ETF no Brasil: quais as perspectivas desse mercado?

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Publicado em 08/01/2021 às 12:27h - Atualizado 3 anos atrás Publicado em 08/01/2021 às 12:27h Atualizado 3 anos atrás por Redação
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Investir em ETF é uma ótima opção para diversificação da carteira, além de apresentarem menores riscos na renda variável. Contudo, quais são as perspectivas para o futuro?Além disso, entenda neste artigo mais sobre os fundos ETF antes de fazer seus investimentos. Vamos lá?

O que é ETF?

O que é um ETF

Pessoas analisando o gráfico - Foto por Freepik.[/caption] A sigla ETF vem do termo em inglês Exchange Traded Fund. Traduzindo e adaptando a Língua Portuguesa, significa Fundos de Investimentos em Índices. Ele é um ativo negociado diretamente na Bolsa de Valores, durante o pregão. Um fundo de investimento é formado por um grupo de investidores. Pense em um bolão da Mega da Virada de 2020. Se 40 pessoas compram o bilhete e ganharem, o prêmio será dividido entre as partes. Quem pagou mais consequentemente receberá um valor maior do que aquele cuja aposta for menor. De forma análoga e com suas limitações, o fundo de investimentos reúne o capital de várias pessoas e o rentabiliza em produtos financeiros. Ao final de um determinado período estipulado, o lucro é dividido entre os participantes. Beleza, você entendeu o que é um fundo de investimento. Agora vou elucidar sobre os índices. Um índice financeiro nada mais é do que um ranking, uma lista. Há vários tipos de índices. Vou usar como exemplo o IbrX-100. Fazem parte deste índice as 100 empresas com mais volume de negociação na Bolsa de Valores do Brasil. É um indicador, que pode subir ou descer, se comportando da mesma forma que uma ação qualquer. Quem faz o indicador IbrX-100 ficar mais caro ou barato? As empresas que o compõe. Claro que a posição número 1 terá influência maior do que a empresa colocada em 100º lugar. Entendendo isso, vamos avançar para concluir o entendimento sobre ETF. Na B3 existe um ETF chamado BRAX11. Este ETF segue o índice IbrX-100. Você pode comprar e vender BRAX11. Em outras palavras, ao invés de você estar negociando ações de uma empresa, você negociará um índice através de uma ETF. Dessa forma, o fundo ETF irá buscar imitar as oscilações do índice ao investir nas mesmas empresas que o compõem. Contudo, os fundos podem ter alocação de recursos com proporções diferentes do índice. Por isso, é importante ler a documentação do fundo antes de investir para entender qual é a estratégia.

Vantagens ao investir em ETF

Vantagens de fundos ETF

Entenda os motivos de investir em um fundo ETF. Foto por Freepik.[/caption] Comprar e vender índices permite obter boas vantagens em comparação com outras modalidades de investimento. Veja algumas:

Diversificação da carteira

Usando o mesmo exemplo anterior, algumas empresas que compõem o IbrX-100 são a Petrobras, Vale, Banco do Brasil, Ambev e Cogna. O que representa uma carteira bem diversificada.Você poderia comprar ações separadamente e investir em cada uma dessas empresas. Por outro lado, se você quer diversificar a carteira, é possível adquirir, por exemplo, o BRAX11, que automaticamente você estará exposto a diferentes empresas.Lembrando que não estamos recomendando investimentos. Menções a qualquer ativo neste artigo são meramente ilustrativos para ser mais fácil o entendimento. 

Fácil administração e acompanhamento de resultados

Todo fundo de investimento possui um gestor. Esta pessoa faz as compras e vendas das ações que compõem o índice. Mesmo que pareça que alguma empresa está caindo, esse gestor não tem autorização para ignorar isso e tirar essa ação da lista do ETF.A única possibilidade de ser alterado uma regra é quando existe a troca de posições no ranking, quando uma companhia entra e outra sai da lista.Portanto, os resultados dos seus investimentos serão muito próximos aos índices. Então, ao invés de comprar 100 ações em separado e ter de olhar 100 gráficos diferentes para decidir se irá permanecer ou não posicionado, é muito mais prático adquirir um ETF e acompanhar a rentabilidade através no IbrX-100.

Volatilidade controlada

Define-se por volatilidade a movimentação do mercado. Quanto mais volátil um ativo é, mais o preço tende a se movimentar, seja subindo ou descendo.Pense no seguinte cenário: um investidor possui ações de 3 empresas listadas no índice. Em um determinado dia, estas 3 empresas caem e ele acaba perdendo dinheiro.No entanto, o índice IbrX-100 talvez não se desvalorize tanto assim. Isso porque 3 empresas tiveram uma queda significativa, porém 50 tiveram subida de preço e outras 47 não se alteraram. Isso oferece um equilíbrio ao índice.As ETF possibilitam ter mais segurança financeira em relação a uma ação individual.

