Se a Selic subir, a bolsa cairá ou será diferente em 2024?

Saiba como as ações brasileiras se comportam com a subida dos juros

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Publicado em 10/09/2024 às 15:27h - Atualizado 6 dias atrás Publicado em 10/09/2024 às 15:27h Atualizado 6 dias atrás por Lucas Simões
Um Banco Central confiável pode sustetar a subida das ações em 2024 (Imagem: Shutterstock)
Um Banco Central confiável pode sustetar a subida das ações em 2024 (Imagem: Shutterstock)

🗓️ Na próxima semana, entre os dias 17 e 18 de setembro, todas as atenções dos investidores estarão voltadas aos novos rumos da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Caso ela suba, como a maioria do mercado já precifica, as ações listadas na bolsa de valores deverão cair ou seria diferente em 2024?

Para responder essa pergunta, a Ativa Investimentos olhou tanto para o comportamento do Ibovespa nos últimos ciclos de subida da taxa Selic, quanto também considerou o que está em jogo no momento, que talvez possa surpreender positivamente o investidor em renda variável.

Conforme a corretora, de modo geral, a bolsa não se comportou de forma positiva na maioria das vezes, em um passado recente, em que o Banco Central iniciou um ciclo de alta.

No entanto, a dinâmica das ações brasileiras pode continuar positiva em 2024, mesmo caso haja subida de juros já a partir de setembro, reitera o analista Pedro Serra.

"Os argumentos que afirmam que tal movimento poderia ser positivo para a bolsa estão ligados ao comportamento dos juros longos que, diante de um Banco Central mais responsável e atuando de forma rápida, 'fechariam' impulsionando ativos de risco", destaca o especialista, em relatório.

Em outras palavras, a possível subida da Selic agora para um patamar de até 12% ao ano ajudaria, por outro lado, a derrubar os juros futuros de longo prazo, movimento que destrava valor no preço das ações brasileiras.

➡️ Leia mais: Mesmo com deflação, Copom pode elevar Selic na próxima reunião

Coincidência com o corte de juros nos Estados Unidos

A corretora reconhece que um Banco Central confiável não é suficiente apenas para manter o Ibovespa em busca de novos recordes nesse ano. Mas, uma coincidência nos Estados Unidos deve nos ajudar: o início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.

🤑 Em um primeiro momento, cortar juros nos EUA pode favorecer o apetite ao risco dos investidores globais, o que certamente destravaria a precificação das ações no Brasil.

Contudo, é preciso dizer que, pelo histórico dos últimos ciclos de alta da Selic, o mercado acaba por especular até onde a subida dos juros iria, podendo, facilmente, mudar o apetite ao risco por aqui, caso a Selic se eleve para além do esperado inicialmente.

Ibovespa continua em alta no curto prazo?

Na visão da Ativa Investimentos, o Ibovespa reúne as condições necessárias para continuar subindo pelo menos no curto prazo, justamente olhando para a guinada do Federal Reserve, em um cenário de pouso suave da economia norte-americana.

"Todavia, no médio prazo, passamos a ser mais cautelosos com o investimento em ações brasileiras devido às possíveis reações do mercado em relação às próximas decisões do Copom e às discussões em torno da condução adiante", conclui.

Como ficou a bolsa nos ciclos de alta da Selic?

  • Gestão Meirelles (setembro de 2004 a maio de 2005): Selic de 16,00% a.a. para 19,75% a.a. / Ibovespa +8,5%.
  • Gestão Meirelles (abril de 2010 a julho de 2010): Selic de 8,75% a.a. para 10,75% a.a. / Ibovespa −3,3%.
  • Gestão Meirelles (janeiro de 2011 a junho de 2011): Selic de 10,75% a.a. para 13,75% a.a. / Ibovespa −8,8%.
  • Gestão Tombini (abril de 2013 a abril de 2014): Selic de 8,75% a.a. para 11,00% a.a. / Ibovespa −3,3%.
  • Gestão Tombini (outubro de 2014 a julho de 2015): Selic de 11,00% a.a. para 14,25% a.a. / Ibovespa −4,7%.
  • Gestão Campos Neto (março de 2021 a agosto de 2022): Selic de 2,00% a.a. para 13,75% a.a. / Ibovespa −7,8%.