Como a guerra comercial pode afetar as empresas brasileiras?
Analistas veem espaço para produtores de grãos e frigoríficos elevarem exportações.
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Uma guerra comercial deflagrada pelo aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos deve afetar a economia de todo o mundo. Contudo, no Brasil, a expectativa é de que alguns setores econômicos possam se beneficiar dessa nova configuração comercial.
💲 Assim como havia prometido Donald Trump na campanha eleitoral, os Estados Unidos anunciaram na última sexta-feira (4) tarifas de 25% sobre os produtos importados do Canadá e do México, além de tarifas de 10% para a China.
A taxação dos produtos canadenses e mexicanos entrará em vigor daqui a um mês, devido a negociações conduzidas por Trump com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e a presidente do México, Claudia Sheinbaum.
Já as tarifas contra a China entraram em vigor nesta terça-feira (4) e terão retaliação. Em resposta a Trump, a China impôs tarifas de até 15% sobre os produtos americanos e queixou-se da medida americana na OMC (Organização Mundial de Comércio).
Há uma expectativa de que Trump trate do assunto com o presidente chinês, Xi Jinping. Contudo, o presidente americano já disse que não está com pressa para fazer essa ligação. Por isso, analistas já calculam os impactos de uma possível guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Grãos
🌱 Segundo o BTG Pactual, o agronegócio brasileiro é um dos setores que pode sair ganhando com o tarifaço de Trump.
Em relatório, o banco lembrou que, quando os Estados Unidos taxaram os produtos chineses em 2018, a China elevou a tarifa de importação dos produtos agropecuários americanos, o que elevou a demanda chinesa pela soja brasileira.
"Os produtores brasileiros se beneficiaram significativamente da mudança nos fluxos comerciais. Se um cenário semelhante se desenrolar, o resultado provavelmente espelhará o de 2018, mais uma vez favorecendo os players brasileiros no setor", avaliou o BTG.
Em relatório publicado nas vésperas eleições americanas, de 2024, a XP já havia apontado uma maior demanda chinesa por grãos brasileiros como uma das possíveis consequências da vitória de Trump. A casa ainda apontou três empresas listadas na B3 que poderiam se beneficiar desse cenário: SLC Agrícola (SLCE3), BrasilAgro (AGRO3) e Rumo (RAIL3).
O Itaú BBA, por sua vez, avalia que o espaço para ganhos está mais limitado do que no primeiro mandato de Donald Trump. Segundo o banco, cerca de 70% das importações chinesas de soja já têm origem brasileira. Além disso, uma produção forte e estoques internos elevados podem levar a China a reduzir as importações de milho neste ano.
Os analistas do Itaú BBA ainda observaram que, em uma eventual negociação com os Estados Unidos, a China poderia comprar mais produtos do agronegócio americano para conter a escalada das tarifas, o que reduziria o potencial de ganhos dos produtores brasileiros.
Frigoríficos
🐔 Já as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos mexicanos podem criar oportunidades para os frigoríficos brasileiros, segundo o BTG Pactual.
Analistas do banco explicaram que os Estados Unidos são os maiores fornecedores de frango do México, mas as exportações brasileiras para o México vêm ganhando espaço.
"Se o México transferir mais de suas importações para o Brasil quando as aves dos estados Unidos se tornarem menos competitivas, a JBS (JBSS3) e, em uma extensão ainda maior, a BRF (BRFS3) podem estar entre os maiores beneficiários", avaliou o BTG, dizendo que essa mudança também pode se aplicar a outras proteínas, como as carnes bovina e suína.
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Weg
🏭 Já a Weg (WEGE3) poderia mitigar os efeitos das tarifas americanas, remanejando a produção entre os seus diferentes centros produtivos, na avaliação do BTG.
Para os analistas do banco, a empresa deve aumentar a produção nos Estados Unidos para suprir a demanda local sem passar pelas tarifas e ainda pode trabalhar com preços maiores no mercado americano.
Além disso, a Weg poderia deslocar parte da produção mexicana para o Brasil, que ainda não está na mira das tarifas de Trump.
Ambev
O aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e Canadá, por outro lado, pode gerar impactos negativos para a Ambev (ABEV3), segundo o BTG Pactual.
Em relatório, o banco explicou que, como o Canadá responde por 10% do Ebitda consolidado da Ambev, uma desvalorização do dólar canadense poderia se traduzir em lucros menores para a empresa.
Brasil
⚠️ O Itaú BBA é mais cauteloso. Em relatório, o banco lembrou que Donald Trump também já ameaçou elevar a taxação dos produtos brasileiros e disse que o eventual aumento das tarifas poderia atingir sobretudo os setores de siderurgia, combustíveis e aviação.
"Outros itens, como alimentos (carnes, café, etc), também poderiam ser impactados, mas provavelmente em um segundo momento, dado o potencial impacto na inflação ao consumidor americano e menos alternativas para a substituição", acrescentou.
O Itaú avalia, então, que "o atual contexto sugere um balanço de riscos assimétrico para o lado negativo para o Brasil, uma vez que os riscos positivos parecem mais limitados do que em 2018, e o risco de novas tarifas sobre as exportações brasileiras vem crescendo".
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