1ª Turma do STF condena Bolsonaro por golpe de Estado e mais 4 crimes

Dos 5 cinco ministros que compõem o colegiado, apenas Luiz Fux voto pela absolvição dos réus.

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Publicado em 11/09/2025 às 16:20h - Atualizado 9 horas atrás Publicado em 11/09/2025 às 16:20h Atualizado 9 horas atrás por Marina Barbosa
Pena de Bolsonaro deve ser definida na sexta-feira (Imagem: Shutterstock)
Pena de Bolsonaro deve ser definida na sexta-feira (Imagem: Shutterstock)

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados por tentativa de golpe de Estado.

⚖️ A decisão, inédita na história brasileira, se deu nesta quinta-feira (11), após seis dias de longas de sessões de julgamento. 

Dos cinco ministros que compõem o colegiado, quatro votaram para condenar os réus: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

A exceção foi Luiz Fux, que acolheu os argumentos da defesa e votou pela absolvição de Bolsonaro.

Por que Bolsonaro foi condenado?

Com o placar de 4 a 1, a Primeira Turma do STF acolheu o entendimento da PGR (Procuradoria-Geral da República) de que Bolsonaro liderou uma "organização criminosa" para impedir o cumprimento do resultado eleitoral de 2022 e manter-se no poder.

Segundo a PGR, o plano de golpe teria começado em 2021, com ataques ao sistema eleitoral brasileiro, e culminado nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Para a acusação, Bolsonaro também teria conhecimento do plano Punhal Verde e Amarelo, que planejou o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Diante disso, a PGR pede a condenação de Bolsonaro por cinco crimes, cujas penas podem somar de 12 a 43 anos de prisão:

  • organização criminosa armada;
  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • golpe de Estado;
  • dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
  • deterioração de patrimônio tombado.

Quem mais foi condenado?

Além de Bolsonaro, foram condenados sete de seus aliados:

  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Os crimes são os mesmos, com exceção de Alexandre de Ramagem, que só foi condenado pelos três primeiros crimes. Neste caso, a ação pelos crimes de dano ao patrimônio foi suspensa até o fim do mandato parlamentar.

O que acontece agora?

A Primeira Turma do STF segue com o julgamento, para definir a pena que será aplicada a cada réu.

Na conta, pesam fatores como a posição de liderança, o uso de violência, a motivação dos crimes e a reincidência dos réus.

A discussão já começou nesta quinta-feira (11), mas a expectativa é de que a sentença só seja definida na sexta-feira (12).

A defesa de Bolsonaro, contudo, deve recorrer da decisão, amparada nas divergências abertas pelo ministro Luiz Fux.

Dessa forma, a sentença só será cumprida depois do julgamento de todos os recursos. 

Leia também: Veja como os ministros do STF votaram no julgamento de Bolsonaro

Os votos dos ministros

Relator do caso, Alexandre de Moraes foi o primeiro a votar, na terça-feira (9). Ele votou pela condenação dos réus, depois de alegar que houve uma "sequência de atos executórios" que teriam praticados pelos réus entre 2021 e 2023 com o intuito de dar um golpe de estado.
Ao todo, 13 fatos foram citados pelo ministro. Entre eles, o uso de instituições públicas e a disseminação de notícias falsas para questionar o sistema eleitoral brasileiro e, assim, colocar em dúvida o resultado das eleições de 2022 e buscar a "perpetuação no poder".
No mesmo dia, o ministro Flávio Dino seguiu o entendimento do relator e votou pela condenação dos réus. Para ele, não houve apenas "atos preparatórios", mas o início da execução dos crimes, o que justifica a condenação.

Já o ministro Luiz Fux descartou os crimes imputados a Bolsonaro e ainda questionou a competência do STF para julgar o caso, em um voto que durou mais de 13 horas na quarta-feira (10).

Fux defendeu a anulação do processo contra Bolsonaro e votou para condenar apenas Mauro Cid e Walter Braga Netto pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito.

Nesta quinta-feira (11), o julgamento foi retomado com o voto de Cármen Lúcia, que defendeu a condenação de todos os réus. Com isso, a Primeira Turma do STF formou maioria pela condenação.

A ministra disse que há "prova cabal" de que Bolsonaro e os outros sete réus planejaram um ataque ao Estado Democrático de Direito, para garantir a permanência ou tomada do poder. Além disso, "foi comprovado que Jair Messias Bolsonaro praticou os crimes imputados a ele na condição de líder da organização criminosa".

Presidente da 1ª Turma, o ministro Cristiano Zanin foi o último a votar. Ele acompanhou a maioria dos colegas da Suprema Corte, deixando o placar do julgamento em 4x1 pela condenação.

Para Zanin, a acusação da PGR descreveu “satisfatoriamente” a existência de uma organização criminosa armada, com estrutura hierárquica e divisão de tarefas.