Em evento e ao lado de Galípolo, Luiza Trajano pede corte de juros

Alta da Selic impacta custo da dívida e diminui o consumo da população

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Publicado em 14/02/2025 às 10:59h - Atualizado 5 dias atrás Publicado em 14/02/2025 às 10:59h Atualizado 5 dias atrás por Wesley Santana
Luiza é presidente do conselho do Magalu (Imagem: Shutterstock)
Luiza é presidente do conselho do Magalu (Imagem: Shutterstock)

Durante um evento nesta sexta-feira (14), Luiza Trajano, do Magazine Luiza, pediu que o Banco Central pare de anunciar aumentos na taxa básica de juros. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, também participava do momento, enquanto a empresária discursava.

🗣️ "Quero falar em nome do setor varejista, porque o varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que demanda. A pequena e média empresa não aguenta mais sobreviver com isso, não tem condição. E é ela que gera emprego", iniciou. "[Quero] pedir para ele por favor não comunicar mais que vai ter aumento de juros, porque aí já atrapalha tudo desde o começo", completou a executiva.

Essa nao é a primeira vez que a presidente do conselho de administração do Magalu faz o apelo público. Desde quando o BC iniciou o ciclo de altas da Selic, ela e outros entes do varejo expressam preocupação sobre a performance de seus negócios em um ambiente de desaceleração da economia.

Galípolo, por sua vez, destacou que “entende claramente os mecanismos de transmissão da política monetária”, mas ponderou que o trabalho do BC é de ser o “zelador e guardião da moeda”, conforme destacou.

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O executivo recém-empossado também mostrou desconforto com a inflação fora da meta. Ele pontuou que o BC não vai poupar esforços para entregar a alta dos preços dentro do patamar proposto.

"Mas acho que outra pergunta seria: por que mesmo com juros relativamente altos a gente consegue observar uma economia que continua dinâmica? É um desafio geracional. Como a gente consegue normalizar os canais de transmissão da política monetária, de setores sociais que desenvolveram soluções econômicas que reduzem os canais de transmissão e demandam doses mais elevadas para que o remédio possa fazer efeito? Não tem bala de prata”, avaliou.

Selic e dívidas

📈 Atualmente, a taxa básica de juros do Brasil está em 13,5% ao ano, depois de sucessivas altas feitas pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Esse é considerado um remédio amargo para conter a inflação porque reflete sobretudo nas dívidas das empresas que estão atrelados ao índice.

Um levantamento feito pelo site InvestNews mostrou que 70% das debêntures emitidas pelas companhias estão atreladas ao CDI, que segue o mesmo desempenho da Selic. Desta forma, quanto mais alto está o índice, maior é o custo mensal para essas companhias.

Além disso, cada um ponto percentual adicionado na Selic representa um crescimento de 10% no custo das dívidas. A reportagem também destaca que 33 das 61 empresas que compõem o Ibovespa têm suas pendências complicadas com o atual cenário de juros.