GetNinjas, Oranje BTC e mais: o avanço dos IPOs reversos na B3
Com o mercado travado para novos IPOs, empresas apostam em aquisições para chegar à bolsa de valores.
A bolsa de valores brasileira vem enfrentando um duro golpe desde 2021, ano em que secaram os IPOs (Oferta Pública de Ações, em português). O alto custo de uma operação desse tipo atua como um obstáculo para novas ofertas, mas o cenário de juros elevados é ainda mais restritivo para empresas que desejam entrar no mercado de capitais.
Uma alternativa para muitas companhias tem sido o IPO reverso, uma manobra em que uma empresa de capital fechado adquire outra já listada na bolsa. Dessa forma, chega ao mercado com menos burocracia, mas ainda dentro dos parâmetros legais.
Só neste ano, diversos casos foram registrados, sendo o mais recente o da OranjeBTC (OBTC3), que alcançou o status de companhia aberta depois de adquirir os papéis do Cursinho Intergraus. No início de outubro, a empresa passou a negociar 155 milhões de ações ordinárias, das quais 14% permanecem nas mãos de executivos da companhia.
O caso mais emblemático, porém, é o da GetNinjas, adquirida pela Reag Investimentos (REAG3) por R$ 5 por ação, ou R$ 84 milhões no total. Poucos meses depois, a empresa controladora se viu envolvida em escândalos policiais, o que acendeu um alerta nas instituições sobre esse tipo de operação.
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O IPO reverso é uma prática amparada pela legislação e tem sido a forma encontrada por empresas para buscar capital no mercado neste período de paralisia dos IPOs tradicionais. Com acesso à bolsa, as companhias podem não apenas vender fatias de seu capital, mas também captar recursos via emissão de dívidas, entre outros mecanismos.
Ao que tudo indica, o movimento dos IPOs reversos deve continuar, e já há empresas listadas sendo sondadas para novas transações. A preferência recai sobre nomes com baixo valor de mercado ou liquidez reduzida, como é o caso da Westwing (WEST3), que atualmente vale apenas R$ 61 milhões.
Além disso, a operação é vista como relativamente simples, pois a empresa comprada não precisa atuar no mesmo setor que a compradora. Assim, o leque de oportunidades se amplia, e o processo tende a encontrar menos resistência dos órgãos de concorrência.
Em entrevista ao Investidor10, Diego Saito, sócio-fundador da assessoria de fusões e aquisições CRG, explica que o principal ponto de atenção deve ser a sinergia entre as companhias envolvidas. Isso porque, do lado do investidor, ele acaba inserido em uma transação diferente, com uma tese de investimento que não escolheu.
“Aqueles investidores entraram na oferta pública para investir na empresa que estava listada na bolsa. A entrada de uma nova companhia, fazendo parte do mesmo ecossistema, pode ser muito bem-vinda ou não. De certa forma, você obriga o investidor que apostou na empresa A a participar da B”, afirma.
“Quando eu estou juntando a Reag com a GetNinjas, por exemplo, é importante saber se faz sentido, se tem sinergia. Se eu sou uma empresa do mesmo setor com o foco na diminuição de despesas e aumento do faturamento, teoricamente faz todo o sentido. Ainda mais considerando que, no Brasil, o principal desafio é a escala”, destaca, ponderando que a conversão do real para o dólar também desestimula o interesse de investidores estrangeiros.
Fusões e aquisições aquecidas
Embora no ambiente da bolsa as transações tenham perdido ritmo, fora dela o mercado de fusões e aquisições (M&A) segue aquecido. Nos últimos meses, diversas companhias anunciaram novas compras, incorporando concorrentes ou formando conglomerados, como no caso de Marfrig e BRF que agora formam a MBRF (MBRF3)
Um relatório da consultoria PwC, divulgado nesta semana, mostrou que, entre janeiro e setembro deste ano, já foram realizadas 1.087 operações de M&A no país. Embora o número seja alto, representa uma queda de 19% em relação ao mesmo período do ano passado.
Muitos analistas veem o dado de forma positiva, já que ele foi registrado mesmo em um contexto de política monetária restritiva. Atualmente, a taxa de juros no Brasil é de 15% ao ano, quase quatro vezes maior do que em países como os Estados Unidos.
“Esse tem sido um ano relativamente bom, mesmo o mercado tendo uma dificuldade na conclusão de operações”, diz Saito. “Entendemos que, para o ano que vem, o principal fator de decisão é para onde vão as eleições. Ainda temos um cenário totalmente aberto, sem saber quem serão os candidatos, e isso afeta as decisões de investimento porque cada candidato vai apresentar suas proposições de como tocar o país”, continua.
“Entretanto, ainda temos elementos no Brasil que tornam o país atrativo, como o tamanho da população, uma economia organizada e uma justiça que funciona, relativamente, de maneira previsível. O que temos visto são empresas que já estão no Brasil fazendo mais aquisições, como é o caso da Nestlé que comprou a Kopenhagen”, conclui o executivo.
OBTC3
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