Argentina em 1º e Brasil na lanterna: Veja o desempenho das bolsas em 2024

Com o baque de 7,66% do primeiro semestre, Ibovespa ficou atrás das principais bolsas mundiais.

Author
Publicado em 03/07/2024 às 14:32h - Atualizado 1 mês atrás Publicado em 03/07/2024 às 14:32h Atualizado 1 mês atrás por Marina Barbosa
Além do Brasil, só a Bolsa de Paris teve um 1º semestre negativo (Shutterstock)
Além do Brasil, só a Bolsa de Paris teve um 1º semestre negativo (Shutterstock)

Com o baque de 7,66% do Ibovespa, o Brasil registrou o pior desempenho entre as principais bolsas de valores do mundo no primeiro semestre de 2024. É o que indica um levantamento da Austin Rating, realizado a pedido do Investidor10.

📉 O levantamento mostra que, entre 12 das principais bolsas de valores mundiais, só o Brasil e Paris tiveram um primeiro semestre de perdas. O recuo francês, no entanto, foi bem menor do que o do brasileiro: -0,74%.

O estudo ainda revela que, apesar dos recordes sucessivos registrados pelas bolsas americanas, o melhor desempenho do ano não veio dos Estados Unidos, mas da Argentina.

O Merval, principal índice de bolsa de valores da Argentina, disparou 78,23% no primeiro semestre de 2024. Já o Nasdaq subiu 18,6% e o Dow Jones, 3,87%.

Veja o desempenho das principais bolsas mundiais no primeiro semestre de 2024:

  • Merval (Buenos Aires): 78,23%;
  • Nasdaq (Estados Unidos): 18,6%;
  • Nikkei 225 (Tóquio): 18,02%;
  • DAX 30 (Frankfurt): 9,18%;
  • BSE Sensex (Índia): 9,15%;
  • FTSE 100 (Londres): 5,72%;
  • Hang Seng (Hong Kong): 3,96%;
  • Dow Jones (Estados Unidos): 3,87%;
  • TA 35 (Israel): 2,20%;
  • CSI 300 (Shangai): 0,43%;
  • CAC 40 (Paris): -0,74%;
  • Ibovespa (Brasil): -7,66%.

Para onde vai o Ibovespa depois do baque do 1º semestre?

O Ibovespa recuou 7,66 no primeiro semestre de 2024. Foi o pior para o período desde 2020, no início da pandemia de covid-19. Por isso, as expectativas para o desempenho do principal índice da B3 em 2024 já não são tão otimistas quanto as do início do ano. Ainda assim, muitos analistas veem chances de a bolsa brasileira se recuperar na reta final do ano.

💲 A Austin Rating, por exemplo, via o Ibovespa aos 140 mil pontos no fim de 2024, mas hoje aposta nos 130 mil pontos. Isto é, um desempenho quase 5% superior aos 123.906 pontos registrados ao final do primeiro semestre.

Economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini explica que o aumento dos riscos fiscais e a manutenção de juros altos prejudica os investimentos em bolsa. Contudo, ainda vê espaço para o Ibovespa recuperar parte das perdas registradas no início do ano.

"Nesse contexto atual, é possível atingir os 130 mil pontos, até porque houve uma queda muito forte recentemente e os fundamentos macroeconômicos não mudaram tanto assim. Tem espaço para retornar", avalia.

Para Agostini, o Ibovespa pode até superar os 130 mil pontos ainda em 2024. Mas, para isso, o economista aponta algumas condições:

  • melhora do cenário internacional, com a redução das tensões geopolíticas;
  • uma sinalização clara de que os juros dos Estados Unidos vão cair ainda em 2024;
  • maior comprometimento do governo brasileiro com o ajuste fiscal.

Segundo ele, a queda dos juros americanos deve levar os investidores a tomar mais risco, mas a redução dos ruídos domésticos é fundamental para impulsionar a bolsa brasileira.

"A postura do nosso presidente em relação aos gastos públicos e à presidência do Banco Central tem jogado um risco muito elevado para os investidores", ressalta Agostini.

Leia também: Dólar bate R$ 5,70: Três fatores que explicam a alta da moeda

Projeções apontam para alta de até 11,7% no ano

Gestores de investimento veem espaço para o Ibovespa não só se recuperar das perdas do primeiro semestre, como também bater novos recordes ainda em 2024. O recorde atual é de 134.185 pontos, registrado ao final de 2023.

A Monte Bravo, por exemplo, acredita que o Ibovespa chegará aos 150 mil pontos em 2024. Isto é, um desempenho 21% acima do registrado ao final do primeiro semestre e 11,7% superior ao de 2023.

A gestora explica que parte da queda do mercado brasileiro se deve à manutenção de juros altos nos Estados Unidos, mas acredita que o Fed (Federal Reserve) começará a cortar a taxa americana em setembro e, por isso, vê "uma dinâmica favorável ao redor do mundo no 3º trimestre".

Além disso, a Monte Bravo avalia que os "múltiplos da bolsa brasileira seguem muito atrativos" e considera que "basta uma mudança nos fluxos para bolsa repetir o movimento do final de 2023 e subir 20 ou 30 mil pontos em pouco tempo". Contudo, a gestora ressalta que "uma alta mais forte exige uma recuperação da credibilidade fiscal".

Diante do aumento da percepção de risco fiscal e da manutenção de juros altos no Brasil, muitas casas cortaram as suas projeções para o Ibovespa em 2024. O Santander, por exemplo, reduziu o alvo de 160 mil para 145 mil pontos. A XP Inc. também vê o Ibovespa fechando o ano aos 145 mil pontos, abaixo dos 149 mil pontos projetados anteriormente. Ainda assim, as projeções apontam para um potencial de alta do mercado brasileiro em 2024.

O BB Investimentos, que vê o Ibovespa nos 138 mil pontos no fim do ano, explica que não houve deterioração nos fundamentos das empresas listadas na B3 e destaca uma melhora nas projeções de resultados dessas companhias. A Ativa, que tem um target de 135 mil pontos, reforça essa avaliação e considera que isso "confirma um valuation barato da bolsa".