A bolsa brasileira está perdendo empresas, entenda
ClearSale (CLSA3) se despediu da B3 nesta semana. Agora, Carrefour (CRFB3) e Eletromídia (ELMD3) podem seguir o mesmo caminho.

Empresas como Cielo, Alfa e Cosern deixaram a bolsa brasileira em 2024. A ClearSale (CLSA3) também se despediu da B3 nesta semana. E, agora, nomes como Carrefour (CRFB3), Eletromídia (ELMD3) e Santos Brasil (STBP3) podem seguir o mesmo caminho.
📉 O número de companhias listadas na B3 vem, então, encolhendo nos últimos anos e deve seguir essa tendência neste ano. Afinal, além de estar perdendo empresas, a bolsa brasileira não é palco para um IPO (oferta pública inicial) há mais de três anos.
De acordo com dados da B3, havia 427 empresas listadas ao final de 2024. Isto é, 19 a menos do que o observado um ano antes e 36 abaixo do pico de 463 registrado em dezembro de 2021. E esse número já caiu de novo.
Ao final de fevereiro, a B3 contabilizou 422 empresas listadas. Na última terça-feira (1º), a ClearSale também se despediu da bolsa, após a conclusão do processo de venda e incorporação pelo Serasa Experian. Quem tinha ações da empresa vai receber BDRs (Brazilian Depositary Receipts) do Serasa ou um valor em dinheiro, equivalente a R$ 10,56 por ação.
🛒 O mesmo pode acontecer em breve com o Carrefour Brasil, já que o grupo francês Carrefour fez uma oferta para resgatar as ações e fechar o capital da sua operação no Brasil. A assembleia de acionistas que deve decidir sobre a operação seria realizada nesta segunda-feira (7), mas foi adiada para 25 de abril porque, após queixas dos acionistas, o Carrefour decidiu rever os termos da proposta e elevar o valor de resgate das suas ações, de R$ 7,70 para R$ 8,50.
A Eletromídia também pode deixar a bolsa em breve. Isso porque a Globo comprou o controle da companhia em novembro do ano passado. Pouco depois, apresentou um pedido de OPA (Oferta Pública de Aquisição) para comprar as demais ações e cancelar o registro de companhia aberta da Eletromídia, o que deve levar à deslistagem da empresa na B3. O leilão da OPA está marcado para o próximo dia 28 de abril.
Empresas como Wilson Sons (PORT3) e Santos Brasil podem seguir o mesmo caminho. Afinal, também estão em processo de venda e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) exige a realização de uma OPA sempre que um acionista eleva a sua participação em uma companhia de tal forma que, ao final do negócio, restam menos de 15% das ações de uma mesma classe e espécie em circulação no mercado. E esse processo tende a abrir caminho para a deslistagem da empresa.
Por que tantas empresas estão deixando a B3?
Segundo analistas, esse movimento de aquisições, OPAs e deslistagens está relacionado ao atual valuation das ações brasileiras. Afinal, o Ibovespa caiu mais de 10% em 2024, o que deixou a bolsa “barata” para muitos investidores, sobretudo estrangeiros.
“Há uma percepção de que essas empresas estão baratas. Além disso, é muito caro manter uma empresa de capital aberto no Brasil. Por isso, muitos empresários decidiram comprar as ações da sua própria empresa ou de outro negócio, para fechar o capital, deixar de ter outros sócios e ganhar uma posição de ação maior”, explicou o gestor da Bluemerrix Asset, Renan Silva.
💡 A Serena Energia (SRNA3), por exemplo, já recebeu algumas propostas por causa desse fenômeno. Em fevereiro, a elétrica disse que "em virtude da queda no preço de suas ações ao longo dos últimos meses, em descompasso com seu sólido desempenho e a alta qualidade de seus ativos, a Companhia e seus principais acionistas têm sido abordados com maior frequência por investidores interessados em investir na Companhia". E, na última sexta-feira (4), disse que segue em "tratativas preliminares" com alguns fundos. Ainda não há, no entanto, definição sobre o negócio.
De acordo com o "Valor Econômico", a Oncoclínicas (ONCO3) também estaria na mira de fundos de investimento. Já LWSA (LWSA3), Positivo (POSI3) e Ourofino (OFSA3) estariam avaliando a saída da bolsa, segundo a "Bloomberg".
Apesar disso, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, classifica como passageiro esse movimento de empresas deixando a bolsa brasileira. "Deslistagem é uma função do preço, de que existe uma visão de que a empresa está muito barata e o mercado não está apreçando corretamente o valor futuro dessa empresa”, afirmou Finkelsztain, em entrevista ao "Estadão".
💲 Gestor da Bluemetrix Ativos, Renan Silva reforçou que se trata de uma “janela de oportunidade”, que pode se fechar diante da recente valorização das ações brasileiras. Ele, no entanto, ainda não vê espaço para que a bolsa brasileira também acabe com o jejum de IPOs que se estende desde o final de 2021 e possa voltar a receber novas empresas, para reverter o efeito dessas últimas deslistagens.
Segundo ele, os IPOs só vão voltar quando as empresas tiverem confiança no crescimento da economia brasileira e os juros cederem. Esta, no entanto, não é a previsão no momento. Afinal, a perspectiva é de que a taxa Selic ainda suba mais e que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil desacelere neste ano, devido à inflação e aos juros altos.
Veja o nº de empresas listadas na B3 nos últimos anos:
- 2016: 434;
- 2017: 404;
- 2018: 406;
- 2019: 391;
- 2020: 407;
- 2021: 463;
- 2022: 448;
- 2023: 446;
- 2024: 427;
- 2025 (fevereiro): 422.

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