Copom considera reduzir ritmo de corte dos juros, entenda

Comitê vê mais uma redução de 0,5 p.p. para a Selic em maio, mas indica que pode maneirar nos cortes a partir de junho.

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Publicado em 26/03/2024 às 08:50h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 26/03/2024 às 08:50h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
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Ao reduzir a taxa Selic para 10,75% na última quarta-feira (20), o Copom (Comitê de Política Monetária) também decidiu ajustar o seu guidance. O Comitê antevê mais uma redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros em maio, mas indica que pode reduzir o ritmo de corte dos juros a partir de junho se o rumo da inflação continuar incerto.

🏦 Desde o início deste ciclo de corte da Selic, o Copom vinha apontando para a manutenção do ritmo de ajuste "nas próximas reuniões", no plural. Mas, na semana passada, usou o singular ao antecipar um novo corte de 0,5 ponto percentual dos juros, "em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária".

Na ata publicada nesta terça-feira (26), o Copom argumenta que o cenário de inflação se mostra mais incerto e diz que esse quadro "requer maior flexibilidade para conduzir a política monetária apropriada para o atingimento da meta de inflação".

"O cenário-base não se alterou substancialmente, mas, com as incertezas do cenário, julgou-se apropriado ter maior flexibilidade de política monetária. Ainda que a comunicação já contivesse uma condicionalidade embutida, avaliou-se que não trazia a flexibilidade requerida", diz a ata.

💲 O Copom antevê um novo corte de 0,5 ponto percentual da Selic em maio, mas ressalta que os próximos dados econômicos serão "particularmente importantes para definir o ritmo e a taxa terminal de juros". E a possibilidade de redução do ritmo de cortes da Selic está na mesa.

Segundo a ata, alguns membros do comitê argumentaram ainda que, "se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir".

O Copom ainda ressaltou a "necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas".

O Comitê também disse, contudo, que "seria um equívoco interpretar a mudança na sinalização futura como uma indicação de alteração do ciclo de política monetária compatível com o cenário-base".

"A taxa de juros e sua respectiva trajetória serão aquelas necessárias para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante de política monetária", enfatizou o Copom, que busca uma meta de inflação de 3% em 2024 e também 2025.

Segundo o Boletim Focus, a perspectiva do mercado é de que a taxa Selic termine o ano em 9%.

Inflação

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,42% em janeiro e 0,83% em fevereiro, acima do esperado. Com isso, já acumula uma alta de 1,25% em 2014.

O Copom acredita que a inflação será de 3,5% em 2024, mas projeta uma alta de 4,4% para os preços administrados e ainda vê riscos, tanto de alta, quanto de baixa, para o índice de preços.

O comitê avalia que, por um lado, a inflação dos alimentos e dos bens industriais têm cedido. Mas, por outro lado, afirma que "a recorrência de surpresas inflacionárias na inflação de serviços, em particular em seus componentes subjacentes e itens intensivos em trabalho, suscita dúvidas sobre a velocidade da desinflação prospectiva".