Resultados do 3T25 podem frustrar e não devem salvar a Bolsa, alerta Santander

A projeção do Santander Research para o 3T25 é de crescimento modesto, com destaque para a queda expressiva no lucro líquido.

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Publicado em 29/10/2025 às 16:03h - Atualizado 11 horas atrás Publicado em 29/10/2025 às 16:03h Atualizado 11 horas atrás por Matheus Silva
Apesar da pressão sobre os lucros, o impacto na Bolsa deve ser limitado, segundo o banco (Imagem: Shutterstock)
Apesar da pressão sobre os lucros, o impacto na Bolsa deve ser limitado, segundo o banco (Imagem: Shutterstock)
🚨 A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2025 começa a ganhar tração nesta quarta-feira (29), com os números de gigantes como Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4). A expectativa, no entanto, não é das mais otimistas.
Segundo Ricardo Peretti, estrategista do Santander, os balanços devem refletir o peso do atual patamar da Selic, hoje em 15% ao ano — o maior nível em duas décadas. Isso significa maior custo de capital e impacto direto nas margens das empresas.
A Selic está 4,5 pontos percentuais acima do patamar de um ano atrás, pressionando despesas financeiras. “Já vimos essa desaceleração no segundo trimestre, e o 3T25 deve confirmar essa tendência”, afirma o especialista.

Crescimento moderado, lucro em queda

A projeção do Santander Research para o 3T25 é de crescimento modesto, com destaque para a queda expressiva no lucro líquido:
  • Receita: alta de 7% na comparação anual
  • Ebitda: avanço de 3%
  • Lucro líquido: queda de 16%
Quando se excluem empresas do setor de commodities — cujos resultados tendem a ser mais voláteis — os números melhoram:
  • Receita: +10%
  • Ebitda: +9%
  • Lucro líquido: -8%
Segundo o banco, o PIB brasileiro deve ter crescido apenas 0,2% no terceiro trimestre, abaixo dos 0,4% do segundo, o que reforça o cenário de atividade mais lenta.

Temporada "coadjuvante", fluxo manda

Apesar da pressão sobre os lucros, o impacto na Bolsa deve ser limitado, segundo Peretti. O Ibovespa sobe 22,98% no ano, renovando máximas históricas, mas esse desempenho é atribuído majoritariamente ao fluxo estrangeiro e fatores macroeconômicos — não aos resultados corporativos.
“Hoje, o que move o mercado é Fed, China e Copom. A temporada de balanços pode trazer movimentos pontuais, mas não deve mudar a direção do índice”, resume.
Para a estrategista Alice Correa, mesmo nos casos de ações que disparam após os resultados, o gatilho geralmente vem de mudanças no guidance ou no discurso das empresas. “Termos como margem, demanda e guidance aparecem com mais frequência nas calls de quem sobe 10%, 20%”, explica.

Ganham destaque positivo

Pontos de atenção

  • Celulose: empresas do setor podem sofrer com queda de preços e câmbio desfavorável.
  • Varejo alimentar: Assaí (ASAI3) e Grupo Mateus (GMAT3) devem mostrar desaceleração nas vendas.
  • Ambev (ABEV3): aparece como possível destaque negativo do setor de consumo.