Americanas (AMER3): Ex-diretor diz que tentou barrar fraude bilionária
Segundo os ex-funcionários, as fraudes foram realizadas para manter uma imagem positiva da empresa.
Marcelo da Silva Nunes, ex-diretor financeiro da Americanas (AMER3), revelou à PF (Polícia Federal) que tentou implementar medidas para reduzir fraudes na empresa em 2020, mas suas iniciativas foram vetadas para evitar danos à reputação da companhia.
🗣️ Até o momento, Nunes e Flávia Pereira Carneiro Mota, ex-chefe da controladoria da B2W, estão colaborando com as investigações conduzidas pela Polícia Federal sobre a fraude na Americanas. Segundo os ex-funcionários, as fraudes foram realizadas para manter uma imagem positiva da empresa e assegurar o recebimento de bônus pelos executivos.
Os depoimentos mencionados foram fundamentais para a instauração do inquérito que resultou na Operação Disclosure da Polícia Federal. Durante a operação, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão nas residências de suspeitos envolvidos no esquema de falsificação dos balanços da varejista.
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🤑 Vale citar que a operação emitiu mandados de prisão para o ex-CEO, Miguel Gutierrez, e para a ex-diretora Anna Saicali. Gutierrez foi detido na Espanha, enquanto Saicali retornou ao Brasil e entregou seu passaporte às autoridades da Polícia Federal. Por outro lado, a varejista alega ser vítima. As irregularidades contábeis na companhia inicialmente resultaram em um prejuízo de R$ 25 bilhões, que atualmente se estima em R$ 50 bilhões.
Além disso, a Americanas reportou um quadro de funcionários CLT de 32.446 pessoas na semana de 24 a 30 de junho. Apesar de 54 novas contratações nesse período, a empresa também registrou 174 pedidos de demissão, 20 desligamentos involuntários e 48 rescisões de contratos temporários e de experiência.
Gestão criou e-mails falsos de fornecedores
💬 Na última terça-feira (3), Nunes afirmou que emails falsos de fornecedores eram criados pela gestão para validar cartas fictícias de VPC (Verba de Propaganda Cooperada). Nunes, em sua delação que inclui mais de 300 documentos anexados, explicou que "os fornecedores não tinham conhecimento de que os emails nas cartas de VPC eram manipulados".
O objetivo final era enviar essas cartas alteradas às auditorias, buscando a aprovação das contas da empresa. A VPC refere-se a créditos concedidos pelos fornecedores aos varejistas para diversas finalidades comerciais, como inclusão de produtos em materiais promocionais ou gestão de estoques.
No entanto, de acordo com a PF, a antiga diretoria realizava lançamentos contábeis fraudulentos relacionados a VPC inexistentes. Nunes explicou ainda que a manipulação das cartas de VPC envolvia a modificação de datas e valores em cartas reais, mantendo os dados principais inalterados. Ele também mencionou que "o método mais acessível para obter essas cartas falsas era através dos auditores, como a Price e a KPMG".
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