Qual ação de varejo na B3 é furada após pandemia de apostas online?

No entanto, outras 6 ações do setor valem o risco diante do valuation descontado, conforme analistas

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Publicado em 29/09/2024 às 16:15h - Atualizado Agora Publicado em 29/09/2024 às 16:15h Atualizado Agora por Lucas Simões
Empresas de varejo de vestuário são as mais sensíveis à epidemia de bets (Imagem: Shutterstock)
Empresas de varejo de vestuário são as mais sensíveis à epidemia de bets (Imagem: Shutterstock)

⚽ O rápido avanço das 'bets' no Brasil, como é conhecida a indústria de apostas esportivas, está sendo apontado como um obstáculo para o setor de consumo e varejo, e foi alvo de relatório elaborado pela Genial Investimentos, divulgado na reta final de setembro, exclusivamente dedicado ao assunto.

Conforme os analistas da corretora, as ações de varejo listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, estão vendo que orçamento das famílias (que seria gasto em bens de consumo) está sendo redirecionado para o mercado de apostas online.

Entre a cobertura de empresas, as ações da Guararapes (GUAR3), dona da rede de vestuário Riachuelo, tem recomendação apenas de manter, com preço justo de R$ 8,50, um potencial de valorização de 5% ante o seu valor de fechamento a R$ 8,09 na sexta-feira (27).

"O setor de vestuário parece ser mais sensível às variações nas despesas com apostas, enquanto o setor de supermercados, por vender produtos de primeira necessidade, demonstra maior resiliência", comentam os analistas Nina Mirazon e Iago Souza, em relatório da Genial.

A epidemia de bets entre os brasileiros pode ter implicações importantes para as estratégias de marketing e planejamento financeiro das empresas de varejo, segundo a dupla de especialistas. Uma vez que as companhias da B3 devem considerar o impacto crescente das apostas online no comportamento dos consumidores.

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6 ações de varejo que ainda valem a pena o risco

Para 2024, o tamanho do mercado de apostas esportivas no Brasil é estimado entre R$ 90 bilhões e R$ 130 bilhões, implicando em um CAGR (taxa de crescimento composto) de +89% na base anual entre 2020 e 2024, conforme estudo da Strategy& (PwC).

Mesmo diante de uma concorrência de peso bilionário, a Genial Investimentos ainda reitera recomendação de compra para seis ações do setor de varejo diante do valuation descontado das empresas:

  • Carrefour (CRFB3): Último fechamento (R$ 9,28 por ação) / Preço justo (R$ 13,50 por ação) / Potencial (45% em ganhos de capital).
  • Assaí (ASAI3): Último fechamento (R$ 8,12 por ação) / Preço justo (R$ 10,00 por ação) / Potencial (23% em ganhos de capital).
  • Grupo Mateus (GMAT3): Último fechamento (R$ 7,51 por ação) / Preço justo (R$ 9,00 por ação) / Potencial (20% em ganhos de capital).
  • Pão de Açúcar (PCAR3): Último fechamento (R$ 2,85 por ação) / Preço justo (R$ 4,70 por ação) / Potencial (65% em ganhos de capital).
  • Lojas Renner (LREN3): Último fechamento (R$ 17,83 por ação) / Preço justo (R$ 20,00 por ação) / Potencial (12% em ganhos de capital).
  • C&A (CEAB3): Último fechamento (R$ 10,46 por ação) / Preço justo (R$ 15,00 por ação) / Potencial (43% em ganhos de capital).

"Em nossa visão, as apostas esportivas representam mais um obstáculo para o setor de varejo. Ainda assim, entendemos que o impacto não será ‘devastador’ — apesar de ser prejudicial, não vemos como uma ameaça a ponto de comprometer a sustentabilidade das empresas no longo prazo", afirmam Mirazon e Souza.

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Explosão das bets no Brasil

A indústria de apostas esportivas pode ter movimentado entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões em 2023 no Brasil, em comparação com apenas R$ 5 bilhões em 2018, quando a modalidade foi legalizada.

Do valor movimentado pela indústria, parte passa de perdedores para ganhadores – ou seja, ele volta a estar disponível para aplicação na economia por meio dos gastos das famílias.

💸 Porém, grande parte desses ganhos que poderiam voltar para a economia, na verdade, acaba sendo ‘reinvestida’ em novas apostas, tal que fica retida dentro da indústria. Adicionalmente, as empresas retêm uma taxa sobre o valor apostado, estimada em 12%.

Sem regulamentação definida, a não tributação da atividade e o forte crescimento dessa indústria atraíram muitas empresas para o mercado de apostas esportivas durante os últimos – ultrapassando a marca de 300 empresas em 2023 contra apenas 51 empresas em 2020, apontam dados do relatório da Genial e com Strategy&.

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Qual é o perfil dos apostadores?

Diversos estudos mostram que o público principal deste tipo de aposta é formado por homens, jovens e de classe média baixa, com maior concentração no sudeste do país.

Segundo um levantamento do Instituto Locomotiva, publicado em setembro do ano passado, pelo menos 33 milhões de pessoas da população de baixa renda já participaram de apostas esportivas.

Dentre esses, 22 milhões costumam apostar pelo menos uma vez por mês – o que equivale a 20% da população de baixa renda.

O perfil dos apostadores traçado por diferentes estudos mostra a popularidade das ‘bets’ nas classes sociais mais baixas.

"Entendemos esse comportamento é impulsionado pelo apelo emocional e financeiro das apostas, que vendem muitas vezes a “oportunidade de enriquecer rapidamente”, algo que tem uma forte atração para pessoas em situação de vulnerabilidade financeira", destaca a corretora no relatório obtido pelo Investidor10.

Prova disso é que cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família (de um total de 21 milhões) gastaram R$ 3 bilhões em apostas (eventos esportivos e cassinos virtuais) − apenas considerandos pagamentos via Pix −, com um gasto médio de R$ 100 por pessoa, conforme dados do Banco Central, divulgados em agosto de 2024.

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