Fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) avança, mas Cade pode atrasar final feliz

Após meses de incertezas, 43,79% dos acionistas minoritários da BRF votaram a favor da incorporação de ações pela Marfrig.

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Publicado em 03/08/2025 às 11:25h - Atualizado Agora Publicado em 03/08/2025 às 11:25h Atualizado Agora por Matheus Silva
O desfecho dependerá agora da deliberação na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) (Imagem: BRF/Divulgação)
O desfecho dependerá agora da deliberação na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) (Imagem: BRF/Divulgação)

🚨 A tão aguardada fusão entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) deu um passo decisivo rumo à consolidação.

Após meses de incertezas e idas e vindas regulatórias, 43,79% dos acionistas minoritários da BRF votaram a favor da incorporação de ações pela Marfrig, conforme boletim divulgado no sábado (02).

Por outro lado, 17,43% manifestaram-se contrários à proposta, enquanto os demais ainda não se posicionaram.

O desfecho dependerá agora da deliberação na Assembleia Geral Extraordinária (AGE), marcada para o dia 5 de agosto de 2025, às 11h, em formato exclusivamente digital via Zoom.

Para ter direito a voto, os acionistas devem enviar a documentação exigida pela plataforma Qi Central até o dia 3 de agosto.

O que está em jogo na AGE

Na pauta da assembleia está a proposta de incorporação total da BRF pela Marfrig, que transformaria a BRF em uma subsidiária integral.

Nesse cenário, cada acionista da BRF receberia 0,8521 ação da Marfrig para cada ação da BRF atualmente detida.

A operação também prevê o cancelamento de ações em tesouraria e oferece direito de retirada para os acionistas dissidentes.

A proposta integra um plano estratégico mais amplo, que é formar uma plataforma global de alimentos, com maior escala, sinergias operacionais e expansão internacional.

No entanto, para se concretizar, o movimento precisa de aprovação por parte dos acionistas das duas empresas e do cumprimento de diversas condições previstas em protocolo.

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Marfrig reforça posição no controle da BRF

Durante o impasse regulatório, a Marfrig seguiu reforçando sua posição no capital da BRF e atualmente já detém 58,87% da companhia.

A saída da Previ— fundo de pensão que se opunha aos termos da fusão — também facilitou o avanço da operação.

Apesar do apoio crescente dos acionistas, a operação enfrenta resistência no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Minerva (BEEF3) e a Latache Capital, acionista minoritária da BRF, protocolaram pedido de reavaliação da operação, alegando que a fusão poderá comprometer a concorrência, especialmente no mercado de processados como hambúrgueres, almôndegas e quibes.

O Cade, que inicialmente analisava o caso em rito sumário, pode converter o processo para rito ordinário, mais detalhado e demorado.

A recomendação foi feita pelo novo presidente do órgão, Gustavo de Lima, segundo apuração do colunista Lauro Jardim, de O Globo. Caso confirmada, a mudança exigirá uma análise mais profunda do impacto da operação no mercado.

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Questões geopolíticas também preocupam

Outro ponto sensível diz respeito ao Salic, fundo soberano da Arábia Saudita que detém 24,5% da Minerva e, indiretamente, teria 10,6% da nova companhia resultante da fusão (MBRF).

📈 A Minerva teme que a participação estratégica do Salic possa facilitar a troca de informações sensíveis entre as empresas, prejudicando a competitividade no setor.

MRFG3

MARFRIG
Cotação

R$ 21,42

Variação (12M)

116,97 % Logo MARFRIG

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1,80 %

DY

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P/VP

6,52