“No meio do fogo cruzado”, diz FT sobre bancos na briga entre Trump e Moraes

Jornal britânico lembra que essa é a primeira vez que um cidadão brasileiro é atingido pela legislação.

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Publicado em 04/09/2025 às 13:29h - Atualizado Agora Publicado em 04/09/2025 às 13:29h Atualizado Agora por Wesley Santana
Bancos brasileiros teriam recebido comunicado dos EUA sobre aplicação das medidas (Imagem: Divulgação/Banco 24horas)
Bancos brasileiros teriam recebido comunicado dos EUA sobre aplicação das medidas (Imagem: Divulgação/Banco 24horas)

Um dos maiores jornais do mundo publicou, nesta quinta-feira (4), uma reportagem sobre as sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. O Financial Times classificou que os bancos que operam no país “estão em um fogo cruzado” na briga entre o presidente Donald Trump e Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Como uma crise diplomática sem precedentes entre Washington e Brasília não dá sinais de melhora, os grandes bancos do país latino-americano correm o risco de serem pegos no fogo cruzado", diz a reportagem que é assinada por Michael Pooler, correspondente do jornal britânico no Brasil.

O artigo destaca que outros setores já sofrem consequências do tarifaço adicional de 40% aplicado pelos EUA -caso do Agronegócio-, mas agora chegou a vez dos bancos. Isso porque não há um entendimento sobre como essas instituições devem aplicar a Lei Magnitsky, adotada por Trump contra o ministro do STF.

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"Isso coloca uma escolha difícil para os bancos aqui [no Brasil]: ou eles arriscam desrespeitar as sanções americanas ou desobedecem ao mais alto tribunal do país", escreveu o repórter. "Na pior das hipóteses, violar as sanções americanas pode levar à exclusão do sistema financeiro dos EUA — um resultado desastroso para bancos estrangeiros com operações internacionais ou linhas de financiamento em dólares", continua.

O texto abordou, ainda, quão seria o rigor da aplicação das medidas aplicadas pelos bancos aos indivíduos alvos de sanções dos EUA. Essa é a primeira vez que um brasileiro é atingido por um lei como essa, criada para punir violações de direitos humano ou crimes de corrupção.

"Entre os grandes bancos da Faria Lima — a versão brasileira de Wall Street — há um consenso crescente de que as proibições se estendem a qualquer coisa que envolva dólares ou serviços de empresas americanas, como cartões de crédito e débito operados pela Mastercard ou Visa, mas não a transações puramente nacionais em moeda local", esclarece Pooler.

A reportagem do FT é publicada apenas um dia depois que os bancos brasileiros teriam começado a receber cartas do Departamento do Tesouro dos EUA cobrando a aplicação de medidas contra alvos da Magnitsky. Embora nenhuma das instituições tenha confirmado o recebimento dos documentos, segundo a Folha de SP, Itaú Unibanco, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e BTG Pactual estariam entre os destinatários.

A aplicação da Lei Magnitsky acontece no contexto do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado de tramar um golpe de Estado depois de perder as eleições de 2022. O político cumpre prisão domiciliar e aguarda o resultado do seu julgamento que se arrasta até a próxima sexta, dia 12 de setembro.