Beto Sicupira: da pesca submarina ao topo do setor de investimentos

O empresário conhecido como Beto Sicupira é uma figura que sempre agitou o mercado financeiro no Brasil.
Com um jeito mais discreto do que outros magnatas, se destacou graças a uma série de investimentos que chamaram a atenção tanto de investidores pessoa física quanto de tubarões do private equity.
Apesar das discussões recentes sobre a Americanas (AMER3), é inegável que o histórico de aquisições, fusões e parcerias internacionais elevou seu nome a um patamar relevante dentro do setor de negócios.
A seguir, há uma visão geral de como esse carioca, nascido em 1948, foi de vendedor de carros usados a dono de participações em marcas como AB InBev (ABEV3), Burger King e outras redes de alimentação.
Ao longo do texto, vão aparecer nomes como Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, companheiros de empreitadas que, junto com Beto, formaram uma união de longa data.
Esse panorama, em estilo de bate-papo, busca dar o contexto do que rolou e o que ainda pode pintar no radar. Vamos conferir?
Quem é Beto Sicupira

A origem e a pegada empreendedora
A cidade do Rio de Janeiro foi o ponto de partida desse empresário que, em meados dos anos 1960, já tocava pequenos rolos de compra e venda de carros.
Naquela fase, o jovem Beto Sicupira nem imaginava o tamanho das oportunidades que iria encontrar. Ele chegou a atuar no funcionalismo público, mas logo descobriu que gostava mais do esquema de engatar novos negócios e fechar deals para crescer no mercado.
- Início em carros usados: a correria de negociar automóveis deu experiência de olho no dinheiro rápido.
- Venda de calças jeans: arriscou outro nicho, trazendo itens dos Estados Unidos e revendendo no Brasil.
- Distribuidora de valores: antes mesmo de chegar na faculdade, comprou uma carta-patente para operar no mercado financeiro.
Esses primeiros anos deram base para que Beto moldasse sua capacidade de ser rápido nas escolhas. Quando ingressou na UFRJ para estudar administração, ele já carregava essa vivência de rua.
Ligação com Lemann e Telles
O empurrão para mudar de patamar veio graças à pesca submarina, curiosamente. Pois, foi pescando que Beto Sicupira conheceu Jorge Paulo Lemann, que já estava envolvido em atividades do Garantia, uma corretora que viraria banco de investimentos.
Mesmo recebendo várias propostas para trabalhar no Garantia, Beto só topou alguns anos depois, em 1973. Marcel Telles também apareceu na jogada pouco depois.
A turma criou uma sintonia de valores, com um estilo de trabalho que buscava priorizar a simplicidade, austeridade e foco total em resultados.
Os três passaram a buscar companhias para investir e reestruturar, sempre com a faca na caveira para melhorar margens e potencializar a rentabilidade.
A fase no Banco Garantia
O ambiente sem paredes e a cultura do resultado
O Garantia se diferenciava de outras instituições financeiras do período. Os sócios adotavam um estilo sem salas individuais, trotes aconteciam com frequência e a galera do front office costumava se tratar sem muita formalidade.
Nesse contexto, Beto Sicupira era mais reservado nas brincadeiras, mas era temido por sua firmeza em cortar custos e fazer o negócio andar na marra.
- Ausência de divisórias: transparência total e visão coletiva das negociações.
- Técnicas de gestão agressivas: metas audaciosas e olho permanente na conta.
Parceria que durou décadas
Nos anos 1980, a sociedade entre Beto, Lemann e Telles foi crescendo dentro do Garantia. A saída de outros sócios abriu espaço para que o trio se tornasse o maior pilar do banco.
Cada um tinha seu papel, mas todos partilhavam a gana de escalar operações.
- Beto Sicupira: conhecido como o “trator” da turma, encarregado de colocar tudo em ordem.
- Jorge Paulo Lemann: focado em oportunidades, tinha veia mais visionária.
- Marcel Telles: especialista em cuidar de pessoas e operações.
Investindo na varejista: lojas Americanas

