Sem Buffett, sem ganhos: Ações da Berkshire tem a maior queda desde 1990
Desde o dia 2 de maio, véspera do anúncio oficial de que o investidor deixará o cargo de CEO ao final de 2025, as ações da Berkshire recuaram 14%.

🚨 O mercado financeiro vem reagindo com cautela ao processo de sucessão na Berkshire Hathaway (BERK34), conglomerado comandado por Warren Buffett há quase 60 anos.
Desde o dia 2 de maio, véspera do anúncio oficial de que o investidor deixará o cargo de CEO ao final de 2025, as ações Classe A da Berkshire recuaram 14%, marcando o pior desempenho relativo frente ao S&P 500 desde 1990.
No mesmo período, o índice norte-americano S&P 500 acumulou alta de 11%, incluindo dividendos. A disparidade acende um sinal de alerta sobre a possível perda de confiança de parte dos investidores na nova liderança do grupo.
Buffett se despede após seis décadas à frente da Berkshire
Buffett, de 94 anos, é amplamente reconhecido como um dos maiores investidores da história. Ele transformou a Berkshire Hathaway, uma antiga tecelagem em dificuldades, em um conglomerado multibilionário que atua em setores como:
- Seguros;
- Energia;
- Transporte ferroviário;
- Varejo e manufatura;
- Serviços financeiros.
Desde que assumiu a companhia em 1965, sua estratégia baseada em investimentos de valor e visão de longo prazo gerou retornos superiores em mais de 5 milhões de pontos percentuais em relação ao S&P 500.
A transição de poder para Greg Abel, atual vice-presidente responsável pelas operações não seguradoras, marca uma nova era para a companhia.
Apesar da confiança depositada na sucessão interna, o mercado ainda parece cético sobre a continuidade do chamado "prêmio Buffett" — uma valorização implícita nas ações associada à figura do lendário investidor.
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Desempenho abaixo da média histórica
A diferença de performance da Berkshire em relação ao S&P 500, em um intervalo de três meses, é uma das maiores já registradas desde 1990, segundo levantamento do Financial Times.
A única ocasião em que a empresa ficou mais atrás do índice em termos trimestrais foi durante o início da pandemia da Covid-19, quando setores como seguros e serviços financeiros — que compõem grande parte da Berkshire — sofreram forte impacto.
Mesmo diante de resultados operacionais positivos em praticamente todas as suas unidades de negócios no segundo trimestre de 2025, a companhia viu seu valor de mercado ser penalizado.
Venda de ações chama a atenção
Ainda não se sabe ao certo quem está se desfazendo das ações Classe A da Berkshire, historicamente negociadas acima dos US$ 800 mil por unidade.
Esses papéis, com maior poder de voto, costumam ser mantidos por investidores de longo prazo e famílias que acompanham Buffett desde os primórdios de sua carreira.
Relatórios detalhados sobre movimentações de grandes fundos e investidores institucionais devem ser divulgados até o fim do mês, o que poderá esclarecer a origem da recente pressão vendedora.
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Resultados continuam sólidos, mas confiança é posta à prova
O curioso é que a queda nas ações ocorre apesar de lucros crescentes em áreas estratégicas da Berkshire. No segundo trimestre, a holding reportou crescimento nas operações de:
- Transporte ferroviário (BNSF);
- Serviços públicos e energia;
- Divisões industriais, de manufatura e varejo.
Ainda assim, a incerteza sobre a nova fase da companhia sem Buffett no comando imediato tem pesado mais do que os fundamentos positivos — pelo menos no curto prazo.
Para a analista Cathy Seifert, da CFRA Research, o desempenho recente revela o esvaziamento gradual do "prêmio Buffett" incorporado ao valor da ação.
“A transição é bem planejada, mas a credibilidade e o carisma de Buffett são incomparáveis. Será preciso tempo para que Greg Abel conquiste o mesmo nível de confiança”, disse o analista.
📊 A aposta agora é de que o novo comando mantenha a disciplina de alocação de capital, o perfil conservador e a reputação que fizeram da Berkshire Hathaway um ícone de excelência em gestão financeira.

BERK34
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