Tarifa de Trump: Veja os produtos que o Brasil mais vende para os EUA

Os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações brasileiras.

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Publicado em 10/07/2025 às 11:30h - Atualizado 14 horas atrás Publicado em 10/07/2025 às 11:30h Atualizado 14 horas atrás por Marina Barbosa
Petróleo, ferro, aço e café são alguns dos produtos mais exportados para os EUA (Imagem: Shutterstock)
Petróleo, ferro, aço e café são alguns dos produtos mais exportados para os EUA (Imagem: Shutterstock)

A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros deve afetar diversos setores (e, consequentemente, empresas) da economia nacional.

💲 Isso porque os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações brasileiras, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior. E a pauta exportadora é ampla, passando por commodities a bens industriais.

O produto brasileiro mais comprado pelos americanos é o petróleo. Só no primeiro semestre deste ano, foram US$ 2,37 bilhões em vendas.

As exportações de ferro, aço, café e aeronaves também chegaram à casa do bilhão. Contudo, os produtores de carne, celulose e suco de laranja também destinam boa parte da sua produção para os Estados Unidos e, por isso, acompanham com preocupação as tarifas de Trump.

Veja os produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA no 1º semestre de 2025:

  • Óleos de petróleo ou de minerais betuminosos: US$ 2,37 bi;
  • Produtos semi-acabados de ferro ou aço: US$ 1,95 bi;
  • Café não torrado: US$ 1,16 bi;
  • Aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes: US$ 1,04 bi;
  • Ferro: US$ 865,8 mi;
  • Carne bovina congelada e desossada: US$ 737,8 mi;
  • Celulose (pastas químicas de madeira): U$ 668,6 mi;
  • Suco de laranja: US$ 654,7 mi;
  • Materiais de construção: US$ 386,1 mi;
  • Transformadores: US$ 343,8 mi.

Empresas

Apesar de o petróleo despontar no topo das exportações brasileiras para os Estados Unidos, o BTG Pactual vê um impacto limitado das tarifas para o setor.

"Embora os EUA sejam um destino importante, a exposição do Brasil ao mercado americano é relativamente contida, e o petróleo é uma commodity globalmente líquida", afirmou o BTG Pactual, dizendo que o Brasil pode redirecionar os barris exportados para os EUA para refinarias na Ásia, Europa ou Oriente Médio.

Os analistas acreditam, então, que a Petrobras (PETR4) será "minimamente impactada" pela tarifa e que as petroleiras juniores listadas na B3 também não devem sofrer, já que produzem quase que totalmente para o mercado interno.

Já o setor de ferro de aço já vinha sendo taxado em 50% pelos Estados Unidos desde o início de junho. Ainda não está claro se essa tarifa seguirá dessa forma ou dobrará. Contudo, as atenções se recaem, sobretudo, sobre Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3).

🥩 Olhando para o setor agropecuário, o BTG vê um impacto limitado da tarifa. Isso porque as exportações para os Estados Unidos respondem por apenas 2% das receitas da Marfrig (MRFG3) e 5% do faturamento da Minerva (BEEF3).

O BTG, por outro lado, alerta para o risco de perdas mais significativas para os exportadores de celulose, máquinas e aeronaves, como Suzano (SUZB3), Weg (WEGE3) e Embraer (EMBR3).

Para os analistas do banco, a Suzano deve ser a empresa listada na bolsa mais afetada pela tarifa de Trump, pois aproximadamente 19% da sua receita vem da América do Norte.

✈️ Já a XP vê riscos sobretudo para a Embraer, já que a companhia usa componentes brasileiros para montar aeronaves em solo americano.

O Itaú BBA também cita Tupy (TUPY3) e Mahle Metal Leve (LEVE3) como potencialmente afetada, além da Weg, que geram boa parte da sua receita nos Estados Unidos.

Saldo comercial

Só no primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou US$ 20 bilhões em produtos para os Estados Unidos. Os americanos receberam, portanto, 12% de todas as exportações brasileiras no período.

📊 Em contrapartida, o Brasil importou US$ 21,7 bilhões em produtos americanos. Logo, o saldo da balança comercial foi positivo para os Estados Unidos.

Nos últimos 16 anos, o saldo comercial também foi positivo para os Estados Unidos, apesar de Donald Trump ter alegado que o Brasil causa "déficits comerciais insustentáveis" para os Estados Unidos ao anunciar a tarifa de 50% nessa quarta-feira (9).

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, a última vez que o Brasil teve superávit comercial na relação com os Estados Unidos foi em 2008, ano em que a economia americana foi contaminada pela crise financeira.