Taurus (TASA4): Lucro cai 74,8% no 3º tri, para R$ 26 milhões

Endurecimento da legislação brasileira e redução do mercado americano pesaram no resultado

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Publicado em 07/11/2023 às 19:45h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 07/11/2023 às 19:45h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Taurus é a maior fabricante de revólveres do mundo (Shutterstock)
Taurus é a maior fabricante de revólveres do mundo (Shutterstock)

A fabricante de armas Taurus (TASA4) viu o seu lucro despencar 74,8% no terceiro trimestre de 2023, em meio ao endurecimento das regras para aquisição de armas no Brasil e a desaceleração do consumo nos Estados Unidos.

Segundo balanço publicado nesta terça-feira (7), a companhia registrou um lucro líquido de R$ 26 milhões no terceiro trimestre de 2023. No mesmo período de 2022, o resultado havia sido de R$ 103,1 milhões.

No acumulado do ano, o cenário também é negativo para a empresa. A Taurus acumula um lucro líquido de R$ 110,3 milhões nos nove primeiros meses de 2023, 72,4% menor que o registrado no mesmo período de 2022 (R$ 428,1 milhões).

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"O ano de 2023 tem se apresentado como um ano singular para a Taurus, especialmente considerando a quase inatividade do mercado doméstico frente à insegurança jurídica do setor. Isso após uma conjuntura bastante diferente em 2022, quando a Companhia obteve resultados recordes, com as vendas aquecidas no mercado brasileiro e o aumento sem precedentes verificado na demanda por armas nos EUA, que representa o principal mercado para os produtos da Taurus", afirma o balanço da Taurus.

Brasil endurece regras de acesso a armas

A Taurus registrou resultados recordes em meio ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que facilitou o acesso a armas no Brasil. Essas regras, no entanto, foram revistas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O novo governo disse que o objetivo era controlar de forma mais efetiva o acesso a armas e munições no país, reduzir a violência armada e garantir a segurança no país.

A fabricante de armas Taurus diz, no entanto, que as regras anunciadas pelo governo Lula ainda não foram inteiramente regulamentadas e, por isso, criaram um "compasso de espera" no mercado. Segundo a empresa, os consumidores estão no aguardo da "normalização dos processos legais e os revendedores cautelosos, mantendo seus estoques bastante baixos".

"A demanda no mercado brasileiro segue reprimida até que o aspecto jurídico esteja plenamente esclarecido e os processos de autorização para a compra de armas normalizados. Quando isso ocorrer, estaremos prontos para atender os consumidores", afirmou o CEO da Taurus, Salésio Nuhs, em mensagem anexada ao balanço da empresa.

A mensagem da administração também aponta uma redução do consumo nos Estados Unidos como motivo para a redução do lucro. Segundo a Taurus, o mercado norte-americano caminha para retomar os níveis pré-pandemia, embora ainda apresente resultados superiores aos de 2019. 

A empresa diz, contudo, que pode haver um aumento na procura por armas em 2024, por causa das eleições presidenciais americanas. "Historicamente, a insegurança com relação à política a ser adotada para o setor por parte do presidente a ser eleito leva ao aumento da demanda", afirmou.

Produção e vendas caem

Diante desse cenário, as vendas da Taurus recuaram 77% no Brasil em 2023. No terceiro trimestre, a queda foi de 82,4%. Ao todo, a empresa vendeu 18 mil unidades no mercado brasileiro no trimestre e 66 mil armas no acumulado de 2023. 

No mercado americano, a queda foi menor, de -26,5% no trimestre e -22,7% no acumulado do ano. A Taurus comercializou 263 mil armas nos Estados Unidos no terceiro trimestre, chegando a um volume de 871 mil unidades no ano. 

Com isso, a Taurus também reduziu a fabricação de armas. A empresa produziu 301 mil unidades no trimestre, totalizando 1 milhão no ano. A queda foi de 26,9% no trimestre e 33,1% no ano. A empresa diz, contudo, que a produção dos nove primeiros meses de 2023 supera em 6,3% o registrado no mesmo período de 2019, antes da pandemia de covid-19. 

Além disso, a empresa destacou mudanças no seu mix de produção. A companhia ampliou a produção de revólveres, porque vê a demanda americana mais voltada para este segmento. Ademais, está desenvolvendo um calibre .38 dentro dos novos limites da legislação brasileira.

"Para nos adaptar aos diferentes momentos dos mercados, focamos na eficiência e baixo custo de produção, o que nos permitiu obter resultados dentro de nossas expectativas, com crescimento em relação ao registrado em 2019, período pré-pandemia, e com margens brutas superiores à média de empresas estrangeiras do setor. No 3T23, nossa margem bruta foi de 37,5%, frente a 20,5% da Ruger e 26,6% da Smith & Wesson que, como tem seu exercício social encerrado em 31 de abril, se refere ao último resultado divulgado, do 1T24 (maio a julho de 2023)", disse o CEO da Taurus, no balanço.