O que já se sabe sobre a compra do Banco Master pelo BRB; veja os detalhes

Avaliada em R$ 2 bilhões, a transação despertou curiosidade e gerou questionamentos sobre os desdobramentos da operação.

Author
Publicado em 31/03/2025 às 13:59h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 31/03/2025 às 13:59h Atualizado 1 dia atrás por Matheus Silva
O Banco Master foi adquirido por Daniel Vorcaro em 2017 (Imagem: Shutterstock)
O Banco Master foi adquirido por Daniel Vorcaro em 2017 (Imagem: Shutterstock)

🚨 A aquisição de 58% do capital total do Banco Master pelo BRB (BSLI4), anunciada na última sexta-feira (28) se tornou um dos assuntos mais comentados do mercado financeiro brasileiro, especialmente entre os profissionais da Faria Lima.

Avaliada em aproximadamente R$ 2 bilhões, a transação despertou curiosidade e gerou questionamentos sobre os desdobramentos da operação e o impacto na estratégia de expansão do BRB.

O Banco Master, anteriormente conhecido como Banco Máxima, foi adquirido pelo empresário Daniel Vorcaro em 2017.

Reconhecido por sua atuação no mercado imobiliário de Minas Gerais, Vorcaro buscou diversificar o portfólio do banco, ampliando seus investimentos em diversos setores, muitas vezes em parceria com o empresário Nelson Tanure.

No entanto, essa expansão rápida veio acompanhada de um elevado custo de captação e de uma forte dependência de plataformas para atrair recursos, o que gerou alerta entre investidores e reguladores.

Para atrair capital, o Banco Master ofereceu Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com remunerações acima do mercado, chegando a pagar até 140% do CDI.

A estratégia trouxe visibilidade para o banco, mas também o colocou em uma posição arriscada, especialmente quando o volume de depósitos representou quase metade da liquidez do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Além disso, tentativas de captar recursos no mercado internacional, por meio de emissões de bonds, não obtiveram sucesso.

Banco Central com ‘dedo na ferida’

A situação do Banco Master se agravou após mudanças regulatórias promovidas pelo Banco Central.

As novas regras redefiniram o tratamento dos precatórios, que deixaram de ser equiparados a títulos públicos nos balanços das instituições financeiras.

Além disso, o BC impôs restrições adicionais aos CDBs, endurecendo os critérios de garantia pelo FGC.

Essas medidas foram interpretadas pelo mercado como uma tentativa de reduzir riscos excessivos, especialmente em bancos de menor porte, como o Master.

No entanto, para o banco de Daniel Vorcaro, as mudanças impuseram desafios adicionais, exigindo novos meios para garantir sua sobrevivência.

➡️ Leia mais: Banco Central deve barrar compra do Banco Master pelo BRB, diz jornal

Detalhes da negociação

O BRB anunciou a aquisição de 58% do capital total do Banco Master e 49% das ações ordinárias, por um valor equivalente a 75% do patrimônio consolidado do Master, conforme demonstrativos financeiros auditados pela PwC.

Segundo o último balanço divulgado, relativo ao primeiro semestre de 2024, o patrimônio do banco era de R$ 4,1 bilhões.

O acordo prevê que o pagamento seja dividido em duas partes:

  • na primeira metade será quitada no fechamento da operação; e
  • na segunda parte, variando entre 25% e 50% do total, será depositada em uma conta garantia até o fim do processo de diligência.

Posicionamento das instituições

O Banco Central se pronunciou oficialmente, afirmando que avaliará o pedido de aquisição de acordo com os requisitos estabelecidos pela resolução 4.970 do CMN (Conselho Monetário Nacional), publicada em 2021.

Contudo, pairam dúvidas sobre como o órgão regulador interpretará a operação e se aprovará a transação, considerando o histórico recente do Banco Master.

O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, argumentou que a operação é estratégica, ajudando a reduzir o custo de captação do banco, que atualmente gira em torno de 89% do CDI.

Já Daniel Vorcaro destacou que o acordo é positivo para ambas as partes, embora ainda dependa de aprovação regulatória.

📊 Embora o anúncio da transação tenha recebido ampla cobertura da mídia, muitos pontos permanecem sem respostas claras:

Qual a motivação do BRB?

Qual é a justificativa estratégica para que um banco público decida adquirir uma instituição privada com um histórico recente de dificuldades financeiras?

Qual o real valuation do Banco Master?

A avaliação de R$ 3,5 bilhões do banco é adequada considerando suas dificuldades para captar recursos a um custo competitivo?

Qual será a participação de Vorcaro no controle?

Após a venda, Vorcaro continuará com a maioria das ações votantes e terá uma cadeira no Conselho de Administração do BRB. Como isso afetará a governança do banco?

Quais são os ativos excluídos do negócio?

Investimentos ilíquidos e precatórios foram excluídos da operação. Como o BRB pretende lidar com esses ativos e eventuais passivos relacionados?

Quais são os riscos regulatórios?

Qual será a resposta final do Banco Central e como a operação será vista por órgãos de controle e investidores?

A compra do Banco Master pelo BRB é uma das movimentações mais relevantes nos últimos tempos para o mercado financeiro brasileiro, mas sua conclusão ainda depende de várias aprovações regulatórias e esclarecimentos adicionais.

📈 Questões envolvendo o valuation do banco, a manutenção do controle por parte de Daniel Vorcaro e o tratamento de ativos excluídos do acordo seguem em aberto, o que mantém o mercado em alerta.

➡️ Leia mais: M&A anima, ações do BRB (BSLI4) sobem 100% e vão para leilão

BSLI4

BRB
Cotação

R$ 16,66

Variação (12M)

54,74 % Logo BRB

Margem Líquida

2,50 %

DY

0.63%

P/L

33,60

P/VP

2,11