Dona da Riachuelo, Guararapes (GUAR3) vê ações desabarem mais de 13% na Bolsa

📈 As ações da Guararapes (GUAR3), empresa controladora da Riachuelo, tiveram um tombo superior a 13% no pregão desta quinta-feira (20), figurando entre as maiores quedas do dia na B3.

O movimento foi impulsionado pela recepção mista do mercado ao balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24) e pelo avanço dos juros futuros, que pressionaram todo o setor de varejo na bolsa.

Os papéis da companhia encerraram o dia cotados a R$ 6,80, com recuo de 13,27%, atingindo a mínima do dia.

O desempenho reflete tanto a incerteza dos investidores quanto o cenário macroeconômico mais desafiador.

Desempenho da Guararapes no 4T24

No último trimestre de 2024, a Guararapes reportou um lucro líquido de R$ 249,9 milhões, crescimento de 8,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O Ebitda consolidado atingiu R$ 565,6 milhões, alta de 45% na base anual. Já a receita líquida somou R$ 3 bilhões, um avanço de 10,8%.

A companhia também celebrou cinco trimestres consecutivos de crescimento da margem bruta no segmento de vestuário, que fechou o ano em 54,3%, representando um avanço de 1,8 ponto percentual em comparação a 2023.

No consolidado de 2024, o lucro líquido da empresa foi de R$ 235 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 34,3 milhões registrado no ano anterior. O Ebitda totalizou R$ 1,487 bilhão, com crescimento de 44,7% na comparação anual.

A Midway Financeira, braço de serviços financeiros da Guararapes, reportou um Ebitda de R$ 404,3 milhões, enquanto sua base de cartões ativos atingiu 4,5 milhões.

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Pressão nos papéis e reação do mercado

Apesar dos números positivos, o mercado reagiu de forma cautelosa ao balanço, refletindo preocupações específicas, sobretudo relacionadas à Midway Financeira.

Segundo relatório do Banco Safra, a queda na rentabilidade dessa divisão teve um impacto relevante sobre os resultados consolidados.

“As provisões para perdas de crédito continuam elevadas, e as despesas operacionais da Midway aumentaram 23% no comparativo anual. Isso afetou significativamente a rentabilidade do segmento, com uma queda de 4,3 pontos percentuais no trimestre”, destaca o relatório do banco.

O Santander também classificou os números como mistos, ressaltando que, embora o desempenho no varejo tenha sido sólido, as dificuldades da Midway pesaram sobre os resultados.

Por outro lado, os analistas do banco destacaram um ponto positivo: a melhora na estrutura de endividamento da companhia.

A relação entre dívida líquida e Ebitda caiu de 1,4 vezes em dezembro de 2023 para 0,4 vezes no final de 2024, um indicativo de maior solidez financeira.

Setor varejista sofre com juros altos

Outro fator que impactou a queda da GUAR3 foi o aumento da taxa de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 14,25% e indicou a possibilidade de novas altas, o que gerou reflexos negativos para empresas do setor de varejo.

Com juros mais altos, o custo do crédito sobe, afetando diretamente tanto o consumo quanto a rentabilidade de varejistas que dependem do financiamento ao consumidor.

Além da Guararapes, outras empresas do setor também tiveram quedas expressivas na B3 (B3SA3), acompanhando o movimento de aversão ao risco por parte dos investidores.

Vale a pena investir em GUAR3?

O Safra manteve sua recomendação neutra para as ações da Guararapes, ressaltando que os papéis estão sendo negociados a um múltiplo de Preço/Lucro (P/L) de 11,2 vezes para 2025.

Esse valor está acima de concorrentes como C&A (CEAB3), que negocia a 9,9 vezes P/L, e Lojas Renner (LREN3), com múltiplo de 8,5 vezes P/L.

O Santander também reiterou a recomendação neutra para os papéis da companhia, estabelecendo um preço-alvo de R$ 8,40.

📈 O mercado ainda avalia se a empresa conseguirá sustentar sua recuperação em meio à volatilidade dos juros e ao desaquecimento do consumo.