Mesmo com inflação dentro da meta, Copom não deve cortar juros nesta quarta (10)

Brasil deve manter Selic em 15%, enquanto EUA caminham para corte de 0,25 ponto.

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Publicado em 10/12/2025 às 12:48h - Atualizado 15 horas atrás Publicado em 10/12/2025 às 12:48h Atualizado 15 horas atrás por Wesley Santana
Selic é o indicador que acompanha a maior parte dos títulos públicos e privados (Imagem: Shutterstock)
Selic é o indicador que acompanha a maior parte dos títulos públicos e privados (Imagem: Shutterstock)

Termina nesta quarta-feira (10) a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do ano. A expectativa do mercado é que o colegiado decida por manter a taxa Selic em 15% ao ano, embora possa ocorrer alguma surpresa até o fim do dia.

A projeção dos analistas se fundamenta no fato de que poucas mudanças foram vistas no cenário macroeconômico para justificar um eventual corte nos juros neste momento. Por isso, os diretores do BC devem votar para manter a Selic no nível atual, com o objetivo de manter a inflação sob controle.

A decisão acontece no mesmo dia em que o IBGE divulgou dados da inflação oficial de novembro, que terminou em 0,18%. Com isso, no acumulado dos últimos 12 meses, os preços estão em 4,46%, dentro da meta do BC que é o intervalo entre 1,5% e 4,5% ao ano. 

A manutenção da taxa de juros neste patamar tem dois impactos na vida dos brasileiros, um negativo e outro positivo. O negativo é que o custo do crédito deve continuar elevado, então quem precisar obter um empréstimo ou fazer um financiamento deve pagar mais.

Leia mais: Selic a 15% ao ano: Quanto rende o seu dinheiro em CDB, LCA, LCI, Tesouro Selic?

Por outro lado, quem mantém recursos na renda fixa pode comemorar mais aliviado, já que os rendimentos vão continuar altos. E isso influencia não só a correção inflacionária como o valor final, já que o Brasil hoje está no ranking dos maiores juros reais do mundo.

Para muitos analistas, ainda não há no horizonte uma projeção de quando o BC deve começar o ciclo de cortes. Os números do acumulado de 2025 devem ser fechados em algumas semanas, mas a estratégia de manter a inflação dentro da meta continua.

"Para os próximos passos, a sinalização tende a permanecer flexível, sem compromisso explícito com o início do ciclo de cortes, mas reconhecendo que ajustes poderão ser realizados conforme o cenário evolua", afirma Mario Mesquita, economista-chefe do banco Itaú, em entrevista ao Valor, dizendo que espera que a Selic termine 2026 em 12,75% no próximo ano.

"Para que isso se concretize, será importante que o comitê ajuste a comunicação no encontro de dezembro, eliminando o trecho que afirma que 'não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado' e qualificando em que estágio o referido 'período bastante prolongado' se encontra", diz.

Nos EUA, corte é dado como certo

Também nesta quarta, o Fed dos Estados Unidos decide se corta a taxa de juros, hoje fixada no intervalo entre 3,75% e 4%. Neste caso, é quase unanimidade entre os analistas que haverá um corte de pelo menos 0,25%, o que deve reduzir a taxa para a faixa entre 3,5% e 3,75%.

O eventual corte nos juros dos EUA está mais relacionado a questões políticas do que ao cenário econômico do país, que dá sinais mistos. “O cenário mais provável é um corte, mas com o comunicado e a coletiva indicando que isso pode ser tudo por agora”, analisa Bill English, ex-diretor de política monetária do Fed.