Por que tantas empresas estão abandonando a B3? Entenda o que está por trás dessa fuga
Entenda por que tantas empresas estão deixando a B3 e o que isso revela sobre o mercado de ações no Brasil.

Nos últimos anos, um fenômeno silencioso, mas significativo, vem ganhando força no mercado financeiro brasileiro: a saída de empresas da B3 (B3SA3), a bolsa de valores do Brasil.
Marcas como Carrefour Brasil (CAFR31) e JBS (JBSS3), conhecidas nacional e internacionalmente, optaram por fechar capital ou mudar sua listagem para o exterior. Mas afinal, o que está por trás dessa tendência?
Antes de entender os motivos, é importante saber o que significa sair da bolsa. Quando uma companhia fecha o capital, suas ações deixam de ser negociadas publicamente.
Isso geralmente acontece por meio de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), onde o controlador ou um grupo de investidores compra as ações em circulação, transformando a empresa em uma sociedade de capital fechado.
Custos altos e liberdade de gestão
Manter uma empresa listada não é barato. Exige gastos com auditorias, governança, divulgação de resultados e atendimento às regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Ao deixar a bolsa, as empresas reduzem esses custos e ganham agilidade para tomar decisões estratégicas de longo prazo, sem a pressão do mercado ou da divulgação trimestral de resultados.
Por exemplo, uma grande companhia de varejo de capital aberto pode gastar mais de R$ 20 milhões por ano apenas com auditoria externa e serviços de compliance, segundo estimativas de mercado.
Esses fatores, quando combinados, criam um cenário em que manter o capital aberto só é justificável se os benefícios — como acesso mais barato a capital, visibilidade de mercado e valorização das ações — compensarem os custos operacionais e regulatórios.
Quando isso não acontece, como temos visto em casos recentes, a tendência é a saída do mercado local em busca de alternativas mais eficientes.
Quando a ação vale menos do que deveria
Outro fator importante é a desvalorização das ações. Se o preço de mercado está muito abaixo do valor que os controladores consideram justo, pode fazer mais sentido recomprar as ações e fechar o capital.
Isso aconteceu com o Carrefour Brasil, que estreou na bolsa em 2017 e viu suas ações perderem 44% do valor até maio de 2025, quando encerrou sua trajetória na B3.
A decisão foi da matriz francesa, que já detinha 70% das ações e optou por comprar o restante, tornando o Carrefour Brasil uma subsidiária integral.
Agora, os investidores brasileiros só podem negociar BDRs da matriz listada em Paris.
O papel da internacionalização
Empresas com controladores estrangeiros, como é o caso do Carrefour, estão entre as principais candidatas à saída da bolsa brasileira.
A busca por simplificação operacional e maior presença em mercados internacionais leva essas companhias a optarem por se concentrar em bolsas do exterior, como a de Nova York ou Paris.
A JBS é outro exemplo relevante. A empresa migrou sua listagem para a NYSE (Bolsa de Nova York) e passou a negociar no Brasil apenas por meio de BDRs.
O objetivo foi claro: acessar um mercado mais robusto, com múltiplos de avaliação mais atrativos, além de buscar maior visibilidade internacional.
Reestruturações e fusões
Fusões, aquisições e reestruturações internas também estão por trás de muitos fechamentos de capital.
A Santos Brasil, por exemplo, recebeu uma proposta da francesa CMA CGM, que levou a uma OPA para comprar ações de acionistas minoritários. A Wilson Sons (PORT3) seguiu caminho semelhante após ser adquirida pela italiana MSC Mediterranean Shipping Company.
Segundo dados levantados pela Ágora, atualmente existem nove companhias listadas na B3 com controladores estrangeiros que têm potencial para seguir esse mesmo movimento, entre elas Ambev (ABEV3), Telefônica Brasil (VIVT3), TIM (TIMS3) e Neoenergia (NEOE3).
Ambiente macroeconômico pouco favorável
A conjuntura econômica brasileira também contribui para esse cenário. Juros elevados, baixo crescimento econômico e volatilidade do mercado tornam o ambiente menos atrativo tanto para a abertura de capital quanto para a permanência de empresas na bolsa. Isso também explica por que tantas empresas têm optado pela recompra de ações.
Recomprar ações é outra forma de mostrar ao mercado que a empresa acredita no seu valor. Em 2025, mais de 120 companhias listadas na B3 adotaram programas de recompra. Os motivos variam:
- Ações subvalorizadas: a recompra é uma forma de sinalizar confiança no futuro da empresa;
- Excesso de caixa: sem boas oportunidades de investimento, o dinheiro é usado para adquirir ações;
- Aumento do lucro por ação (LPA): ao reduzir o número de ações no mercado, o LPA cresce;
- Melhoria nos dividendos: menos ações, mais dividendos por papel;
- Estabilidade em tempos incertos: recompra ajuda a reduzir a volatilidade.
O que isso tudo significa para o investidor?
Para o investidor pessoa física, tanto o fechamento de capital quanto os programas de recompra trazem implicações importantes.
Por um lado, há a chance de vender as ações com um prêmio em relação ao preço de mercado. Por outro, existe o risco de perda de liquidez ou de não conseguir negociar as ações no momento desejado.
Além disso, esses movimentos revelam uma reavaliação do ambiente de negócios no Brasil.
O mercado pode estar subestimando o valor real de muitas empresas — e os controladores, atentos a isso, agem para preservar ou aumentar seu controle e valor.
Saída não significa fraqueza
Segundo dados da Ágora, o número de empresas listadas na B3 caiu 13% nas últimas duas décadas, mas esse movimento não é exclusivo do Brasil.
Tendência semelhante foi observada nos Estados Unidos e em outros mercados globais. Além disso, o Brasil viu 17 empresas abrirem capital nos EUA nos últimos anos.
Portanto, embora o número de companhias na bolsa brasileira esteja diminuindo, isso não deve ser interpretado como um sinal de fraqueza.
Ficar de olho nesses sinais pode ajudar a encontrar investimentos com grande potencial.
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