Cortes de juros não devem começar em março nos EUA, indica Powell

Segundo ele, Fed precisa ter confiança de que a inflação está caindo de forma sustentável para começar a reduzir os juros

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Publicado em 31/01/2024 às 17:24h - Atualizado 3 meses atrás Publicado em 31/01/2024 às 17:24h Atualizado 3 meses atrás por Marina Barbosa
Jerome Powell, o presidente do Fed (Divulgação)
Jerome Powell, o presidente do Fed (Divulgação)

O Fed (Federal Reserve) considera que pode ser apropriado cortar os juros dos Estados Unidos em algum momento de 2024, mas só se a economia evoluir como o esperado e a inflação cair de forma sustentável para a meta anual de 2%. Os cortes, portanto, não devem começar em março. Foi o que indicou o presidente do Fed, Jerome Powell, nesta quarta-feira (31).

🏦 "Acreditamos que a nossa taxa de referência está provavelmente no seu pico para este ciclo de aperto monetário e que, se a economia evoluir amplamente como esperado, provavelmente será apropriado começar a reduzir o aperto da política monetária em algum momento deste ano", afirmou Jerome Powell, depois de o Fed manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano.

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A manutenção dos juros era esperada pelo mercado. Os juros americanos já haviam sido mantidos inalterados nas últimas três reuniões do FOMC, o Comitê de Mercado Aberto dos Estados Unidos, em setembro, novembro e dezembro de 2023.

Na última reunião de 2023, no entanto, o Fed começou a discutir a possibilidade de corte dos juros. Por isso, o mercado esperava sinais de quando os juros devem começar a cair nos Estados Unidos depois da reunião desta quarta-feira (31) do Fed. Jerome Powell indicou, por sua vez, que os cortes não devem começar já na próxima reunião do FOMC, em março, como parte do mercado acreditava.

Redução de juros depende da inflação

Segundo o Fed, a redução dos juros depende do comportamento da inflação. Ao comunicar a manutenção dos juros nesta quarta-feira (31), o Fed disse que "não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%".

Jerome Powell acrescentou, em conferência, que os dados de inflação foram positivos nos últimos seis meses, mas que a economia tem frustrado as expectativas frequentemente desde a pandemia de covid-19. Ele disse, então, que "o progresso em direção à meta de 2% não está garantido".

Cortes não devem começar em março

Segundo Powell, o Fed precisa de mais dados positivos para ter confiança de que a inflação está caindo de forma sustentável em direção à meta anual de 2%. Ele disse ainda que, por causa disso, não é provável que o Fed tenha conquistado a confiança necessária para cortar os juros até a sua próxima reunião, em março.

🗣️ "Não creio que seja provável que a comissão atinja o nível de confiança na altura da reunião de março, para identificar que março é o momento para fazer isso", afirmou.

De acordo com o presidente do Fed, cortar os juros "muito cedo ou demasiado" poderia reverter o processo de queda da inflação. Por outro lado, ele diz que cortar os juros "tarde demais ou muito pouco" seria prejudicial à atividade econômica e ao emprego.

Por isso, Powell lembrou que as decisões de juros são tomadas reunião por reunião, de acordo com os dados disponíveis no momento. Ele disse ainda que o Fed está pronto para ajustar a condução da política monetária, inclusive segurando os juros no patamar atual, se necessário.