Banco do Brasil (BBAS3) injeta R$ 85 bi no agro e projeta R$ 230 bi em 2026

Os números foram apresentados por Gilson Bittencourt, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do BB, durante coletiva.

Author
Publicado em 03/12/2025 às 15:41h - Atualizado 2 minutos atrás Publicado em 03/12/2025 às 15:41h Atualizado 2 minutos atrás por Matheus Silva
Os dados consideram o período até o final de novembro (Imagem: Shutterstock)
Os dados consideram o período até o final de novembro (Imagem: Shutterstock)
💲 O Banco do Brasil (BBAS3), principal financiador do setor agropecuário no país, anunciou que já desembolsou R$ 85 bilhões em crédito voltado ao agronegócio desde o início da safra 2025/26, iniciada em 1º de julho deste ano.
Os dados consideram o período até o final de novembro e incluem operações como crédito rural, Cédulas de Produto Rural (CPRs), crédito agroindustrial e capital de giro para empresas da cadeia de valor do agro.
Apesar do volume expressivo, o valor representa uma queda de aproximadamente 19% na comparação com os R$ 105 bilhões desembolsados no mesmo período da safra anterior (2024/25). 
Os números foram apresentados por Gilson Bittencourt, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do BB, durante coletiva.

Retração no crédito rural e menor apetite por investimentos

Dentro do montante total desembolsado, o crédito rural tradicional somou R$ 78,3 bilhões, valor também inferior aos R$ 96 bilhões registrados no acumulado da safra passada até novembro.
Segundo Bittencourt, a redução já era esperada diante do cenário macroeconômico atual, especialmente por conta dos juros elevados, da compressão de margens no campo e da menor rentabilidade dos principais produtos agrícolas.
“Este é um momento de reorganização do fluxo de caixa. Apenas produtores com situação financeira saudável e baixa alavancagem estão investindo. A maioria está postergando decisões de investimento, aguardando possível queda na taxa Selic”, afirmou o executivo.
O banco estima que os investimentos agrícolas sofreram retração de 35% a 40% em relação ao mesmo período do ciclo anterior.

Expectativa de recuperação até o fim da safra

Apesar do ritmo mais lento no início da safra, o Banco do Brasil mantém uma projeção otimista para o restante do ciclo. 
A expectativa é de que a contratação de crédito se acelere nos próximos meses, atingindo o plano total de R$ 230 bilhões em financiamentos ao agro até junho de 2026 — volume 2% superior ao desembolsado na safra 2024/25.
Desse total previsto:
  • R$ 106 bilhões serão destinados à agricultura empresarial (grandes produtores, cooperativas e agroindústrias);
  • R$ 54 bilhões à agricultura familiar e médios produtores;
  • R$ 70 bilhões a operações na cadeia de valor do agro (logística, insumos, armazenagem e outras).
Bittencourt também destacou que diversas linhas de crédito rural já se aproximam do limite operacional, e o banco deve solicitar remanejamentos internos ainda em dezembro.

Agricultura familiar mantém ritmo

Enquanto o crédito rural para a agricultura familiar avança dentro das expectativas, as linhas destinadas a grandes produtores estão abaixo do ritmo histórico, tanto em investimentos quanto em custeio. 
O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) também apresenta desempenho semelhante ao da safra anterior, sugerindo um cenário mais equilibrado entre os médios produtores.
“O produtor está mais cauteloso e atento ao cenário de preços e custos. Há menos procura por crédito a taxas livres”, acrescentou o executivo.
Safra avança, mas La Niña preocupa
Do ponto de vista operacional, a safra 2025/26 segue dentro da normalidade, com grande parte das áreas já plantadas e sem indicativos de recuo expressivo na área cultivada. 
O BB acompanha de perto os possíveis impactos do fenômeno climático La Niña, mas, por ora, a expectativa é de estabilidade na produção, segundo projeções da Conab e do IBGE.
📊Contudo, os custos elevados de produção, especialmente em regiões menos produtivas, tendem a pressionar as margens. “Áreas com custo mais alto já começam a se tornar menos viáveis. Se houver redução do pacote tecnológico, isso pode afetar a produtividade, mas ainda é cedo para afirmar”, pontuou Bittencourt.

BBAS3

Banco do Brasil
Cotação

R$ 22,43

Variação (12M)

-4,94 % Logo Banco do Brasil

Margem Líquida

4,19 %

DY

5.97%

P/L

9,96

P/VP

0,70