Real é a moeda que mais se desvalorizou em abril, veja ranking
O dólar se fortaleceu com a tensão no Oriente Médio e voltou a ser negociado acima dos R$ 5,18.
O dólar tem se fortalecido com a escalada da tensão no Oriente Médio e das dúvidas sobre o corte de juros nos Estados Unidos. Mas o Brasil é o país mais afetado pelo movimento até o momento. É que o real foi a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar em abril.
💵 O real caiu 3,4% frente ao dólar nos primeiros 15 dias de abril. Com isso, o dólar fechou a segunda-feira (15) cotado a R$ 5,18, o maior nível em mais de um ano. E a moeda segue em alta nesta terça-feira (16). Na máxima do dia, chegou a ser negociada a R$ 5,28.
A desvalorização de 3,4% sofrida pelo real até a segunda-feira (15) foi a maior entre uma seleção de 118 moedas, segundo levantamento do economista da Austin Rating, Alex Agostini. O peso argentino, por exemplo, aparece só na 27ª posição do ranking, com uma desvalorização de 1,3%.
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Alex Agostini explicou que as incertezas externas provocam uma fuga de capital de países emergentes em direção aos Estados Unidos. Afinal, em um cenário de risco, os investidores preferem alocar seu capital em ativos de maior segurança, como os Treasuries americanos.
📉 No Brasil, contudo, essa saída de capital foi acentuada pela situação fiscal. O governo federal mudou as suas metas de resultado primário na segunda-feira (16), adiando a projeção de um superávit de 2026 para 2028 e reforçando a preocupação do mercado com as contas públicas
"O Brasil lidera esse ranking não só por conta da mudança de perspectiva do cenário internacional. No Brasil, esse movimento é mais intenso porque se une à questão fiscal, que já vinha preocupando o mercado e se intensificou quando o governo anunciou que deve mudar a meta de 2025", afirmou Agostini.
Ranking
Veja as 10 moedas que mais se desvalorizaram frente ao dólar em abril, até o dia 15:
- Real: -3,4%;
- Peso uruguaio: -3,2%;
- Rupia mauriciana: -2,9%;
- Won sul-coreano: -2,8%;
- Shekel israelense: -2,0%;
- Iene japonês: -1,9%;
- Libra egípcia: -1,8%;
- Coroa sueca: -1,7%;
- Dongue vietnamita: -1,6%;
- Dólar canadense: -1,6%.
O levantamento completo considera 118 moedas diferentes. Desse total, 61 se desvalorizaram frente ao dólar, outras 34 ficaram no zero a zero e outras 23 apresentaram valorização em relação ao dólar nos primeiros 15 dias de abril.
A moeda que mais se valorizou foi a Naira da Nigéria, com uma alta de 22,8%. O salto é fruto de medidas tomadas pelo governo local com o intuito de frear uma desvalorização histórica, como a liquidação de pendências cambiais e o bloqueio de exchanges de criptomoedas.
O caso da Nigéria, contudo, é uma exceção. Na avaliação de Alex Agostini, os números mostram que a desvalorização é um fenômeno global, que tem afetado especialmente países em desenvolvimento e países que apresentam questões internas como o Brasil, mas também países desenvolvidos.
"Praticamente a metade das moedas mostrou perda de valor frente ao dólar. Não é um movimento pontual. Isso reflete a preocupação de que a tensão no Oriente Médio suba ainda mais com um conflito entre Israel e Irã, o que pode impactar o preço do petróleo, além da discussão sobre a queda dos juros nos Estados Unidos", afirmou Alex Agostini.
Risco inflacionário
O economista da Austin Rating lembrou que a alta do preço do petróleo pode afetar a inflação, que segue acima da meta nos Estados Unidos, adiando ainda mais o corte dos juros americanos.
"Até então, o que se discutia era de que a taxa começaria a cair em junho. Mas a inflação veio mais forte do que o esperado em março e agora há essa questão externa. A preocupação é de isso mude de novo o cenário dos juros, inclusive com o risco de uma nova alta", afirmou.
A inflação e os juros brasileiros também podem ser afetados por esse cenário, sobretudo pela alta do dólar. Afinal, o aumento do dólar impacta os preços dos combustíveis e de produtos importados, como o trigo, que, por sua vez, afetam uma série de outros itens.
Hoje, Alex Agostini acredita que o Copom (Comitê de Política Monetária) cortará a taxa Selic em 0,5 ponto percentual na reunião de maio, reduzirá o ritmo de cortes para 0,25 ponto percentual depois disso e entregará uma Selic de 9,25% ao final de 2024. Ele diz, contudo, que os cortes da Selic podem parar antes do previsto se o dólar continuar em alta.
"O Copom já vem sinalizando a preocupação com o cenário externo, principalmente com a política monetária dos países desenvolvidos. Caso tenha de fato uma mudança no cenário base, essa preocupação ganha evidência. Se tem uma continuidade da desvalorização do real, o risco de não cumprir a meta de inflação aumenta e a curva de juros precisará ser ajustada", alertou.
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