Sem consenso, Copom reduz Selic para 10,50% ao ano
O Copom reduziu o ritmo de corte dos juros, diante do aumento das incertezas.
O Copom (Comitê de Política Monetária) reduziu a taxa Selic de 10,75% para 10,50% nesta quarta-feira (8). A decisão marca a redução do ritmo do corte de juros no Brasil.
💲O Copom vinha fazendo cortes de 0,5 ponto percentual na Selic desde agosto de 2023. Foram seis cortes consecutivos desta magnitude. Agora, no entanto, o comitê optou por uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.
A redução do ritmo de corte dos juros era esperada pelo mercado. Afinal, o cenário ficou mais incerto desde o último encontro do Copom, sobretudo por causa da mudança das metas fiscais brasileiras e do entendimento de que os juros ficarão altos por algum tempo nos Estados Unidos, o que fortaleceu o dólar.
A decisão, no entanto, não foi consenso entre os membros do Copom. Quatro diretores e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, votaram pelo corte de 0,25 ponto percentual da Selic. Os outros quatro diretores da autoridade monetária, por sua vez, preferiam uma redução de 0,50 ponto percentual dos juros.
🏦 Esta foi a primeira vez que o Copom não alcançou uma decisão unânime desde agosto de 2023, quando teve início este ciclo de cortes da Selic. No comunicado desta quarta-feira (8), por sua vez, o comitê destacou que todos os seus membros concordam que o cenário atual exige maior cautela na condução da política monetária.
"O Comitê, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela", destacou.
Leia também: Copom rachado e sem guidance: Veja análise do mercado
Na avaliação do Copom, "a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária".
Por isso, o Copom ressaltou que "a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".
"O Comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta", acrescentou.
Ou seja, as decisões futuras de juros serão pautas nos próximos dados e expectativas de inflação. O Copom preferiu, então, não trazer nenhum guidance e ter liberdade na reunião de junho.
Selic: Menor patamar em mais de dois anos
Com a redução para 10,50%, a Selic foi ao menor patamar desde fevereiro de 2022, quando estava em 9,25%.
A Selic alcançou 13,75% em agosto de 2022 e ficou neste nível por cerca de um ano, em uma tentativa de controlar a alta da inflação registrada na saída da pandemia de covid-19. Desde agosto de 2023, no entanto, está em queda.
Na avaliação do mercado, no entanto, este ciclo de redução da Selic deve ser mais curto do que o imaginado anteriormente, justamente por causa das incertezas que levaram o Copom a reduzir o ritmo dos cortes nesta quarta-feira (8).
Segundo o Boletim Focus, o mercado esperava que a Selic terminasse o ano em 9% há um mês. Essa projeção, no entanto, vem subindo nas últimas três semanas e agora está em 9,63%.
O mercado ainda projeta um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,72% para 2024 e de 3,64% para 2025. O Copom, por sua vez, vê uma inflação de 3,8% em 2024 e de 3,3% em 2025. Já a meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.
De acordo com o Copom, o corte de 0,25 ponto percentual da Selic desta quarta-feira (8) é "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025".
"Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", afirmou.
Atenção ao fiscal
O Copom ressaltou o aumento das incertezas no comunicado desta quarta-feira (8), tanto em relação aos juros dos Estados Unidos, quanto ao avanço da inflação e do mercado de trabalho no Brasil. Além disso, destacou a questão fiscal.
O comitê "acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária" e reafirmou que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".
Esta foi a primeira reunião do Copom depois que o governo federal alterou as metas fiscais, empurrando a meta de superávit primário para 2026.
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