Setor automobilístico: Vale a pena investir?

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Publicado em 06/01/2021 às 12:07h - Atualizado 5 meses atrás Publicado em 06/01/2021 às 12:07h Atualizado 5 meses atrás por João Henrique Possas
Setor automobilístico: Vale a pena investir?
Setor automobilístico: Vale a pena investir?

Investir no setor automobilístico da Bolsa de Valores pode parecer uma oportunidade promissora, especialmente quando olhamos para a importância desse segmento no Brasil e no mundo.

No entanto, será que essa indústria oferece oportunidades de crescimento e bons retornos para o investidor comum?

Quais são os riscos envolvidos? Como as empresas do setor performam dentro do mercado de ações?

Este artigo vai destrinchar todos esses pontos para você entender se vale mesmo a pena colocar seu dinheiro nas companhias automotivas listadas na B3.

Empresas do setor automobilístico na B3

O setor automobilístico listado na B3 engloba empresas que atuam em diversos elos da cadeia de produção automotiva, desde a fabricação de peças e componentes até a produção de veículos completos.

Essas empresas desempenham um papel fundamental tanto no mercado interno quanto no exterior, com forte integração em cadeias globais de suprimentos e presença marcante em diversos continentes.

Apesar dos desafios enfrentados ao longo dos anos, o setor mantém sua relevância dentro do mercado brasileiro e global, oferecendo oportunidades para investidores atentos às oscilações do mercado e às mudanças tecnológicas.

Atualmente, três grandes empresas se destacam na B3 dentro deste setor: MAHLE-Metal Leve, Iochpe-Maxion e Plascar Participações.

Cada uma delas possui características únicas em termos de atuação, mercado-alvo e resultados financeiros, que analisaremos a seguir.

1. MAHLE-Metal Leve (LEVE3)

Fundada em 1920, a MAHLE-Metal Leve é uma subsidiária do grupo alemão MAHLE, uma das maiores fabricantes mundiais de componentes automotivos.

Com mais de um século de história, a empresa consolidou sua presença global, operando em mais de 170 fábricas espalhadas por diversos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Alemanha, China e Índia.

No Brasil, a MAHLE-Metal Leve conta com quatro unidades industriais, que produzem uma vasta gama de peças automotivas, como anéis, bielas, pistões, filtros e compressores.

Essas peças são essenciais para o funcionamento de veículos de diversas montadoras e setores industriais, o que faz da MAHLE um dos principais fornecedores da indústria automotiva global.

A empresa se beneficia de sua atuação em mercados diversos, o que a torna resiliente frente a crises localizadas, como as que afetam apenas uma região ou país.

Contudo, assim como outras empresas do setor, a MAHLE foi impactada por momentos de retração econômica e pela crescente pressão para a eletrificação dos veículos, o que exige grandes investimentos em inovação e novas tecnologias.

  • Receita líquida (2019): R$ 2,5 bilhões
  • Lucro líquido (2019): R$ 255,5 milhões
  • Código na B3: LEVE3

Além dos resultados financeiros sólidos, a MAHLE-Metal Leve tem focado em expandir seu portfólio para atender à demanda por tecnologia verde, incorporando inovações para motores híbridos e elétricos, o que é fundamental para manter sua competitividade em um setor que está passando por uma transformação acelerada.

2. Iochpe-Maxion (MYPK3)

A Iochpe-Maxion, fundada em 1918, é outro nome de peso dentro do setor automotivo, com uma trajetória centenária que a posiciona como a maior fabricante mundial de rodas automotivas.

A empresa é responsável pela produção de rodas e componentes estruturais automotivos, itens essenciais para a montagem de veículos leves e pesados em todo o mundo.

A companhia possui 31 fábricas distribuídas em 14 países, o que lhe garante uma ampla rede de fornecimento e uma base diversificada de clientes em mercados desenvolvidos e emergentes.

Com cerca de 15 mil funcionários, a Iochpe-Maxion tem sido uma das empresas mais resilientes do setor, beneficiando-se da globalização e da alta demanda por peças automotivas em várias regiões.

Uma das estratégias de sucesso da empresa foi a diversificação de suas operações, incluindo uma parceria estratégica com a Amsted-Maxion, que atua na fabricação de vagões ferroviários e fundidos industriais.

Esse movimento permitiu à empresa expandir sua atuação para outros segmentos além do automotivo, o que ajuda a mitigar os riscos cíclicos do setor.

  • Receita líquida (2019): R$ 10 bilhões
  • Lucro líquido (2019): R$ 421,4 milhões
  • Código na B3: MYPK3

Além de ser um nome consolidado no setor, a Iochpe-Maxion está atenta às mudanças do mercado global, como a crescente demanda por mobilidade elétrica e a necessidade de redução de emissões.

Recentemente, a empresa tem investido em pesquisa e desenvolvimento para melhorar a eficiência de seus componentes e torná-los mais leves e sustentáveis, fatores essenciais para atender às exigências de montadoras focadas em veículos elétricos e híbridos.

