Renda fixa isenta: Petroleira pagando IPCA+ 8,41% ao ano até 2033, vale o risco?

BTG Pactual analisa se é bom negócio emprestar dinheiro às debêntures incentivadas da Brava Energia.

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Publicado em 10/09/2025 às 15:09h - Atualizado 1 minuto atrás Publicado em 10/09/2025 às 15:09h Atualizado 1 minuto atrás por Lucas Simões
Renda fixa da Brava Energia não é Triple A, mas paga juro real elevado (Imagem: Divulgação)
Renda fixa da Brava Energia não é Triple A, mas paga juro real elevado (Imagem: Divulgação)

Se tem algo que caiu no gosto dos investidores é a possibilidade de aplicar na renda fixa sem ter de pagar imposto de renda, tudo isso através das debêntures incentivadas. Prova disso, é que emprestar dinheiro diretamente às empresas que possuem projetos de infraestrutura estratégicos ao Brasil movimentou R$ 88,8 bilhões nos primeiros sete meses de 2025, aumento de 6,2% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Ainda que os dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) revelem que os investidores de renda fixa têm de fato buscado alternativas ainda mais rentáveis que os juros compostos de 15% ao ano oferecidos pelo Tesouro Direto, vale dizer que não são todas as debêntures incentivadas que valem a pena.

Por isso, é sempre bom levar em conta o que os analistas de grandes bancos estão mirando em termos de crédito privado. Nesse aspecto, as debêntures incentivadas emitidas pela Brava Energia (BRAV3) entraram em setembro no radar do BTG Pactual.

Sob o código de negociação (RRRP13), as debêntures da petroleira oferecem uma remuneração de IPCA+ 8,41% ao ano, com vencimento somente em 15 de outubro de 2033. Apesar de não ter a maior nota de crédito Triple A, sendo, na verdade, um rating AA−, dado pela agência de classificação de risco S&P, os títulos isentos da Brava Energia são competitivos ao investidor.

"O prêmio de crédito pago pela Brava Energia é atrativo considerando a maior diversificação do portfólio e potenciais sinergias advindas da fusão da 3R Petroleum e Enauta, além do aumento significativo da produção de petróleo com novo sistema produtivo em Atlanta e melhora da eficiência em Papa-Terra e Parque das Conchas", afirmam os analistas Frederico Khouri e Luís Gonçalves, em relatório.

Leia mais: Renda fixa: Debêntures incentivadas devem se livrar de taxação proposta pelo governo

Debêntures X Tesouro Direto

No caso, o título público referencial para as debêntures da Brava Energia acaba sendo o Tesouro IPCA+ 2030, cuja taxa indicativa era de IPCA+ 7,83% ao ano, conforme consulta feita na Anbima nesta quarta-feira (10).

Ou seja, enquanto emprestar dinheiro ao governo renderia IPCA+ 7,83% ao ano, descontando depois a cobrança de imposto de renda, as debêntures incentivadas da petroleira têm um spread (diferencial de juros) relevante, dada a remuneração isenta de IPCA+ 8,41% ao ano.

Todavia, o BTG Pactual relembra que o dinheiro aplicado em debêntures não tem proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), o que acaba expondo o investidor que empresta recursos diretamente às empresas a maiores riscos de calote.

Outros pontos de atenção em relação à Brava Energia é que os seus negócios estão sujeitos à volatilidade dos preços de petróleo e ao risco de execução inerente ao aumento de produção.

"O breakeven de caixa em ciclo completo da BRAV3 permanece competitivo em comparação com a maioria das petroleiras júniores, em torno de US$ 50 a US$ 55 por barril de petróleo. Atualmente, a cotação do petróleo tipo Brent está bem acima, ao redor de US$ 67 por barril", conclui a dupla de especialistas.

BRAV3

BRAVA
Cotação

R$ 18,52

Variação (12M)

-15,63 % Logo BRAVA

Margem Líquida

15,44 %

DY

0%

P/L

5,48

P/VP

0.7