Sem Buffett, sem ganhos: Ações da Berkshire tem a maior queda desde 1990

Desde o dia 2 de maio, véspera do anúncio oficial de que o investidor deixará o cargo de CEO ao final de 2025, as ações da Berkshire recuaram 14%.

Author
Publicado em 06/08/2025 às 15:41h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 06/08/2025 às 15:41h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
Buffett, de 94 anos, é amplamente reconhecido como um dos maiores investidores da história (Imagem: Shutterstock)
Buffett, de 94 anos, é amplamente reconhecido como um dos maiores investidores da história (Imagem: Shutterstock)

🚨 O mercado financeiro vem reagindo com cautela ao processo de sucessão na Berkshire Hathaway (BERK34), conglomerado comandado por Warren Buffett há quase 60 anos.

Desde o dia 2 de maio, véspera do anúncio oficial de que o investidor deixará o cargo de CEO ao final de 2025, as ações Classe A da Berkshire recuaram 14%, marcando o pior desempenho relativo frente ao S&P 500 desde 1990.

No mesmo período, o índice norte-americano S&P 500 acumulou alta de 11%, incluindo dividendos. A disparidade acende um sinal de alerta sobre a possível perda de confiança de parte dos investidores na nova liderança do grupo.

Buffett se despede após seis décadas à frente da Berkshire

Buffett, de 94 anos, é amplamente reconhecido como um dos maiores investidores da história. Ele transformou a Berkshire Hathaway, uma antiga tecelagem em dificuldades, em um conglomerado multibilionário que atua em setores como:

  • Seguros;
  • Energia;
  • Transporte ferroviário;
  • Varejo e manufatura;
  • Serviços financeiros.

Desde que assumiu a companhia em 1965, sua estratégia baseada em investimentos de valor e visão de longo prazo gerou retornos superiores em mais de 5 milhões de pontos percentuais em relação ao S&P 500.

A transição de poder para Greg Abel, atual vice-presidente responsável pelas operações não seguradoras, marca uma nova era para a companhia.

Apesar da confiança depositada na sucessão interna, o mercado ainda parece cético sobre a continuidade do chamado "prêmio Buffett" — uma valorização implícita nas ações associada à figura do lendário investidor.

➡️ Leia mais: Vai pingar na conta: Itaú (ITUB4) libera pagamento de quase R$ 0,60 por ação em JCP

Desempenho abaixo da média histórica

A diferença de performance da Berkshire em relação ao S&P 500, em um intervalo de três meses, é uma das maiores já registradas desde 1990, segundo levantamento do Financial Times.

A única ocasião em que a empresa ficou mais atrás do índice em termos trimestrais foi durante o início da pandemia da Covid-19, quando setores como seguros e serviços financeiros — que compõem grande parte da Berkshire — sofreram forte impacto.

Mesmo diante de resultados operacionais positivos em praticamente todas as suas unidades de negócios no segundo trimestre de 2025, a companhia viu seu valor de mercado ser penalizado.

 Venda de ações chama a atenção

Ainda não se sabe ao certo quem está se desfazendo das ações Classe A da Berkshire, historicamente negociadas acima dos US$ 800 mil por unidade.

Esses papéis, com maior poder de voto, costumam ser mantidos por investidores de longo prazo e famílias que acompanham Buffett desde os primórdios de sua carreira.

Relatórios detalhados sobre movimentações de grandes fundos e investidores institucionais devem ser divulgados até o fim do mês, o que poderá esclarecer a origem da recente pressão vendedora.

➡️ Leia mais: BTG Pactual (BPAC11) pagará R$ 0,20 por ação em JCP

Resultados continuam sólidos, mas confiança é posta à prova

O curioso é que a queda nas ações ocorre apesar de lucros crescentes em áreas estratégicas da Berkshire. No segundo trimestre, a holding reportou crescimento nas operações de:

  • Transporte ferroviário (BNSF);
  • Serviços públicos e energia;
  • Divisões industriais, de manufatura e varejo.

Ainda assim, a incerteza sobre a nova fase da companhia sem Buffett no comando imediato tem pesado mais do que os fundamentos positivos — pelo menos no curto prazo.

Para a analista Cathy Seifert, da CFRA Research, o desempenho recente revela o esvaziamento gradual do "prêmio Buffett" incorporado ao valor da ação.

“A transição é bem planejada, mas a credibilidade e o carisma de Buffett são incomparáveis. Será preciso tempo para que Greg Abel conquiste o mesmo nível de confiança”, disse o analista.

📊 A aposta agora é de que o novo comando mantenha a disciplina de alocação de capital, o perfil conservador e a reputação que fizeram da Berkshire Hathaway um ícone de excelência em gestão financeira.

BERK34

Berkshire Hathaway
Cotação

R$ 125,30

Variação (12M)

4,48 % Logo Berkshire Hathaway

Margem Líquida

19,46 %

DY

-%

P/L

12,61

P/VP

1,55