Aquisição nos anos 1980
No início dos anos 1980, o Garantia estava capitalizado e buscava um alvo para botar grana.
Eles pescaram a Americanas, que estava meio de lado e com valor de mercado abaixo do potencial. A leitura de Beto foi clara: a empresa valia muito mais só nos imóveis do que a cotação indicava.
Ele assumiu a empreitada de revitalizar o varejo, recebendo uma parcela bem menor do que no banco, mas com a missão de dar a volta por cima na rede de lojas.
Foi aí que seu instinto de enxugar despesas e demitir equipes pouco eficientes ganhou fama.
- Cortes agressivos: de cara, saíram 6.500 pessoas, o que é uma paulada.
- Nova política de metas: acabou a moleza de atingir bônus sem performance real.
Contato com Sam Walton, fundador do Walmart
Em 1982, Beto e Lemann tiveram a chance de trocar de ideia com Sam Walton, dono do Walmart.
Foram até Arkansas, nos Estados Unidos, e aprenderam técnicas de gestão de varejo direto na fonte, incluindo visitar lojas da concorrência para entender a dinâmica.
A sintonia foi tanta que acabou rolando uma parceria para trazer o Walmart ao Brasil na década seguinte.
No entanto, como sócios minoritários, os brasileiros acabaram não controlando as operações, e o Walmart penou para engrenar por aqui. Então, eles saíram do negócio uns três anos depois.
Novos horizontes: criação de outras frentes
São Carlos Empreendimentos Imobiliários
Em 1989, Beto Sicupira se ligou que as lojas Americanas tinham muitos pontos próprios que não agregavam valor na contabilidade da varejista.
Por isso, resolveu criar a São Carlos Empreendimentos Imobiliários para gerir esses imóveis de modo independente e rentabilizá-los. Esse case virou um modelo que mais tarde seria replicado em várias estratégias de real estate.
- Portfólio da São Carlos: passou a ter patrimônio bilionário, embora a fatia de lojas Americanas hoje seja uma parte pequena.
- Receita extra para os sócios: diminuiu custos e gerou novas frentes de lucro.
Compra da Brahma e o embrião da Ambev
O mesmo time do Garantia adquiriu a Brahma em 1989 e o Marcel Telles foi o encarregado de ir pra dentro da cervejaria. A ideia era repetir a fórmula de gestão enxuta, cortar desperdícios e buscar expansão.
Esse movimento pavimentou o terreno para criação da Ambev, que surgiria em 1999 com a união entre Brahma e Antarctica.
- Impacto no setor de cerveja: consolidação do mercado interno e começo da escalada internacional.
- Modelo de administração: metas, meritocracia e bônus mais parrudos para quem entregasse resultado de verdade.
GP Investimentos e o foco em private equity
Em 1993, Beto saiu do dia a dia das lojas Americanas para abrir a GP Investimentos, com a proposta de aplicar grana em companhias que pudessem receber um choque de gestão.
O fundo captou US$ 400 milhões no início e foi escalando a ponto de passar de US$ 5 bilhões investidos em diversos setores.
- Case de sucesso na ALL (América Latina Logística): multiplicou o caixa e trouxe lucro num prazo relativamente curto.
- Problemas de expansão: a GP começou a se espalhar demais, sem ter gente suficiente para dar conta de tantas empresas. Em 2003, Beto e seus parceiros preferiram sair da GP.
A virada global: 3G Capital

Aventura no exterior
Em 2004, o trio decidiu focar em oportunidades fora do Brasil e fundou a 3G Capital. Enquanto a Ambev já estava formada, eles botaram energia em compras internacionais.
- AB InBev: a Ambev se fundiu com a Interbrew, depois incorporou a Anheuser-Busch, e virou a maior cervejaria do planeta.
- Burger King: em 2010, compraram a rede de fast-food por US$ 4 bilhões.
Expansão em redes de alimentação
A 3G Capital não ficou só no Burger King. Rolou aquisição do Tim Hortons e do Popeyes, formando a Restaurant Brands International.
A cereja do bolo surgiu em 2013, com a compra da Heinz junto do Warren Buffett, seguida da fusão com a Kraft, criando a Kraft Heinz (KHC).
Contudo, houve dificuldades em manter a mesma pegada de cortar custos sem perder o ritmo de inovação. Com isso, a Kraft Heinz amargou queda de vendas, e o 3G Capital chegou a vender mais de 25 milhões de ações, reduzindo a posição.
Interesses além do varejo e cerveja
Investidas em startups
Beto Sicupira não se restringiu às gigantes. Ele colocou capital em empresas como a Dr. Consulta, voltada a serviços médicos para quem não tem plano caro, e na Hypercubes, especializada em nanossatélites.
Essa fome de olhar novos segmentos mostra que ele gostava de oportunidades que pudessem ter retorno rápido, mas com potencial de escalar de verdade.
Relação com a Americanas em tempos recentes
Apesar de ter construído uma história forte nas lojas Americanas, a empresa passou por uma crise sem tamanho por conta de rombos bilionários que estouraram no balanço.
Isso fez as ações afundarem e a varejista entrou em recuperação judicial com dívidas enormes. Muita gente se perguntou se Beto e os outros sócios do bloco de controle continuariam injetando recursos.
Segundo notícias de 2024, a Americanas tenta atravessar a situação com um plano de recuperação, que prevê entrada adicional de dinheiro pelos acionistas relevantes, além da venda de ativos pra tapar buracos no caixa.
Mesmo com esse caldeirão todo, Beto ainda aparece com patrimônio crescente em algumas estimativas, o que gera muita especulação no mercado.
Relação com a Light e outras frentes

