Em eleição inédita de juízes, México registra baixa adesão de eleitores

Apenas 13% dos eleitores foram às urnas, segundo o órgão eleitoral

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Publicado em 02/06/2025 às 14:11h - Atualizado 1 dia atrás Publicado em 02/06/2025 às 14:11h Atualizado 1 dia atrás por Wesley Santana
México é a segunda maior economia da América Latina (Imagem: Shutterstuck)
México é a segunda maior economia da América Latina (Imagem: Shutterstuck)

Neste domingo (1º), o México foi palco de uma eleição inédita e bastante diferente no contexto global. A população foi às urnas para votar e escolher juízes pela primeira vez na história do país latino.

🗳 Apesar da novidade, a adesão eleitoral foi baixíssima, já que apenas 13% dos eleitores compareceram aos locais de votação. Desta forma, dos 100 milhões de mexicanos aptos a escolherem seus candidatos, apenas 13 milhões exerceram o direito a voto.

A eleição foi complexa, pois cada eleitor tinha 200 possíveis juízes para votar, sendo que deveria escolher seis deles. A população tinha de indicar cada candidato com base na sua especialidade e o órgão onde atuaria, sendo um número igual de homens e mulheres a serem apontados.

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Para a Suprema Corte, por exemplo, eram 64 candidatos disputando as 9 vagas disponíveis. Algumas regras de campanha foram impostas, como o uso de propagandas em massa, o que dificultou que muitos dos candidatos fossem reconhecidos pelos eleitores.

Em entrevista coletiva na noite de domingo, a atual presidente do país da América do Norte, Claudia Sheinbaum, classificou a eleição como positiva e disse que o pleito faz do México “o país mais democrático do mundo”. Os resultados oficiais serão divulgados nos próximos dias, conforme informações do Instituto Nacional Eleitoral.

Sem precedentes

⚖ A eleição do judiciário é um contexto sem precedentes na América Latina, onde os presidentes têm o papel de indicar os membros do Judiciário. No México, a defesa deste modelo começou a ser feita pelo ex-presidente López Obrador, que falava em “democratizar” a Justiça, dizendo que as pessoas teriam de ter o poder de escolhê-los como já fazem para Executivo e Legislativo.

Obrador, no entanto, não tinha votos suficientes no Congresso para fazer essa proposta avançar até o ano passado. Depois que Claudia venceu a disputa presidencial, o partido deles obteve também maioria no parlamento, o que permitiu votar essa e outras matérias vistas como importantes pela esquerda mexicana.

Os especialistas se dividem na análise sobre os benefícios deste novo modelo no país, que agora toma a atenção mundial. Enquanto uns defendem o pleito pelo pioneirismo e por dar mais poder aos eleitores, outros dizem que é uma ameaça ao Poder Judiciário, abrindo caminho para que o crime organizado faça parte do sistema.

“É a ideia de que vivemos uma nova fase no México, mais politizada, em que o voto popular toma outra dimensão e assume um novo papel", diz Quintanar, que é professor da Universidade Nacional Autônoma do México, em entrevista à BBC News. "Estamos vivendo um momento marcante na história do México. E é um momento para questionarmos muitos dos dogmas sobre os quais se sustenta a democracia liberal", contrapõe Viri Ríos, doutora pela Universidade de Harvard e especialista em políticas públicas e governo.