Baixo custo

Os custos relacionados à taxa administrativa cobrada pelos gestores de ETF’s são menores do que outros fundos de investimentos tradicionais, como o imobiliário.Além disso, as taxas de corretagem e emolumentos cobrados pelos corretores e pela própria Bolsa são mais baixas para ETF do que para ações em separado.A única regra para adquirir ETF’s é o número de lote mínimo, que costuma ser de 10 cotas.

Investidores iniciantes em renda variável são os mais adequados aos ETF’s

Após apresentar as quatro vantagens, está nítido dizer que quem está começando agora na Bolsa de Valores podem dar preferência ao ETF como primeiro investimento. Esta modalidade oferece menores custos e menor risco.O caminho mais correto é iniciar com ETF e ir estudando aos poucos sobre o mercado, conhecendo melhor as empresas que compõem o índice e, posteriormente, fazer alocações à parte.

ETF no Brasil: qual é o cenário atual?

Fundos ETF ainda possuem baixa representatividade no Brasil.

Fundos ETF ainda possuem baixa representatividade no Brasil, por isso possuem muito espaço para crescerem. Foto por Freepik.[/caption] Os ETF estão em ritmo de crescimento. Segundo a Infomoney, a média do volume de negociações diário em ETF foi de R$ 432 milhões em 2018, R$ 780 milhões em 2019 e no início de 2020 essa quantia atingiu R$ 1,5 bilhões. Apesar desse crescimento, esta categoria está muito longe de ser a preferência do mercado brasileiro. Atualmente, os ETFs representam apenas 0,2% dos fundos negociados. Embora essa estatística seja datada de 2017, antes do aumento do volume de negócios observados nos anos seguintes, a realidade proporcional é idêntica ao momento atual (dezembro/2020). Olhando para o cenário internacional, percebe-se que o Brasil está atrás de muitos países, alguns com Bolsas de Valores de mesmo tamanho ou menores do que a nossa. Os dados levantados pela IIFA – The Internacional Investment Funds Association sobre a representatividade dos ETF’s demonstram o quão pouco é difundido essa modalidade:

  • Japão - 18,07%
  • EUA - 16,37%
  • Irlanda - 16,26%
  • Canadá - 1013%
  • China - 4,60%
  • Luxemburgo - 4,38%
  • Alemanha - 2,35%
  • França - 1,87%
  • Chile - 0,34%
  • Brasil - 0,31%
Esses dados mostram o quanto pode se evoluir os investimentos em ETF’s aqui no Brasil.Vale ressaltar que o número baixo reflete a questão cultural: o Brasil não é um país de investidores. Para aumentar a contribuição não somente dos ETF’s, mas de outros ativos na Bolsa, é preciso um trabalho de educação financeira a longo prazo para quebrar paradigmas e hábitos de muitos anos de história.

Principais ETF na Bolsa de Valores Brasileira

No total, são 21 ETF’s disponíveis aos investidores (confira a lista completa aqui). Abaixo constam as principais:
  • PIBB11: semelhante ao BRAX11, este ETF acompanha o IbrX-50, o ranking das maiores 50 empresas da Bolsa
  • BOVA11: este está anexado ao índice Bovespa, ou seja, mede a participação de todas as ações listadas na B3
  • SMAL11: estão inseridos neste ETF todas as empresas categorizadas como Small Caps. São empresas de menor porte que não possuem tantos negócios como as Blue Chips.
  • DIVO11: compõem as empresas que pagam os maiores dividendos por cotas de ações, o famoso dividend yield.
  • IVVB11: este ETF segue o índice S&P 500, que é a lista das 500 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores dos EUA.

Custos

Ao investir em ETF, é importante atentar-se a 4 tipos de custos diferentes que são descontados no encerramento das posições (quando você decide se desfazer das suas cotas). São eles:
  • Taxa de administração: são os valores destinados aos gestores dos fundos. Normalmente esse percentual fica entre 0,2 a 0,8% ao ano.
  • Emolumentos: esses são pagos à B3, que também é uma empresa que presta serviços ao possibilitar a negociação de produtos financeiros.
  • Taxa de corretagem: as corretoras de investimentos também precisam lucrar e por isso cobram taxas por cada operação realizada.
  • Imposto de renda: 15% do lucro obtido com as ETF precisam ser pagas ao Governo como forma de IR. Não há isenção para nenhuma faixa de valores (com ações, abaixo de R$ 20 mil por mês, essa taxa não é cobrada).
Custos de investir em ETF

É preciso atenção com os custos dos fundos para não ter seu rendimento anulado por eles. Foto por Freepik.[/caption]

Conclusão

Enfim, sabemos agora que o investimento em ETF no Brasil ainda tem muito espaço para crescer. Afinal, a modalidade representa nem mesmo 1% dos fundos no Brasil.Além do mais, entendemos que os fundos ETF conseguem trazer duas características interessantes para nossa carteira: diversificação e pulverização do risco.Por essas e outras características, esse tipo de investimento também pode ser uma boa pedida para quem ainda está começando.Aliás, para iniciantes, fundos de investimento são ótimas oportunidades. Quer entender mais sobre eles? Clique aqui e entenda o que são os fundos de investimentos!