3. Plascar Participações (PLAS3)

A Plascar é uma empresa brasileira fundada em 1963, inicialmente atuando no setor de artefatos de borracha, mas que, desde a década de 1970, passou a focar na produção de peças automotivas, principalmente acabamentos internos e externos para veículos leves e pesados.

Com fábricas localizadas em Betim (MG), Varginha (MG) e Jundiaí (SP), a empresa atende tanto montadoras quanto o mercado de reposição de peças, o que a posiciona como uma fornecedora importante dentro do ecossistema automotivo brasileiro.

Apesar de sua relevância no setor, a Plascar tem enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos.

O prejuízo registrado em 2019 (R$ 6,82 milhões) reflete os desafios enfrentados pela empresa, que lida com uma combinação de fatores negativos, como a queda na demanda por veículos durante a recessão econômica e os altos custos operacionais que comprometem suas margens de lucro.

  • Receita líquida (2019): R$ 407,55 milhões
  • Prejuízo líquido (2019): R$ 6,82 milhões
  • Código na B3: PLAS3

Embora a Plascar tenha passado por momentos difíceis, a empresa busca reestruturar suas operações e modernizar sua linha de produção para se adaptar à nova demanda do mercado automotivo, que inclui o fornecimento de componentes para veículos elétricos e sistemas de direção autônoma.

A capacidade de se reposicionar frente a essas novas tendências será crucial para a recuperação e crescimento da companhia nos próximos anos.

O panorama do setor automobilístico na B3

O setor automobilístico na B3 oferece oportunidades para investidores que buscam crescimento de longo prazo, mas exige cautela.

Embora empresas como Iochpe-Maxion e MAHLE-Metal Leve apresentem resultados sólidos e estejam em processo de adaptação às novas tecnologias, o setor como um todo enfrenta desafios significativos, incluindo a pressão por inovação, sustentabilidade e a necessidade de lidar com a volatilidade cíclica da demanda.

Com o mercado global se voltando cada vez mais para a eletrificação e a mobilidade autônoma, as empresas que conseguirem se adaptar a essas mudanças tendem a prosperar.

Investidores que estão atentos às tendências de longo prazo e às políticas de incentivo ao setor podem encontrar boas oportunidades, principalmente em companhias com presença internacional e forte atuação em pesquisa e desenvolvimento.

O setor automobilístico: vantagens e desafios

O setor automobilístico é uma das engrenagens mais importantes da economia global, mas também é um dos mais voláteis, pois está diretamente ligado ao consumo cíclico.

Isso significa que o desempenho das empresas automotivas depende intensamente do comportamento econômico, da renda disponível da população e, principalmente, da demanda por veículos e peças.

Essa dependência faz com que o setor oscile entre períodos de forte crescimento e momentos de retração, especialmente em cenários de crise ou incerteza econômica.

Em um mercado tão dinâmico e com tantas variáveis, entender as vantagens e os riscos de investir no setor automobilístico é fundamental para quem deseja se posicionar de forma estratégica.

Vamos explorar em detalhes o que pode tornar esse setor interessante para os investidores e os desafios que ele apresenta, com base em tendências e dados recentes.

Vantagens de investir no setor automobilístico

1. Potencial de recuperação rápida

Uma das maiores vantagens de investir no setor automobilístico é o seu potencial de recuperação após períodos de crise.

Esse comportamento cíclico é comum em mercados que dependem de consumo de bens duráveis, como automóveis.

Em momentos de baixa, como durante a pandemia global, a demanda por veículos despencou devido à queda na renda e à incerteza econômica.

No entanto, historicamente, o setor se recupera de forma acelerada quando a economia melhora.

Essa recuperação é frequentemente impulsionada por incentivos ao consumo oferecidos pelos governos, como reduções de impostos (IPI, por exemplo) e subsídios para a compra de veículos.

Em muitos países, incluindo o Brasil, o governo tem um papel ativo em estimular a produção e o consumo automotivo para garantir a continuidade da geração de empregos e a movimentação da economia.

Empresas bem posicionadas conseguem capturar essas oportunidades e reverter o cenário de crise em crescimento rapidamente.

2. Expansão internacional e diversificação

Algumas empresas do setor, como a Iochpe-Maxion, têm forte atuação em mercados globais, o que oferece uma diversificação geográfica importante para mitigar riscos.

A Iochpe-Maxion, por exemplo, é líder mundial na fabricação de rodas automotivas e possui fábricas em 14 países.

Essa presença internacional permite que a companhia reduza sua exposição aos riscos de uma única economia, aproveitando oportunidades de crescimento em diferentes regiões, especialmente em economias emergentes onde a demanda por veículos continua em ascensão.

Além disso, a diversificação em outros segmentos, como a produção de componentes estruturais e vagões ferroviários, permite que essas empresas explorem novas fontes de receita.

