PIB do Brasil cresce 1,4% no 1º tri, puxado pelo agro

Enquanto a agropecuária avançou 12,2%, os serviços subiram 0,3% e a indústria recuou 0,1%.

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Publicado em 30/05/2025 às 09:13h - Atualizado 13 horas atrás Publicado em 30/05/2025 às 09:13h Atualizado 13 horas atrás por Marina Barbosa
Agro foi destaque do PIB do 1T25 (Imagem: Shutterstock)
Agro foi destaque do PIB do 1T25 (Imagem: Shutterstock)

A economia brasileira cresceu 1,4% e atingiu R$ 3,0 trilhões no primeiro trimestre deste ano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

📈 O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) mostra uma aceleração em relação aos trimestres anteriores. Afinal, a economia brasileira havia crescido apenas 0,1% no quarto trimestre e 0,8% no terceiro trimestre de 2024.

O dado, no entanto, ficou levemente abaixo do esperado pelo mercado e pelo governo.

O mercado projetava um crescimento de aproximadamente 1,5% do PIB no primeiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior.

Já o governo havia elevado a sua projeção de 1,5% para 1,6% na semana passada, citando o "forte crescimento esperado para a produção agropecuária" e resultados "pouco melhores que o esperado para a indústria e serviços"

Setores

🌱 De acordo com o IBGE, a agropecuária avançou 12,2% e sustentou o crescimento do PIB no primeiro trimestre.

Coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis disse que "a agropecuária está sendo favorecida pelas condições climáticas favoráveis".

"É esperada uma safra recorde de soja, nosso produto agrícola mais importante", lembrou.

Além disso, o setor conta com uma baixa base de comparação, já que teve um resultado negativo no ano passado.

Já o setor de serviços e a indústria andaram de lado, diante dos juros altos e da inflação resiliente.

💻 Responsável por 70% da economia brasileira, os serviços cresceram 0,3%. O setor foi puxado sobretudopelos serviços de informação e comunicação, que avançaram 3% em meio à expansão da internet e ao desenvolvimento de sistemas.

As outras atividades de serviços também tiveram um desempenho positivo. O único recuo foi de transporte, armazenagem e correio (-0,6%).

🏭 Por outro lado, a indústria recuou 0,1%, afetada pelo desempenho negativo das indústrias de transformação (-1,0%) e da construção (-0,8%).

Este foi o primeiro baque do setor industrial neste governo Lula (PT). A coordenadora do IBGE explicou que o setor "está sendo negativamente afetado pela política monetária restritiva".

Com a Selic em 14,75%, apenas as indústrias extrativas (2,1%) e o setor de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (1,5%) tiveram desempenho positivo no primeiro trimestre.

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Demanda

Pelo lado da demanda, o PIB do primeiro trimestre foi puxado pelos investimentos e também pelo consumo das famílias.

💲 A Formação Bruta de Capital Fixo, que reflete os investimentos do setor produtivo, avançou 3,1% em relação ao quarto trimestre de 2024.

Já a despesa de consumo das famílias cresceu 1%, diante do mercado de trabalho aquecido.

A despesa de consumo do governo, por sua vez, registrou estabilidade, com uma leve alta de 0,1%.

No setor externo, foram registradas altas de 5,9% das importações e de 2,9% das exportações de bens e serviços.

Comparação anual

Em relação ao primeiro trimestre de 2024, o PIB do Brasil cresceu ainda mais: 2,9%. E, neste caso, todos os setores tiveram alta:

  • Agropecuária: 10,2%;
  • Indústria: 2,4%;
  • Serviços: 2,1%.

Com isso, o PIB acumulado nos últimos quatro trimestres cresceu 3,5%.

Segundo o Boletim Focus, o mercado acredita que a economia brasileira vai crescer 2,14% neste ano.

A projeção dos analistas subiu nas últimas duas semanas. Ainda assim, é menor do que a do governo.

A Fazenda espera uma alta de 2,4% do PIB em 2025, devido ao crescimento forte do primeiro trimestre e também ao aumento da produção agropecuária.

A expectativa do governo, no entanto, é de que esse crescimento desacelere nos próximos trimestres, ficando próximo da estabilidade.

"A partir do segundo trimestre de 2025, a contribuição do setor agropecuário para o crescimento deverá se tornar negativa, junto com a redução no ritmo de expansão de atividades cíclicas na comparação interanual", explicou a Fazenda, citando "os efeitos contracionistas da política monetária" sobre essas atividades.