
Barbella
A estratégia de Barbella aplica 90% do patrimônio em investimentos de menor risco possível, o que no Brasil é representado por títulos públicos como o tesouro direto e CDBs.
O que explica esse modelo de investimento é sua fundamentação: em caso de grandes prejuízos com rendas variáveis, os danos não serão tão alarmantes, uma vez que a maior parte do patrimônio do investidor está aplicado em ativos que possuem menor risco.
E quanto aos outros 10% do patrimônio?
Estes serão aplicados em ativos que tendem a variar de acordo com períodos do tempo e que possuam correlação negativa aos outros 90% investidos.
O objetivo dessa forma de investimento é garantir que o patrimônio não sofra diante de um evento extremo.
Essa estratégia ganhou força quando o escritor, analista de riscos, matemático e estatístico Nassim Nicholas Taleb escreveu sobre em seu famoso livro Antifrágil.
Método Graham (50/50)
O método de Graham analisa a realidade dos investimentos feitos por pequenos investidores ou iniciantes.
O método se baseia no fato que a maioria desses investimentos são contínuos, o que significa que está sempre sendo aplicado um montante por período.
Portanto, esse é o ponto-chave para realizar os cálculos.
Todo o método é explicado no livro de Benjamin Graham, O Investidor Inteligente, denominado pelo próprio autor como um guia clássico para ganhar dinheiro na Bolsa de Valores.
No livro, Graham aborda temas sobre alocação de capital, análise de empresas, mitos e verdades sobre os investimentos.
Aliás, Benjamin foi o mentor do lendário Warren Buffett.
A estratégia consiste em dois passos, a começar pelo capital inicial que é dividido em duas partes: uma para investimentos em renda fixa e outra para renda variável.
Ao se encerrar um período, uma análise de desempenho é feita em cada fundo.
Em seguida, é feito o rebalanceamento da carteira, com outro investimento do mesmo valor inicial.
Personalizada (aquela que cada investidor cria)
Muitas vezes, um investidor prefere criar uma estratégia personalizada, o que também é muito eficiente se feito de maneira correta. O balanceamento de carteira ideal é aquele que irá se encaixar com o perfil do investidor, seu momento da vida e os objetivos com os investimentos.
Perfis de Investidor
Por isso, saiba que existem três perfis de investidor:
- Conservador
- Prioriza a segurança mesmo que isso signifique menos rendimento.
- Melhor opção: investimentos de curto ou médio prazo com baixo risco e alta liquidez.
- Ciente que para obter maiores lucros os riscos serão mais altos e, ainda assim, se expõe ao mercado.
- Mantém a maior parte em renda fixa e uma parte em variável.
- Conhece o mercado financeiro e aceita os riscos em nome dos lucros.
- Adepto a lucros a longo prazo e possui mais de 50% de suas aplicações em renda variável.
Entender e identificar seu perfil de investidor é crucial para criar uma estratégia personalizada que maximizará seus rendimentos e minimizará seus riscos, alinhando seus investimentos com seus objetivos e tolerância ao risco.
Dicas para você fazer o balanceamento de carteira
Apenas escolher um balanceamento de carteira não irá garantir o sucesso de seus investimentos.
Por isso, é preciso utilizar as cinco dicas que demonstraremos agora.
- Perfil de Investidor: saber qual investidor é você é;
- Aplicações mensais: utilize quantias economizadas mensalmente para realizar um novo balanceamento de carteira, buscando sempre manter o equilíbrio;
- Análise periódica: é recomendado realizar uma análise de maneira semestral ou trimestral, para garantir o equilíbrio e sucesso das aplicações realizadas;
- Comprar na baixa, vender na alta: tome cuidado aqui, pois a venda de ativos pode significar perda de dinheiro. Se for vender, determine períodos específicos avaliando as condições do mercado;
- Reduza riscos: fique atento à situação atual do mercado quando estiver distribuindo seu capital. Dessa maneira, você pode vender ativos que estão em risco e substituí-los por outros mais seguros.
Todo investimento envolve algum risco, disso não há dúvidas.
Entretanto, para que avance no mundo dos investimentos, sendo júnior ou sênior, estude e pratique todas as estratégias e dicas de balanceamento.
Caso queira atuar no mercado financeiro, aprenda a ter segurança e conheça seus próprios limites.
Por isso, existe mais de uma estratégia de balanceamento de carteira para atender diferentes investidores.
É claro que seu propósito pode mudar ao longo de sua jornada, por isso, nunca deixe de reavaliar todos os seus conceitos e técnicas.
Ademais, se estiver com receio de iniciar sozinho, confira nosso artigo se vale a pena ou não contar com ajuda de uma casa de análise.
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