Aposta no setor elétrico
De fato, um ponto que acabou chamando atenção foi a presença de Beto Sicupira na Light (LIGT3), empresa de energia do Rio de Janeiro.
O investidor viu potencial de valorização, mas as ações despencaram e, segundo análises, houve perda pesada de valor de mercado.
Esse revés mexeu com a imagem de Beto como gestor de sucesso, mas faz parte do jogo de risco, afinal o mercado de energia no Brasil sofre bastante intervenção e oscila de forma intensa.
Helicóptero ACH160 e estilo de vida
O empresário também é entusiasta de experiências premium, como o helicóptero ACH160, avaliado em torno de US$ 19,5 milhões.
Isso mostra que, apesar de todo o cuidado para não ficar no foco da mídia, Beto não deixa de aproveitar o que o dinheiro pode bancar.
Estrutura familiar e jeito reservado
Vida pessoal e valores
Enquanto seus colegas de negócios se casaram mais vezes, Beto é casado apenas uma vez, desde 1979, com Cecília de Paula Machado. Eles têm três filhas: Cecília, Helena e Heloísa.
Seguindo uma regra interna, os herdeiros do trio não podem trabalhar nas companhias que o trio controla, salvo em programas de trainee sem necessidade de passar pelo processo seletivo padrão.
Participação dos familiares nos conselhos
Mesmo com a regra de não trabalhar nas operações, algumas filhas ocupam cadeiras em conselhos de administração de certos negócios.
Cecília chegou a substituir Beto no conselho da InBev, enquanto Heloísa se juntou ao conselho da São Carlos após ser trainee na Ambev.
Filantropia e apoio a empreendedores
Endeavor no Brasil
A organização Endeavor é uma ONG de apoio a empreendedores de alto potencial em mercados emergentes.
Beto teve papel decisivo na vinda dessa instituição pro Brasil, reforçando seu interesse em fomentar novos talentos e empresas.
Fundação Brava
Em 2000, ele fundou a Fundação Brava, com foco em melhorias de gestão no setor público. A ideia era transferir a cultura de eficiência e meritocracia para órgãos governamentais, na busca de modernizar processos.
Fundação Estudar
Outra iniciativa foi a Fundação Estudar, criada por Beto, Lemann e Telles.
Oferecem bolsas de estudo em grandes universidades, ajudando a formar quadros que podem virar novos líderes no mercado. Muita gente que passou por lá se tornou referência em tech, gestão e outras áreas.
Fortuna e panorama atual
Avaliação do patrimônio
Dependendo da fonte, Beto Sicupira é colocado entre os maiores bilionários do Brasil, com cifras que ultrapassam os R$ 40 bilhões em certos momentos.
Houve oscilações, principalmente depois do imbróglio nas lojas Americanas e as oscilações da Kraft Heinz, mas ele segue firme na lista de quem tem muita bala na agulha.
- Patrimônio listado por revistas especializadas: costuma variar conforme a cotação das ações e participações em grandes empresas.
- Mantém estilo de vida low profile: não é chegado em muitas aparições na mídia, mas ainda marca presença em eventos pontuais.
Questões recentes no mercado em 2025
Conforme a economia muda, há questionamentos se a estratégia de cortar custos ao extremo ainda é eficiente, já que os consumidores estão mais exigentes e cobram inovações constantes.
A Kraft Heinz foi exemplo de como esse approach pode ter limitações.
Ainda assim, a mentalidade de Beto e seus sócios segue influenciando outros empreendedores, que adotam práticas de eficiência e metas agressivas nas suas companhias.
Lições de gestão ao estilo Beto Sicupira

Cortar custo sempre e investir na meritocracia
A célebre frase do empresário diz que “custo é como unha, tem que cortar sempre”.
Ou seja, ninguém deve ficar acomodado, pois as despesas costumam crescer se o gestor não tiver o olho treinado para eliminar o que é supérfluo.
Outra característica marcante é premiar quem entrega.
Ele costuma dar bônus rechonchudos a quem atinge metas ousadas, pois entende que esse é o gatilho que motiva o time a buscar resultados mais agressivos.
Cultivo de parcerias duradouras
A sociedade de décadas com Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles reflete a importância de confiança e objetivos alinhados.
Eles até redigiram um acordo em 2000 para facilitar a sucessão, envolvendo 11 herdeiros do trio. Essa união firme é um exemplo de como jogar em grupo sem ficar discutindo cada centavo.
Conclusão: o caminho para investidores que buscam clareza
Sem dúvidas, o histórico de Beto Sicupira traz ensinamentos sobre agilidade, coragem para enxugar estruturas e foco em resultados.
Pois, o jeito firme de conduzir negócios motivou muita gente a seguir uma cartilha de corte de custos, meritocracia e alvos audaciosos.
Claro que nem tudo são flores, pois a Americanas viveu uma tempestade braba, e a Kraft Heinz também teve tropeços. Mas a experiência acumulada por esse carioca faz dele um ícone no meio empresarial.
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Afinal, a ideia é maximizar retornos e mitigar riscos, algo que Beto Sicupira sempre buscou em suas empreitadas.
Além disso, essas dicas se encaixam para qualquer nível de investidor, seja iniciante ou veterano procurando mais detalhes na hora de montar o portfólio.
Esse exemplo de Beto Sicupira prova que garra, disciplina e olho vivo nas operações são ingredientes que atravessam gerações.
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