Banco Central do Brasil é eleito "BC do ano", entenda
A revista inglesa Central Banking citou o trabalho de combate à inflação no Brasil ao conceder o prêmio
O BCB (Banco Central do Brasil) foi escolhido o "Banco Central do Ano de 2024" pela revista Central Banking. Ao conceder o prêmio nesta terça-feira (12), a publicação destacou a autonomia da autoridade monetária e o trabalho de combate à inflação no Brasil.
🏦 A autonomia do Banco Central do Brasil foi aprovada em 2021 e, na avaliação da revista, assegura a autoridade do BC de "garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, promover um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo e promover o bem-estar econômico da sociedade".
A Central Banking citou, em especial, o recente trabalho de combate à inflação no Brasil. A revista lembrou que, assim como outros países, o Brasil sofreu com o avanço dos preços na saída da pandemia de covid-19. Contudo, disse que, diferente de outros bancos centrais, o brasileiro reagiu rápido ao problema.
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O Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa Selic de 2% em março de 2021 para 13,75% em setembro de 2022. E, apesar das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos juros altos, só começou a afrouxar a política monetária quando a inflação havia caído para um patamar próximo ao da meta.
💲 A inflação atingiu o pico de 12,13% em abril de 2022 e atingiu 3,16% em junho de 2023, quando a meta de inflação era de 3,25%. Dois meses depois, o Copom começou a reduzir a taxa básica de juros. Hoje, a Selic está em 11,25%, mas a expectativa do mercado é de que a taxa termine o ano em 9%.
Autonomia em teste
Na avaliação da Central Banking, a autonomia do Banco Central do Brasil foi colocada em teste nas eleições de 2022 e no início do novo governo Lula. Afinal, o presidente da República fez duras críticas aos juros altos, alegando que a taxa definida pelo BC estava prejudicando a economia.
Lula, por sinal, voltou a criticar os juros nesta semana. Depois de amenizar o tom e passar a ter reuniões com o presidente do BC, Roberto Campos Neto; o presidente brasileiro disse na segunda-feira (11) que "não existe nenhuma explicação", a não ser "a teimosia do presidente do Banco Central" para que os juros estejam no atual patamar no Brasil.
A Central Banking avaliou, contudo, que o BCB resistiu às pressões de Lula e cortou os juros apenas quando julgou apropriado, preservando a sua autonomia. "Apesar deste cenário, o BCB tem se esforçado para cumprir suas obrigações de metas de inflação e, ao mesmo tempo, modernizar o sistema financeiro do país", ressaltou a revista.
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Em nota de agradecimento pelo prêmio de "Banco Central do Ano", Roberto Campos Neto disse que o BC agiu de forma proativa para combater a inflação e avaliou que essa estratégia tem surtido efeitos.
"Após os grandes choques que afetaram a economia global nos últimos anos, o BC atuou de forma proativa. Essa estratégia vem gerando resultados positivos, reduzindo a inflação com menores custos em termos de atividade econômica", afirmou Campos Neto.
A Central Banking também destacou o trabalho de melhoria da comunicação, o compromisso ambiental e o avanço da agenda de modernização do sistema financeiro brasileiro ao conceder o prêmio de "Banco Central do Ano de 2024" para a autoridade monetária brasileira. No quesito inovação, o destaque ficou com o Pix, o Drex (o real digital, que deve ser lançado ainda em 2024) e o Sistema de Valores a Receber, que permite aos brasileiros checar se há algum "dinheiro esquecido" nos bancos.
Campos Neto agradece servidores
Em nota de agradecimento, Roberto Campos Neto disse que o prêmio de "Banco Central do Ano" é um "reconhecimento da excelência do corpo técnico da instituição, cujo trabalho tem contribuído para a estabilidade do poder de compra da nossa moeda e para a solidez e a eficiência do sistema financeiro brasileiro".
Os servidores do BC estão em operação padrão desde julho de 2023 e chegaram a fazer uma greve de 48 horas em fevereiro de 2024 para cobrar avanços na negociação salarial com o governo federal. A mobilização tem causado atrasos na divulgação de relatórios do BC, como o Boletim Focus.
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