Isso torna as companhias mais resilientes em cenários de baixa demanda no setor automotivo, ampliando o horizonte de investimentos para além dos veículos tradicionais.

3. Setor estratégico e essencial para a economia

O setor automotivo é uma peça-chave da economia global e brasileira.

No Brasil, a indústria automobilística é uma das principais responsáveis pela geração de empregos e movimenta uma cadeia produtiva extensa, que envolve fornecedores de peças, aço, plástico e até serviços financeiros ligados ao financiamento de veículos.

Em momentos de crise, essa importância pode levar o governo a implementar políticas de incentivo, como programas de financiamento facilitado ou desonerações fiscais, para garantir a sobrevivência e o crescimento do setor.

Além disso, o setor automotivo tem um papel central na inovação tecnológica, especialmente na transição para veículos elétricos e autônomos, o que o posiciona como uma indústria de longo prazo para investidores interessados em estar à frente das novas tendências de mobilidade.

Riscos de investir no setor automobilístico

1. Demanda cíclica e vulnerabilidade a crises

O risco mais evidente ao investir no setor automotivo é sua dependência do ciclo econômico.

Em períodos de crise, como vimos durante a pandemia global e outras recessões anteriores, a demanda por automóveis tende a cair drasticamente.

Veículos são considerados bens de consumo duráveis e, em momentos de incerteza econômica, os consumidores costumam postergar compras desse tipo, afetando diretamente as receitas das montadoras e fabricantes de peças.

Exemplos disso podem ser vistos em empresas como a Plascar, que enfrentou um prejuízo líquido significativo em 2019, quando a demanda automotiva foi prejudicada pela recessão econômica e pela queda do poder aquisitivo da população.

A vulnerabilidade a choques econômicos faz com que o setor seja extremamente volátil, exigindo uma abordagem de investimento focada no longo prazo.

2. Baixa distribuição de dividendos

Outra desvantagem do setor automobilístico, especialmente no Brasil, é a baixa distribuição de dividendos pelas empresas do setor.

Muitas dessas companhias enfrentam altos custos operacionais e margens de lucro apertadas, o que limita a capacidade de distribuir proventos consistentes aos seus acionistas.

Investidores que buscam renda passiva por meio de dividendos podem não encontrar no setor automotivo uma opção atrativa.

Isso é especialmente verdade em momentos de crise, quando a prioridade das empresas passa a ser a preservação de caixa e a reestruturação financeira, em vez de recompensar os acionistas.

No caso de empresas como a Plascar, a geração de lucro foi tão comprometida que os dividendos ficaram fora de questão.

3. Necessidade de adaptação tecnológica

A inovação tecnológica está transformando o setor automotivo de forma rápida e profunda.

A transição para veículos elétricos, autônomos e a crescente demanda por sustentabilidade estão colocando pressão sobre as empresas tradicionais para que se adaptem a essas novas realidades.

No entanto, essa transformação requer altos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e infraestrutura.

Empresas que não conseguirem acompanhar essa evolução correm o risco de ficar para trás, impactando suas margens de lucro e sua competitividade no mercado global.

Para investidores, esse cenário cria uma incerteza adicional, já que apostar em companhias que não investem o suficiente em inovação pode ser arriscado no longo prazo.

Será que o setor automobilístico é uma boa aposta?

Quando analisamos as empresas automotivas na B3, fica claro que investir nesse setor envolve uma boa dose de risco.

O segmento automotivo é muito suscetível a mudanças econômicas, com variações bruscas na demanda.

Para o investidor de longo prazo, que tem nervos de aço e está disposto a aguentar essas flutuações, pode haver oportunidades, principalmente em momentos de desconto dos múltiplos.

Alguns investidores apostam em uma recuperação pós-crise, mas é importante lembrar que o setor oferece riscos consideráveis e requer paciência.

Para aqueles que buscam dividendos ou maior previsibilidade de retorno, esse pode não ser o setor mais atraente.

Empresas como Plascar têm enfrentado prejuízos consecutivos, o que diminui a expectativa de distribuição de proventos.

Alternativas de investimento

Para quem acha o setor automobilístico arriscado ou não se sente confortável com as oscilações, o mercado de ações oferece diversas alternativas com maior previsibilidade e potencial de retorno.

Setores como energia elétrica, bancos e saneamento são conhecidos por suas margens de lucro estáveis e boa distribuição de dividendos.

Outra possibilidade é investir em fundos de ações ou ETFs (Exchange-Traded Funds), que permitem uma diversificação maior da carteira, reduzindo o impacto das oscilações de um setor específico.

Conclusão: O setor automobilístico e o Investidor10

Investir no setor automobilístico pode ser interessante para quem tem uma visão de longo prazo e está disposto a enfrentar a volatilidade natural do mercado.

No entanto, é importante avaliar os riscos e se preparar para momentos de desvalorização, comuns nesse segmento cíclico.

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