Penny Stock: Ambipar (AMBP3) despenca 93% e entra na zona de risco de insolvência

Em apenas um mês, as ações da companhia despencaram de R$ 14,10 para cerca de R$ 0,75, uma queda superior a 90% em outubro.

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Publicado em 07/10/2025 às 20:10h - Atualizado 7 horas atrás Publicado em 07/10/2025 às 20:10h Atualizado 7 horas atrás por Matheus Silva
A Ambipar se tornou a segunda maior queda de 2025 entre todos os papéis da Bolsa (Imagem: Shutterstock)
A Ambipar se tornou a segunda maior queda de 2025 entre todos os papéis da Bolsa (Imagem: Shutterstock)

🚨 A derrocada da Ambipar (AMBP3), empresa de gestão ambiental que já foi considerada uma das grandes promessas da “nova economia verde” na B3 (B3SA3), entrou em um novo e dramático capítulo.

Em apenas um mês, as ações da companhia despencaram de R$ 14,10 para cerca de R$ 0,75, uma queda superior a 90% em outubro — e 93% no acumulado do ano.

Com esse desempenho, a Ambipar se tornou a segunda maior queda de 2025 entre todos os papéis da Bolsa, de acordo com levantamento da Elos Ayta, e entrou oficialmente na faixa dos penny stocks — empresas cujas ações valem menos de R$ 1.

O movimento reflete a crise de confiança generalizada entre investidores, após fortes incertezas sobre a real situação financeira do grupo e suspeitas de risco de insolvência, isto é, a incapacidade de honrar suas dívidas no curto prazo.

A ofensiva judicial e o “escudo” contra credores

O estopim da crise veio com o pedido da Ambipar à Justiça no fim de setembro. A empresa obteve uma medida cautelar na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, garantindo proteção temporária contra credores por 30 dias — prazo que pode ser prorrogado por igual período.

A decisão suspendeu execuções, arrestos de bens e cobranças judiciais, além de travar cláusulas de vencimento antecipado de dívidas, o que impediu que os bancos executassem seus créditos.

Na prática, o pedido funcionou como uma “prévia” de recuperação judicial, movimento que, embora legal, foi visto como um sinal de alerta máximo para o mercado.

A medida, porém, gerou reação imediata. Os bancos credores, liderados por instituições internacionais como o Deutsche Bank, questionaram a escolha da praça jurídica. Alegam que a empresa “fabricou uma sede no Rio de Janeiro” apenas para obter uma decisão mais favorável e, com isso, dificultar a atuação coletiva dos credores.

“O Grupo Ambipar até agora não explicou o verdadeiro motivo por trás da propositura da cautelar”, afirmou o Deutsche Bank em documento encaminhado à Justiça fluminense, representado pelos escritórios Pinheiro Neto e Bermudes Advogados.

A Ambipar, por sua vez, respondeu que a revogação da medida teria “efeitos devastadores”, não apenas para a companhia, mas também para a economia e o emprego.

Segundo a empresa, mais de 23 mil empregos diretos e milhares de indiretos estariam em risco caso a proteção fosse derrubada.

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Onde está o dinheiro?

O ponto mais sensível da crise — e que tem alimentado desconfiança entre investidores — está no paradoxo do caixa. No balanço do segundo trimestre de 2025, a Ambipar reportou R$ 4,7 bilhões em caixa e equivalentes.

No entanto, segundo fontes ouvidas pela Broadcast, os credores só conseguiram localizar cerca de US$ 80 milhões (aproximadamente R$ 400 milhões), valor quase dez vezes menor do que o declarado oficialmente.

Essa discrepância levantou suspeitas sobre transferências entre subsidiárias, estruturas internacionais e possíveis operações cruzadas que dificultariam a rastreabilidade do dinheiro.

A falta de explicações claras por parte da companhia e a ausência de transparência em relação à liquidez real ampliaram o temor de insolvência.

A situação se agravou quando o Deutsche Bank pediu à Justiça a reconsideração da medida cautelar que impediu o vencimento antecipado das dívidas — sinalizando um impasse cada vez mais tenso entre a Ambipar e seus credores.

XP liquida COEs ligados à Ambipar e Braskem

A turbulência envolvendo a Ambipar também atingiu produtos estruturados do mercado financeiro.

A XP Investimentos (XPBR31) informou a seus clientes que está liquidando antecipadamente os Certificados de Operações Estruturadas (COEs) atrelados a títulos de dívida (bonds) da Ambipar e da Braskem (BRKM5) emitidos no exterior.

De acordo com informações obtidas pela Broadcast, os COEs da Ambipar devem devolver apenas 6,88% do valor investido, o que implica perda superior a 93%.
No caso dos papéis da Braskem, o retorno estimado varia entre 26,6% e 36,9% do capital aplicado.

A liquidação foi acionada automaticamente após os bonds das empresas caírem para abaixo de 50% de seu valor de face, disparando cláusulas contratuais de proteção aos investidores.

Os pagamentos serão efetuados na sexta-feira, 10 de outubro, conforme o preço de negociação no mercado secundário.

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Um colapso anunciado?

A Ambipar, que chegou à Bolsa em 2020 com a promessa de ser uma líder global em gestão ambiental e emergências químicas, vive um colapso de credibilidade.

Com forte expansão por meio de aquisições alavancadas e presença em dezenas de países, a empresa agora enfrenta o peso de um endividamento elevado, receita pressionada e falta de transparência contábil.

Analistas ouvidos pelo mercado enxergam a situação como um alerta para investidores de companhias em rápido crescimento com estruturas complexas e pouca clareza operacional.

Segundo relatório da Elos Ayta, “o caso Ambipar expõe os riscos de modelos de expansão via dívida em setores intensivos em capital, especialmente quando a governança não acompanha o ritmo do crescimento”.

💲 Com as ações negociadas abaixo de R$ 1 e a confiança abalada, a companhia agora tenta ganhar tempo para reorganizar suas finanças, enquanto o mercado precifica a possibilidade real de recuperação judicial.

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