Aumento do IOF: Veja como medida afeta suas compras, viagens e investimentos

Medida deve encarecer compras e viagens internacionais e ainda pode pressionar as contas das seguradoras e varejistas listadas na B3.

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Publicado em 24/05/2025 às 11:14h - Atualizado Agora Publicado em 24/05/2025 às 11:14h Atualizado Agora por Marina Barbosa
Governo espera arrecadar R$ 18,5 bi com a medida neste ano (Imagem: Shutterstock)
Governo espera arrecadar R$ 18,5 bi com a medida neste ano (Imagem: Shutterstock)

O aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) não vai mais atingir as suas aplicações em fundos de investimento no exterior. Contudo, ainda pode mexer bastante com as suas finanças.

💲 A medida, anunciada na quinta-feira (22) pelo governo federal como uma forma de elevar a arrecadação, deve encarecer as compras realizadas no exterior, a compra de moeda estrangeira em espécie e também os investimentos em previdência privada.

Além disso, afetar a contratação de crédito pelas empresas, o que pode afetar os resultados de companhias como alguma das varejistas listadas na B3.

Entenda nesta matéria os impactos do aumento do IOF, que já entrou em vigor nessa sexta-feira (23).

Investimentos no exterior

O governo federal chegou a anunciar o aumento do IOF voltado às aplicações em fundos de investimento no exterior, de 0% para 3,5%.

Contudo, voltou atrás em poucas horas, diante da repercussão negativa do mercado. Com isso, esse investimento continuará isentoda cobrança de imposto.

Já as remessas enviadas ao exterior com o objetivo de investimentos continuarão sujeitas ao pagamento de uma alíquota de 1,1% de IOF.

Remessas ao exterior

Os outros tipos de remessa, por sua vez, não escaparam da alta do IOF. Neste caso, o imposto subiu de 1,1% para 3,5%.

💵 O aumento afeta as transferências para contas internacionais, que costumam ser usadas em viagens internacionais.

Empresas como Wise, Nomad e Avenue, que permitem ao usuário converter reais para moedas estrangeiras, por exemplo, confirmaram que a cobrança do imposto subiu nessa sexta-feira (23) em razão da decisão do governo.

Compra de moeda estrangeira

A compra de moeda estrangeira em espécie também não estará livre do aumento. Isso porque o IOF também subiu de 1,1% para 3,5% neste caso. Por isso, as viagens internacionais devem mesmo ficar mais caras.

Cartão internacional

As compras pagas com cartões de crédito, débito e pré-pago internacional também passaram a ser taxadas em 3,5% a partir dessa sexta-feira (23).

💳 Antes, o IOF cobrado nessa situação era de 3,38%. E havia uma expectativa de que essa alíquota fosse reduzida gradativamente nos próximos anos, até ser zerada em 2028.

O aumento deve encarecer os gastos realizados em viagens internacionais e também as compras pagas com cartões internacionais em plataformas de e-commerce como Shein, Shopee e AliExpress.

Previdência privada

Os investimentos em previdência privada também podem ser impactados pelo aumento do IOF.

Neste caso, o governo manteve a alíquota zero para aportes mensais de até R$ 50 mil. Contudo, elevou a alíquota para 5% nas aplicações de maior valor.

De acordo com o Executivo, a medida busca corrigir distorções, evitando que os planos de previdência sejam usados como uma forma de investimento de baixa tributação pelo público de "altíssima renda".

🏦 O Goldman Sachs acreditam, por sua vez, que o aumento também pode afetar as receitas de três instituições financeiras listadas na B3: BB Seguridade (BBSE3), Bradesco (BBDC4) e Caixa Seguridade (CXSE3).

Crédito

O Executivo ainda elevou o IOF dos empréstimos externos de curto prazo, de 0% para 3,5%.

Já em operações não especificadas, o IOF subiu de 0,38% para 3,5% na saída de recursos.

Empresas

Na seara do crédito, contudo, o maior impacto ficou com as empresas.

📈O crédito à pessoa jurídica estava sujeito à cobrança de no máximo 1,88% de IOF ao ano. Contudo, agora essa taxa pode chegar a 3,95%.

No caso das empresas cadastradas no Simples Nacional, a alíquota máxima subirá de 0,88% para 1,95% ao ano em operações de até R$ 30 mil.

Já as cooperativas de crédito, que estavam isentas da cobrança, passarão a pagar a alíquota das empresas em geral caso mantenham operações superiores a R$ 100 milhões ao ano.

Na avaliação de analistas, o encarecimento do crédito é prejudicial para as empresas, sobretudo neste momento de juros elevados.

Contudo, também há uma expectativa de que, com isso, o Copom (Comitê de Política Monetária) não volte a elevar a Selic, mantendo a taxa básica de juros nos atuais 14,75% ao ano.

Leia também: Com IOF mais alto, XP vê Selic parada em 14,75% e inflação em 5,7% em 2025

Varejistas

Operações de financiamento e antecipação de pagamentos a fornecedores, conhecidas como risco sacado, também entrarão na mira do IOF a partir de 1º de junho.

⚠️ Na avaliação do JP Morgan, a medida pode afetar as contas das varejistas, já que o uso dessa modalidade de crédito é frequente no setor.

Dentre as empresas listadas na B3, Magazine Luiza (MGLU3), Assaí (ASAI3) e Natura (NTCO3) podem ser as mais atingidas, segundo os analistas do banco.

Hypera (HYPE3) e Vivara (VIVA3) também poderiam ser afetadas do ponto de vista de capital de giro, caso as varejistas absorvam esse aumento de custo ao invés de passar para seus fornecedores, avalia o JP Morgan.

Arrecadação

O IOF é um imposto cobrado pela União sobre as operações financeiras. Por isso, o aumento do tributo deve ajudar o governo a arrecadar mais e, assim, cumprir a meta fiscal deste ano.

Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, o incremento de receitas deve ser da ordem de R$ 18,5 bilhões neste ano de 2025.