Febraban defende que uso de cartão de crédito seja proibido em apostas

Presidente classifica que bets são uma bomba-relógio para renda

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Publicado em 02/09/2024 às 12:58h - Atualizado 13 dias atrás Publicado em 02/09/2024 às 12:58h Atualizado 13 dias atrás por Wesley Santana
(Imagem: Shutterstuck)
(Imagem: Shutterstuck)

💳 Um levantamento feito pelo Itaú mostrou que os brasileiros gastaram mais de R$ 68,2 bilhões em apostas esportivas entre junho de 2023 e junho de 2024. Deste montante, os apostadores receberam de volta R$ 44,3 bilhões, o que mostra que as casas lucraram R$ 23,9 bilhões no intervalo de um ano.

Na última semana, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, comentou sobre os dados e disse que o aumento de renda da população pode ser consumido pelas bets, caso do jogo do tigrinho. Segundo ele, há uma forte preocupação dos bancos e redes de varejo, que foram ao BC comentar a situação.

Posicionamento parecido tem a Febraban (Federação dos Bancos) que classificou as apostas esportivas como uma “bomba-relógio”. De acordo com o presidente Isaac Sidney, as instituições financeiras podem começar a ficar mais seletivas na concessão de crédito quando analisados aqueles consumidores que fazem apostas.

Em sua análise, Sidney defende que o Banco Central proíba que apostas esportivas sejam pagas com cartão de crédito imediatamente. A proposta de regulamentação prevê que a medida só entre em vigor em janeiro de 2025.

“Eu particularmente entendo – é uma posição pessoal – que o governo deveria usar todos os meios legais para proibir, imediatamente, o uso do cartão de crédito para a realização dos jogos. A proibição feita ainda não está sendo observada. O cartão é um produto fundamental e seu uso para apostas vai afetar bastante o consumo das famílias e a economia”, afirmou Sidney, em entrevista ao Estadão.

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Investidores tiram de ações para bets

Uma reportagem da revista norte-americana Fortune mostrou que há um movimento de pessoas que estão se endividando por causa das apostas esportivas. Nos Estados Unidos, Rob Minnick contraiu sua primeira dívida aos 19 anos, durante uma aula de matemática, fazendo um jogo online.

O jovem garantiu aos seus pais que nunca mais voltaria a fazer isso, mas, ao longo de seis anos, fez outras diversas apostas. No começo da pandemia, quando o mercado de renda variável apresentava baixa, retirou seu portfólio de ações e criptomoedas para alimentar o vício em apostas.

“Meu pensamento era: eu preciso tirar esse dinheiro e recuperá-lo agora, e então eu comprarei o dobro do que acabei de ter, e então eu o manterei”, afirmou ele à reportagem. O que foi projetado por Minnick não se cumpriu, mas ele se tornou um influenciador digital que cria conteúdo para pessoas que querem se livrar do vício em jogos.

O professor associado de finanças da Universidade Noethwestern avalia que as apostas esportivas são uma posição de perda de dinheiro para a maioria das pessoas. “Na média, isso está representando um dreno nas finanças das pessoas”, afirmou.