Azul (AZUL4) pede recuperação judicial nos Estados Unidos

Companhia pretende eliminar mais de US$ 2 bilhões em dívidas financeiras com o processo.

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Publicado em 28/05/2025 às 08:06h - Atualizado 17 horas atrás Publicado em 28/05/2025 às 08:06h Atualizado 17 horas atrás por Marina Barbosa
Azul conta com apoio de credores no processo (Imagem: Shutterstock)
Azul conta com apoio de credores no processo (Imagem: Shutterstock)

A Azul (AZUL4) entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do Chapter 11 da Lei de Falências norte-americana.

O movimento já vinha sendo especulado pelo mercado, devido às dificuldades financeiras da companhia, e foi confirmado nesta quarta-feira (28).

💰 Com isso, a Azul busca eliminar mais de US$ 2,0 bilhões em dívidas financeiras. Isto é, cerca de R$ 11,2 bilhões na cotação atual.

A companhia aérea ainda pretende readequar contratos de leasing e otimizar sua frota, para sair desse processo com "com maior flexibilidade e sustentabilidade operacional e financeira".

Além disso, espera levantar até US$ 950 milhões em novos aportes de capital na saída da recuperação judicial.

"Com uma abordagem colaborativa e o apoio dos nossos parceiros, tomamos a decisão estratégica de iniciar uma reestruturação financeira voluntária com um movimento proativo para otimizar a nossa estrutura de capital", afirmou o CEO da Azul, John Rodgerson.

Parceiros garantem financiamento

A Azul ressaltou que o processo de reestruturação conta com o apoio dos seus principais credores, incluindo os detentores de títulos da companhia e a arrendadora de aeronaves AerCap, além dos parceiros estratégicos United Airlines (U111AL34) e American Airlines (AALL34).

🤝 Por isso, a companhia já prevê um financiamento de aproximadamente US$ 1,6 bilhão de parceiros financeiros, do tipo DIP (debtor-in-possession).

Esse financiamento corresponde a cerca de R$ 9 bilhões no câmbio atual e será usado para refinanciar dívidas e prover cerca de US$ 670 milhões em nova liquidez durante a reestruturação.

A companhia pretende amortizar esse financiamento por meio de uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões e diz que essa operação terá "garantia firme dos referidos investidores".

Também há a possibilidade de um investimento adicional de até US$ 300 milhões por parte da United Airlines e American Airlines, sujeito a determinadas condições.

"Esse pacote completo de financiamento viabiliza uma saída estruturada e acelerada do processo", observou.

Em comunicado, a companhia disse ainda que os "Acordos de Apoio à Reestruturação" firmados com seus stakeholders têm o objetivo "implementar um processo de reorganização financeira de forma proativa".

Assim, "visam transformar a estrutura de capital da Azul, por meio de redução significativa do endividamento e geração positiva de caixa".

"Azul continua a voar"

A Azul destacou ainda que o Chapter 11 "permite a reestruturação do passivo mantendo a operação em curso".

✈️ Por isso, garantiu que continuará voando e operando normalmente durante a recuperação judicial.

"Durante todo o processo de reestruturação, clientes, tripulantes e parceiros permanecem como prioridade da Azul", declarou.

Em nota, o CEO John Rodgerson disse ainda que a reestruturação visa não apenas reorganizar as contas da Azul, como também criar uma "companhia aérea robusta, resiliente e líder".

"A Azul continua a voar – hoje, amanhã e no futuro. Esses Acordos marcam um passo significativo na transformação do nosso negócio, pois nos permitirá emergir como líderes do setor nos principais aspectos da nossa atividade", afirmou.

Com a recuperação judicial, no entanto, a Azul prevê uma redução da sua frota de aeronaves. Por isso, o ritmo de crescimento da sua capacidade de voos e receita deve diminuir. A companhia diz, por sua vez, que isso contribuirá com a redução dos custos e da alavancagem.

Veja aqui as novas projeções da Azul

O que levou a Azul a pedir recuperação judicial?

Em comunicado, o CEO da Azul lembrou ainda que a estrutura de capital da companhia "foi sobrecarregada pela pandemia da COVID-19, turbulências macroeconômicas e problemas na cadeia de suprimentos da Aviação".

Esse cenário já levou outras companhias aéreas a pedir recuperação judicial. A Gol (GOLL4), por exemplo, deu entrada no Chapter 11 em janeiro de 2024 e pretende encerrar o processo em junho deste ano.

Já a Latam entrou em recuperação judicial em maio de 2020 e deixou o processo em novembro de 2022.

A Azul, por sua vez vinha tentando evitar a recuperação judicial. Por isso, vinha travando negociações com seus principais credores há meses.

💲 No primeiro trimestre deste ano, no entanto, a dívida líquida da companhia já somava R$ 31,35 bilhões, um valor 50,3% maior que do mesmo período de 2024.

Por isso, a empresa vinha queimando caixa e enfrentando dificuldades para levantar recursos no mercado de capitais.

Há uma semana, a agência de classificação de risco S&P cortou a nota de crédito da Azul citando o aumento do risco de inadimplência.

"O rebaixamento reflete nossa avaliação de que a liquidez muito apertada da Azul aumenta o risco de inadimplência nos próximos meses", disse a S&P.

Além disso, Ágora e Bradesco BBI cortaram a recomendação para as ações da companhia, de compra para neutra, nesta semana.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", o CEO da Azul disse que a restruturação deve permitir cortar a dívida da empresa pela metade, reduzindo a alavancagem para cerca de 2x a 2,5x.

Ele ainda mostrou confiança em concluir a reestruturação de forma mais célere que as outras companhias aéreas, dentro de seis meses a, no máximo, um ano. "Nós já estamos entrando com uma saída em mente", explicou, citando os acordos com os credores.

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