Capital estrangeiro na B3: Quase 1/3 do que entrou em 2023 já saiu em 2024

Estrangeiros ingressaram com R$ 44,9 bilhões na B3 em 2023, mas retiraram R$ 14 bilhões nos primeiros 45 dias de 2024

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Publicado em 16/02/2024 às 18:52h - Atualizado 2 meses atrás Publicado em 16/02/2024 às 18:52h Atualizado 2 meses atrás por Marina Barbosa
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Em 45 dias de 2024, os investidores estrangeiros já retiraram mais de R$ 14 bilhões da Bolsa brasileira. É quase 1/3 de todos os recursos injetados no mercado secundário de ações da B3 em 2023.

💵 Segundo dados da B3, os gringos ingressaram com R$ 44,9 bilhões na Bolsa brasileira em 2023. Contudo, mudaram de estratégia no início de 2024, passando a fazer mais retiradas do que aportes.

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Em janeiro de 2024, o saldo de capital externo foi negativo em R$ 7,89 bilhões na B3. Em fevereiro, a saída de recursos já soma R$ 6,13 bilhões, até a última quarta-feira (14), o último dado disponível.

O saldo acumulado em 2024, portanto, é de uma retirada de R$ 14,02 bilhões de capital estrangeiro da B3. Isto é, o equivalente a 31% dos R$ 44,9 bilhões que entraram em 2023.

Impacto no Ibovespa

📉 Os estrangeiros respondem por mais de 50% dos negócios registrados no mercado acionário da B3. Por isso, a entrada ou saída de capital externo afeta o desempenho da Bolsa brasileira. 

Em janeiro, por exemplo, o Ibovespa afundou 4,79% em meio à debandada de capital externo. Fevereiro tem sido um mês de volatilidade para o principal índice da B3. O saldo do mês, contudo, é de uma queda de aproximadamente 1% do Ibovespa até esta sexta-feira (16).

Juros nos EUA no radar

A mudança de humor dos investidores estrangeiros reflete as incertezas sobre o rumo da política monetária dos Estados Unidos. 

O mercado apostou em ativos emergentes como os brasileiros no fim de 2023 quando percebeu que os juros americanos deveriam cair em 2024. Contudo, criou a expectativa de que os cortes já começariam no primeiro trimestre do ano e agora começa a perceber que o ajuste não deve ser tão rápido assim.

Em janeiro, o presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell, disse que os cortes de juros só devem começar depois de o Banco Central ter certeza de que a inflação americana está caindo de forma sustentável em direção à meta anual de 2%. A taxa, no entanto, subiu mais do que o esperado em janeiro. 

Por isso, o mercado tem monitorado de perto os dados da economia americana para tentar saber quando o Fed deve começar a agir. Por enquanto, a maior parte dos analistas vê os cortes de juros começando em maio ou junho nos Estados Unidos.

Follow-on ameniza saída

Considerando os investimentos realizados em IPOs e follow-ons (ofertas iniciais e subsequentes de ações, respectivamente), a saída de capital estrangeiro da B3 foi um pouco menor em 2024.

Neste caso, a retirada líquida foi de R$ 13,34 bilhões no acumulado do ano, até quarta-feira (14). É que os gringos aportaram R$ 680,5 milhões em ofertas de ações em fevereiro, segundo a B3. 

Sem IPOs há mais de dois anos, a B3 registrou follow-ons de companhias como Vulcabras (VULCC3) e Priner (PRNR3) recentemente.