Petrobras (PETR4): Dividendos frustram o mercado, mas CEO tenta se explicar
Segundo Magda Chambriard, companhia antecipou investimentos em ativos estratégicos para ter "óleo no bolso mais rápido".
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A Petrobras (PETR4) investiu mais e, por isso, liberou menos dividendos do que o esperado pelo mercado no quarto trimestre de 2024. A decisão derruba as ações da companhia nesta quinta-feira (27). Contudo, deve permitir outros ganhos para os investidores, segundo a estatal.
🗣️ "Entendemos a frustração do mercado com os dividendos de curto prazo, mas queremos lembrar que antecipar investimentos em Búzios é tudo que qualquer investidor possa querer, porque mais produção em um campo altamente produtivo é óleo no bolso mais rápido", afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na apresentação dos resultados do quarto trimestre.
Localizado no pré-sal da Bacia de Santos, o campo de Búzios deve atingir uma produção de 1 milhão de barris de petróleo por dia no segundo semestre deste ano e alcançar os 2 milhões de barris até 2030, tornando-se o maior campo de produção da Petrobras, segundo Chambriard.
Para isso, no entanto, a Petrobras projeta investimentos bilionários para a região e antecipou parte dos aportes que estavam previstos para este ano de 2025 para o quarto trimestre de 2024. Com isso, os investimentos da estatal saltaram 61,1% em relação ao quarto trimestre de 2023 e chegaram a US$ 5,7 bilhões no período.
"Entendemos que precisávamos proteger esse projeto de possíveis postergações, fruto das dificuldades que os agentes econômicos vinham relatando", explicou Magda. Ela disse, ainda, que isso deve antecipar a geração de caixa com óleo, o que classificou como "o senho de consumo de qualquer investidor de uma petroleira".
Impacto nos dividendos
💰 Em consequência disso, no entanto, a Petrobras terminou o ano passado tendo investido um total de US$ 16,6 bilhões, um valor 15% superior ao guidance, que previa um capex de até US$ 14,5 bilhões.
A medida ainda reduziu o espaço para o pagamento dos dividendos relativos ao quarto trimestre de 2024. Afinal, a Política de Remuneração aos Acionistas da Petrobras diz que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor, a Petrobras deve distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre, um indicador que é calculado a partir do fluxo de caixa operacional e do volume de investimentos realizado pela estatal a cada trimestre.
Com isso, ao apresentar os resultados do quarto trimestre de 2024 nessa quarta-feira (26), a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 9,1 bilhões em dividendos, ou R$ 0,7095 por ação, um valor inferior ao que era esperado pelo mercado.
O dividendo corresponde ao pagamento de US$ 1,6 bilhão e a um DY (Dividend Yield) de 1,8% ou 1,9%. Os analistas, no entanto, esperavam a distribuição de aproximadamente US$ 2,6 bilhões em dividendos, o que levaria a um rendimento de 3,2%.
Leia também: Petrobras (PETR4) propõe dividendos de R$ 9,1 bilhões; veja o que é preciso
O que diz o mercado?
Em relatório, a XP ressaltou que o dividendo ficou "bem abaixo do consenso" e foi "a principal decepção" do balanço da Petrobras. O BTG Pactual reforçou que a decisão da Petrobras de acelerar os investimentos pegou o mercado de surpresa.
Segundo os analistas do BTG Pactual, o aumento do capex poderia deixar os investidores "mais céticos sobre o potencial de dividendos de curto prazo" e levantar dúvidas sobre a estratégia futura de alocação de capital da empresa, o que explica a queda das ações nesta quinta-feira (27).
O BTG, no entanto, manteve uma postura otimista quanto à Petrobras. Para o banco, "grandes mudanças na trajetória da empresa são improváveis de se materializar" e "o pânico frequentemente forneceu um bom ponto de entrada".
Da mesma forma, a XP avaliou que "o aumento repentino nos investimentos da Petrobras gerou temores de motivação política (de usar a Petrobras para acelerar artificialmente o PIB doméstico)". Contudo, disse não acreditar nessa tese, "em parte porque a Petrobras possui um forte framework de governança para proteger a empresa contra tais conflitos de interesse. Mas também porque faz sentido que a Petrobras atue no melhor interesse dos investidores ao antecipar as plataformas de Búzios, se viável, dado a qualidade de classe mundial do ativo e os altos retornos".
Petrobras promete capex menor no 1T25
Diante desses receios, a Petrobras reforçou o comprometimento com a sua política de remuneração aos acionistas nesta quinta-feira (27). Além disso, garantiu que seguirá o seu planejamento estratégico que já está traçado para os próximos anos.
📉 O diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo, disse ainda que, como o investimento em Búzios foi antecipado, o nível de capex observado no quarto trimestre de 2024 não vai se repetir neste primeiro trimestre de 2025. Na verdade, será "significativamente menor".
"O capex de US$ 16,6 bilhões, maior que o guidance, não representa um custo adicional e sim uma antecipação, uma vez que conseguimos reduzir o gap entre a evolução física e financeira das plataformas em Búzios. Nós esperávamos que essa redução do descasamento fosse ocorrer ao longo de 2025, mas atuamos fortemente na gestão contratual e a solução foi antecipada totalmente para 2024", explicou, reforçando que antecipar investimentos em Búzios significa geração de óleo, receita e valor para a Petrobras.
Apesar disso, as ações da Petrobras seguem em queda na bolsa nesta quinta-feira (27). Às 14h40, os papeis ordinários da estatal afundavam 6,84% e os preferenciais, -4,85%.
Prejuízo no 4T24
Na conferência de resultados, Magda Chambriard ainda justificou o prejuízo de R$ 17 bilhões sofrido pela Petrobras no quarto trimestre de 2024.
Segundo ela, esse resultado negativo "não reflete a solidez operacional ou a saúde financeira da Petrobras", porque se deve a um "item exclusivamente contábil", que foi a variação cambial das dívidas da estatal com as subsidiárias no exterior. Por isso, "afeta o resultado contábil, mas não gera desembolso" e não tem "nenhum impacto" no caixa da companhia.
Segundo Magda, o efeito do câmbio sobre essas dívidas gerou um impacto negativo de R$ 59 bilhões no quarto trimestre. Ela ressaltou, contudo, que esse resultado "afeta o resultado contábil, mas não gera desembolso" e não tem "nenhum impacto" no caixa da companhia.
Além disso, Magda lembrou que o impacto cambial às vezes é negativo e outras vezes é positivo. E ressaltou: "Com o dólar cedendo, esse valor ou parte dele já será lucro no primeiro trimestre de 2025".
Para a presidente da Petrobras, 2024 foi um ano "muito proveitoso", mas 2025 pode ser "ainda melhor".
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PETR4
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